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Exportação de ouro no Pará cresce quase 2.000% em 2025 e atinge US$ 204 milhões até maio

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O estado do Pará registrou um salto de 1.963,4% nas exportações de ouro não monetário entre janeiro e maio de 2025, alcançando US$ 204 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Em igual período de 2024, o valor foi de apenas US$ 9,88 milhões. A alta expressiva coloca o estado entre os principais polos exportadores do país e destaca o município de Itaituba como protagonista no cenário mineral nacional.

Ouro paraense dispara no mercado internacional

Os US$ 204 milhões em ouro exportado até maio de 2025 representam 2,2% de todas as exportações do Pará no período. Esse desempenho coloca o estado como o segundo maior exportador do Brasil no setor mineral no primeiro trimestre do ano, com 33% de participação no faturamento total do setor, atrás apenas de Minas Gerais (40%).

No recorte de janeiro a março, o Pará exportou US$ 127,07 milhões em ouro semimanufaturado, equivalentes a 1,72 toneladas, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Itaituba concentra exportações do metal

Um dos maiores polos de mineração de ouro do país, o município de Itaituba foi responsável por US$ 188,5 milhões das exportações paraenses entre janeiro e maio de 2025.

Os dados são do Centro Internacional de Negócios do Pará (CIN) da Fiepa (Federação das Indústrias do Estado do Pará). A cidade figura como principal canal de escoamento da produção, refletindo a importância de suas reservas minerais.

Anuário Mineral Brasileiro de 2024, relatório da Agência Nacional de Mineração (ANM), aponta ItaitubaAltamira Floresta do Araguaia como as principais áreas de reserva de ouro no estado.

Suíça lidera compras do ouro do Pará

Os principais compradores do ouro paraense em 2025 foram SuíçaCanadá Estados Unidos. A Suíça lidera com folga: importou US$ 171,5 milhões em ouro (2.236 kg líquidos). O Canadá aparece em segundo lugar, com US$ 15,1 milhões (181 kg), seguido pelos EUA, com US$ 14,9 milhões (178 kg).

Crescimento aponta para expansão nos investimentos

O desempenho paraense no mercado de ouro integra um movimento mais amplo de expansão do setor mineral. Segundo o Ibram, o Pará está entre os estados com as maiores projeções de investimentos no setor, com expectativa de receber US$ 13,5 bilhões nos próximos anos, atrás apenas de Minas Gerais (US$ 16,5 bilhões).

Cotação do ouro em alta impulsiona exportações, segundo Ibram

Julio Nery, diretor de Assuntos Minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), atribui o avanço na exportação ao contexto internacional. “Houve um aumento significativo na cotação do ouro, que subiu 38,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado”, explica.

De acordo com ele, esse movimento valorizou consideravelmente o mercado. “Neste ano, a cotação do ouro era de US$ 2.669,00 por onça troy em 1º de janeiro de 2025 e hoje está em US$ 3.289, um crescimento superior a 23% somente neste ano”, detalha.

Combate à ilegalidade fortalece o mercado formal

Além da alta na cotação, Nery ressalta que as exportações foram beneficiadas por medidas regulatórias que tornaram mais difícil o comércio ilegal do ouro.

“As condições atuais de comercialização criam muitas dificuldades para o comércio ilegal, devido à suspensão da lei da boa-fé, à exigência de nota fiscal eletrônica pela Receita Federal e ao registro do primeiro comprador pela ANM, que trouxeram maior rastreabilidade para o sistema”, afirma.

O representante do IBRAM também destaca que o Instituto Escolhas — organização que monitora a origem do ouro no Brasil — tem contribuído para o debate sobre a legalidade da produção, especialmente no Pará.

Fiscalização mais rígida e efeitos positivos na arrecadação

Nery salienta que a atuação coordenada entre diferentes órgãos tem pressionado o mercado ilegal. “A exigência de nota fiscal eletrônica, o fim da presunção de boa-fé pelo STF, a maior fiscalização da CVM e do Banco Central sobre as DTVMs, além das ações das forças de segurança contra garimpeiros ilegais, tornaram o ambiente inóspito para a ilegalidade”, diz.

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Apesar disso, ele ressalta que é fundamental manter a vigilância constante. “A produção e a venda ilegais sangram as divisas do país, prejudicam pessoas e a economia local, estadual e nacional.”

Benefícios locais e necessidade de boa gestão

Com o crescimento da produção formal, os municípios mineradores têm se beneficiado diretamente da arrecadação de tributos e royalties, como a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). “São recursos financeiros que, se bem aplicados pelos gestores públicos, com fiscalização da sociedade, podem resultar em benefícios socioeconômicos à população”, afirma Nery.

Ele defende que cada território deve se preparar para estimular a mineração legal. “É necessário estabelecer políticas locais de apoio à produção, escoamento e expansão da atividade mineral formalizada”, conclui.

Produção cresce com alta internacional do ouro, segundo pesquisadora

Segundo Larissa Rodrigues, diretora de Pesquisa do Instituto Escolhas, organização socioambiental de estudos e análises, um dos principais fatores por trás do crescimento é a valorização do ouro no mercado internacional.

“Em 2023, o preço médio do ouro foi de R$ 312 o grama. Em 2024, subiu para R$ 416. Em 2025, já estamos em R$ 561 por grama. Isso estimula diretamente a extração”, explica a pesquisadora.

Ela também destaca que empresas mineradoras locais aumentaram significativamente sua produção:

“A maior mineradora de ouro do Pará, por exemplo, já comercializou nos primeiros meses de 2025 quase o triplo do que vendeu em todo o ano de 2024.”

Milhões em royalties não chegam à população

Apesar dos ganhos recordes com a exportação de ouro e da arrecadação crescente com a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral), Larissa Rodrigues aponta que os benefícios raramente chegam à população dos municípios mineradores.

“O Pará arrecadouR$ 1,2 bilhãocom a produção mineral somente nos primeiros meses de 2025, sendoR$ 27 milhõessó com o ouro. Cerca de 60% desse valor vai para os municípios, mas isso não se reflete em melhorias reais em áreas como saúde e educação”, critica.

A pesquisadora alerta que, enquanto o retorno social não acontecer, o setor continuará enfrentando resistência e conflitos nas comunidades locais:

“Esse é um dos maiores desafios da mineração: garantir que os recursos pagos ao poder público sejam revertidos em benefícios concretos para a população.”

Sustentabilidade ainda é um desafio

Mesmo com avanços na governança, ainda há sérios desafios ambientais e sociais relacionados à cadeia produtiva do ouro. Larissa destaca três pontos cruciais:

“Precisamos eliminar a ilegalidadegarantir a recuperação ambiental das áreas exploradas — o que já é uma exigência legal — e banir de vez o uso do mercúrio, que é altamente tóxico”, afirma.

Ela menciona o PL 2417/2024, em tramitação na Câmara dos Deputados, como uma iniciativa importante para proibir o uso do mercúrio na mineração de ouro no país.

Rastreabilidade é prioridade para combater ilegalidade

Larissa Rodrigues reconhece os avanços recentes no combate à extração ilegal, como o uso de notas fiscais eletrônicas e o fim da presunção de boa-fé no comércio do ouro. Mas alerta que ainda falta um passo crucial:

“É urgente a criação de um sistema público e obrigatório de rastreabilidade da origem do ouro. Isso vai fechar uma das principais portas de entrada do ouro ilegal no mercado formal.”

Ela também defende a transformação do setor garimpeiro: “Precisamos criar incentivos para que os garimpos que atuam legalmente possam se estruturar como empreendimentos de mineração sustentável e, assim, acessar novos mercados e tecnologias.”

Crescimento impulsiona arrecadação, mas exige gestão eficiente, indica professor

Segundo João Márcio Palheta, professor titular de Geografia da Universidade Federal do Pará (UFPA), o crescimento explosivo nas exportações de ouro está impactando positivamente as finanças públicas do estado, com efeitos diretos na arrecadação de tributos e compensações financeiras.

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“Esse efeito decorre principalmente da CFEM, do ICMS sobre o ouro não monetário e da participação estadual na arrecadação de tributos federais como o IRRF”, explica o professor, que também é especialista em Desenvolvimento de Áreas Amazônicas (FIPAM) pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA).

Com mais recursos entrando nos cofres públicos, há potencial para avanços em áreas como infraestrutura, saúde e educação, especialmente nos municípios mineradores. No entanto, Palheta adverte:

“Esses benefícios estão condicionados à eficiência na gestão pública e à transparência na aplicação dos recursos — fatores que nem sempre acompanham o ritmo de crescimento da mineração.”

Geração de empregos diretos e indiretos é limitada

Apesar do desempenho robusto das exportações, a mineração continua sendo um setor intensivo em capital, mas não necessariamente em empregos. Palheta afirma que o crescimento do setor pode gerar postos diretos em empresas legalizadas empregos indiretos em atividades como transporte, comércio e alimentação.

Porém, ele chama atenção para riscos sérios:

“Há aumento do trabalho informal e ilegal, exploração precária da mão de obra e conflitos sociais envolvendo territórios de povos indígenas e comunidades tradicionais.”

Sem regulamentação adequada, o professor alerta que os ganhos da mineração podem se concentrar nas mãos de grandes grupos econômicos, enquanto as comunidades locais enfrentam perda de qualidade de vida e degradação ambiental.

Mineração mantém economia do Pará vulnerável

A força da mineração na balança comercial paraense também carrega um risco estrutural: a dependência excessiva do setor mineral. Segundo Palheta, mais de 90% das exportações do Pará se concentram em minerais como ferrobauxitamanganêscobre ouro.

“Isso torna o estado vulnerável às oscilações dos preços internacionais e dificulta a diversificação produtiva regional”, avalia.

Existem políticas em curso para estimular outras cadeias produtivas, como o incentivo à agroindustrialização e o fortalecimento da bioeconomia, especialmente em polos como Belém. Mas, segundo o professor, essas iniciativas ainda enfrentam obstáculos:

“Os desafios vão desde a falta de financiamento e infraestrutura até a necessidade de qualificação profissional.”

Rumo ao equilíbrio entre desenvolvimento e responsabilidade

O professor da UFPA conclui que, apesar dos ganhos econômicos, o Pará enfrenta o desafio de equilibrar desenvolvimento mineral com responsabilidade socioambiental:

“O futuro do setor depende de regulação forte, inclusão social e transição para modelos sustentáveis de produção. Caso contrário, a mineração continuará aprofundando desigualdades e impactos irreversíveis na região amazônica”, conclui.

1. Exportações de Ouro pelo Estado do Pará (MDIC)

  • Produto: Ouro não monetário (excluindo minérios

    2. Exportações de Ouro Semimanufaturado (IBRAM)

    • Período analisado: 1º trimestre de 2025 (jan-mar).
    • Valor exportado pelo Pará: US$ 127,07 milhões.
    • Participação entre estados exportadores: 10,28% (entre 16 estados).
    • Quantidade exportada: 1,72 toneladas.

    3. Principais Destinos das Exportações de Ouro do Pará (IBRAM)

    1. Suíça:

    • Valor: US$ 171,5 milhões.
    • Quantidade: 2.236 kg líquidos.

    2. Canadá:

    • Valor: US$ 15,1 milhões.
    • Quantidade: 181 kg líquidos.

    de ouro e concentrados).

  • Participação nas exportações do estado (jan-mai/2025): 2,2%.
  • Valor exportado em 2025 (jan-mai): US$ 204 milhões.
  • Crescimento em relação ao mesmo período de 2024:
  • Valor em 2024: US$ 9,88 milhões.
  • Crescimento percentual: 1.963,4%.
  • Variação absoluta: US$ 194 milhões.
  • 3. Estados Unidos:

    • Valor: US$ 14,9 milhões.
    • Quantidade: 178 kg líquidos.

    4. Participação no Faturamento Mineral Brasileiro (1T25 – IBRAM)

    1. Minas Gerais: 40,0%
    2. Pará: 33,0%
    3. Bahia: 5,0%

    5. Estimativas de Investimentos no Setor Mineral (IBRAM)

    1. Minas Gerais: US$ 16,5 bilhões
    2. Pará: US$ 13,5 bilhões
    3. Bahia: US$ 9 bilhões
    4. Investimentos em múltiplos estados: mais de US$ 12,7 bilhões

      6. Reservas Minerais de Ouro no Pará (ANM – Anuário Mineral Brasileiro 2024)

      Principais municípios com reservas:

      • Itaituba
      • Altamira
      • Floresta do Araguaia

      7. Destaque Municipal: Itaituba (CIN / FIEPA)

      • Exportações de ouro (jan-mai/2025): US$ 188,5 milhões
      • Produto: Ouro (incluindo ouro platinado)
      • Relevância: Um dos principais municípios exportadores do estado

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Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram

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RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.

A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.

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“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.

A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.

“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.

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O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.

Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.

Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.

Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.

“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”

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