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EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Como investir em ouro: com crise bancária e incertezas, metal seria uma boa opção? Confira

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Seria esta uma boa hora para comprar ouro? Diante de períodos de incertezas e instabilidade econômica, o metal precioso é sempre lembrado como uma reserva de valor e costuma apresentar valorização.

Em um cenário conturbado como o atual, com a inflação recorde nos países desenvolvidos pós-estímulos da pandemia, com a escalada de juros global, com a crise bancária nos Estados Unidos e na Europa e com crises de crédito e bancária no radar do investidor, fica a pergunta: é hora de comprar ouro? Se sim, então como investir em ouro? Acompanhe aqui.

Por que o ouro está valorizado? 

O cenário mundial está marcado por incertezas que impactam negativamente a economia e acabam por favorecer reservas de valor, como o ouro e o dólar.

Mas o movimento que se verifica na prática é que, quando o dólar cai, o ouro sobe e vice-versa.

“O dólar é uma reserva contra crises bancárias, mesmo que a crise seja nos EUA. Sabe quando o incêndio é na cozinha, mas o extintor está exatamente lá? É isso, o ‘fly to quality’, ou vôo para a qualidade, é sempre, primeiro, para os Estados Unidos”, diz Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos.

Já o ouro, diz, é o hedge clássico para crises bancárias, sempre procurado em momentos de instabilidade. É exemplo máximo de reserva de valor: ele mantém o seu poder de compra com o decorrer do tempo, apesar as oscilações do mercado.

Dito isto, vamos aos fatos.

Investir em ouro: qual o cenário?

O banco central americano (Fed) optou, em sua última reunião de política monetária, por elevar os juros em 0,25 ponto porcentual. E outras altas subsequentes, possivelmente de mesma magnitude, já eram cogitadas pelo mercado para controlar a maior inflação em 40 anos.

Acontece que os EUA, assim como a Europa, vivem atualmente com receio de uma crise bancária generalizada, que teve início com as quebras do Silicon Valley Bank e do Signature, seguidas no Velho Continente pela venda do Credit Suisse para o UBSFirst Republic Bank e Deutsche Bank, bancos americano e alemão, respectivamente, ameaçaram adicionar mais capítulos à crise, mas até aqui, ao menos, o barulho parece ter sido estancado.

Pois bem. Com a crise bancária, as apostas quanto à política do Fed se dividem entre os que seguem acreditando em mais uma alta de 25 pontos-base na próxima reunião (de 2 e 3 de maio) e os que creem em manutenção dos juros a partir deste encontro, para evitar a “quebradeira dos bancos”.

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Para o ouro, particularmente, a leitura da situação é: se o Fed sobe juros, o dólar se valoriza ainda mais; se o Fed mantém os juros, pode ser uma sinalização de fim de ciclo mais próximo, que faria a moeda americana perder valor e, consequentemente, o ouro passar a ser uma reserva de valor mais procurada. Vale dizer que, mesmo com Fed baixando os juros, o receio da recessão prossegue, o que mantém a busca por “portos-seguros” para os investidores.

Com isso, alguns analistas acreditam que o metal pode atingir o nível de US$ 2.000 por onça troy – unidade de medida de metais preciosos, equivalente a aproximadamente 31,1 gramas.

A cotação máxima histórica do ouro foi durante a pandemia de Covid, aos US$ 2.021, em agosto de 2020. Em 2022 houve também forte alta, influenciada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

Por que o ouro se valoriza em períodos de crise? 

O ouro, como reserva de valor que é, consiste em uma forma de proteger a carteira contra as oscilações do mercado.

Em outras palavras, reserva de valor é quando você não quer perder o poder de compra, em uma determinada moeda. Ou, pelo menos, ter uma proteção em casos de problemas sistêmicos.

Isso porque o ouro é finito, uma commodity.

Além disso, o ouro é menos volátil do que outros investimentos, além de ser aceito mundialmente, oferecendo maiores possibilidades de negociação para os detentores do ativo.

A escassez é outro detalhe importante do metal. Seguindo a lógica da oferta e da demanda, quanto mais alta a procura, menor é a disponibilidade do ativo, o que proporciona maior valorização em épocas de maior interesse.

O ouro também pode ser usado como uma importante estratégia de diversificação da carteira.

Como a rentabilidade dos investimentos é fortemente impactada em épocas de instabilidade econômica, o metal apresenta-se como alternativa para reduzir os prejuízos. Sobretudo para investidores que contam com muitas aplicações em títulos de renda variável, os mais afetados nesses períodos.

Quais são os riscos?

Embora o ouro apresente-se como um ativo muito valorizado em épocas de crise, o valor do metal pode ser impactado por diversos fatores, como:

  • política monetária dos países;
  • oferta e demanda de investidores nas bolsas de valores;
  • extração do metal afetada por fatores naturais;
  • depreciação da cotação do ativo.
  • Investir ou não investir em ouro?

    Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos, revela que é raro o cliente da assessoria que tenha ouro em carteira.

    “O ouro é um artigo de ciclo muito longo. Tem gente que comprou na década de 70. E agora colhe uma valorização. Ele é um ativo que não gera renda. Então, é para ser usado como uma reserva de valor mesmo”, afirma.

    E alerta: “Ouro não é investimento para se ganhar dinheiro, mas para se proteger. É muito difícil a gente colocar na carteira de um cliente, porque ele é, geralmente, para quem tem muito patrimônio já investidor nas demais classes de ativos. Ou, então, é para quem especula mesmo”, frisa.

  • Uma opção, ele diz, é colocar o ouro dentre os ativos que compõe a parcela internacionalizada da carteira – a recomendação é que esse total seja de 5% a 30% do patrimônio.
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    Como investir em ouro?

    Comprar barras físicas de ouro

    Esta alternativa exige o cumprimento de algumas burocracias, como autorização do Banco Central para ter o ativo físico.

    Também é necessário escolher um custodiante para guardar as barras de ouro – embora seja possível guardá-las em casa também, o que, obviamente, não é recomendável por questões de segurança.

    Contrato futuro

    Outra possibilidade é investir em contratos futuros de ouro, negociados na bolsa de valores brasileira, a B3.

    Trata-se de um acordo de negociação de determinado volume do metal em uma data de vencimento futura por um determinado preço. O preço do contrato é predeterminado, e você pode se posicionar na compra ou na venda.

    Fundos de investimento

    Há fundos de investimento com exposição a metais preciosos como o ouro. Eles funcionam como um tipo de condomínio financeiro, que reúne o patrimônio dos investidores interessados e são geridos por um gestor. Para participar, você precisa comprar cotas.

    ETF

    Os ETFs (Exchange Traded Funds) também são opção de investimento em ouro. A diferença para os fundos é que o ETF replica o desempenho de um índice do mercado financeiro.

    Na B3, há fundos de índice que seguem índices financeiros relacionados ao ouro. O GOLD11, por exemplo, é o primeiro ETF de ouro do Brasil. Nos EUA, o mais famoso é o GLD, ou SPDR Gold Shares, da State Street Global Advisors, seguido pelo IAU, iShares Gold Trust, da BlackRock.

    Quer saber mais sobre como investir em ouro e outros ativos? Fale com um assessor da EQI Investimentos.

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Notícias

Especialistas debatem proibição do mercúrio na extração de ouro

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Foto: Ton Molina

Vários setores econômicos já abandonaram o uso do mercúrio devido a seu impacto na saúde das pessoas e no meio ambiente. Mas o metal continua a ser largamente utilizado na extração de ouro, especialmente na Amazônia. Apenas entre 2018 e 2022, 185 toneladas de mercúrio de origem desconhecida podem ter sido utilizadas nos garimpos do país.

Em debate realizado nesta terça-feira (7) pelo jornal Correio Braziliense em parceria com o Instituto Escolhas, representantes do poder público, empresários e pesquisadores concordaram sobre a necessidade de pôr fim ao uso de mercúrio nos garimpos, mas divergiram sobre o que precisa ser feito até sua erradicação e sobre a conveniência de uma proibição imediata.

Ao abrir o evento, Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, destacou a importância de a discussão da erradicação do mercúrio e de alternativas viáveis economicamente a esse insumo da mineração acontecer às vésperas da COP30, que será realizada em novembro na cidade  de Belém (PA).

Primeiro convidado a falar, Eloy Terena, secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), afirmou que o garimpo ilegal está presente em 26 Terras Indígenas, de forma mais intensa e preocupante em quatro delas: Kayapó, Munduruku, Yanomami e Sararé. “O garimpo é vetor de violência, desmatamento, contaminação das águas e desestruturação social.”

Jair Schmitt, diretor de Proteção Ambiental do Ibama, responsável pelas ações de fiscalização do órgão, listou as iniciativas tomadas pelo instituto no atual governo e usou uma imagem forte para falar da “explosão do garimpo ilegal na Amazônia” de 2017 a 2023. “Quando a gente olha as imagens dos satélites, o que a gente está vendo ali é a proliferação de um grande câncer”, afirmou.

 

Controles sobre o uso do mercúrio

Depois das falas inaugurais de Terena e Schmitt, teve início a primeira mesa do debate, que discutiu “Controles sobre o uso do mercúrio: desafios e perspectivas”. Renato Madsen Arruda, diretor substituto da Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, afirmou que a PF tem como objetivo principal, ao lado de outros órgãos da administração pública, atacar o crime organizado que cerca a atividade da mineração ilegal.

“Não é aquele garimpeiro, aquele trabalhador braçal que está ali nos rincões da Amazônia que está acumulando essa riqueza. Há outros atores que estão acumulando essa riqueza e financiando a atividade. A estratégia da Polícia Federal tem sido principalmente descapitalizar esses atores que circundam a atividade da mineração ilegal e que enriquecem em prejuízo do meio ambiente e das comunidades que vivem na região amazônica”, disse Arruda.

O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), autor de um projeto de lei que proíbe o uso do mercúrio em atividades de mineração, lembrou que durante os governos Michel Temer (2016 a 2018) e Jair Bolsonaro (2019 a 2022) a “atividade minerária ilegal explodiu de forma extraordinária”. E lamentou a força política de parlamentares que buscam flexibilizar a legislação do setor. “Há um lobby muito forte da mineração dentro do Congresso que, por vezes, trabalha de forma conjunta com o lobby da mineração ilegal”, disse.

Diretora de Pesquisa do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues destacou que o uso do mercúrio na mineração já é altamente regulado, citando a necessidade de licenciamento ambiental e de autorização, pelo Ibama, de sua importação – o Brasil não produz mercúrio. “O que a gente podia fazer em termos de regulação para tentar diminuir a periculosidade do uso dessa substância já foi feito.”

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Apesar disso, os resultados positivos não apareceram e é hora de “mudar a chave”. “Esse esforço que a gente precisa fazer para usar o mercúrio numa condição um pouco mais segura é tão grande que eu acho que a gente poderia pegar esse mesmo esforço e colocar nas alternativas”, disse. E a melhor alternativa é a “erradicação”, declarou.

“Acho que, de fato, a gente precisa caminhar em direção à proibição total do mercúrio na extração de ouro, como a gente fez em outros segmentos.” A pesquisadora parabenizou Nilto Tatto, a seu lado na mesa, por apresentar o projeto que proíbe o uso do mercúrio.

O último a falar na primeira mesa, Giorgio de Tomi, professor titular da Escola Politécnica da USP e Coordenador Técnico do Projeto Ouro Sem Mercúrio, defendeu a importância do Estado na mudança da realidade do garimpeiro que atua de forma ilegal. “Existe a vontade dos garimpeiros de mudar e evoluir”, afirmou. “Mas eles precisam de ajuda.”

“Hoje eles trabalham em regiões remotas, sem apoio nenhum. A única presença do Estado, quando tem, é na hora de reprimir, fiscalizar”. Para De Tomi, os que usam mercúrio no garimpo ilegal “precisam de apoio técnico, econômico e de Estado para facilitar essa transição”.

Três convidados falaram entre as duas mesas do debate. Julevânia Olegário, diretora do Departamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração (DDSM) do Ministério de Minas e Energia (MME), defendeu a eliminação do mercúrio nos garimpos, mas disse ser importante que o Estado brasileiro ajude a capacitar as pessoas envolvidas na extração de ouro, já que a “atividade é feita, na maioria das vezes, por comunidades tradicionais e vulneráveis”. Afirmou que é preciso fomentar alternativas ao mercúrio que sejam “economicamente viáveis”.

Diretora do Departamento de Qualidade Ambiental do Ministério de Meio Ambiente, Thaianne Resende alertou para o impacto do mercúrio na saúde e no meio ambiente. “O mercúrio é silencioso, invisível, mas deixa marcas profundas na saúde, na água e na floresta”, afirmou.

Miguel Castro, ponto focal regional para Latam e Caribe do Centro CER da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), destacou a preocupação da organização em estabelecer padrões elevados de políticas públicas entre os 38 países-membros e países parceiros, como o Brasil.

Para a OCDE, a estabilidade das cadeias de fornecimento deve caminhar junto com a sustentabilidade. “Essa visão reforça a necessidade de uma mineração responsável, não apenas como uma exigência, mas também como uma oportunidade de desenvolvimento inclusivo e a longo prazo.”

 

Alternativas ao uso do mercúrio

Abrindo a segunda mesa, que debateu “Alternativas ao uso do mercúrio: para onde vamos?”, Larissa Rodrigues, do Instituto Escolhas, criticou a obrigação legal de que todo o ouro que sai dos garimpos precisa ser vendido para Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, as DTVMs. Cinco delas dominam hoje o mercado brasileiro de ouro.

“Nos últimos anos essas instituições financeiras que tinham ou que tem autorização do Banco Central comercializaram e financiaram o ouro ilegal que circulou pelo Brasil e ganhou o exterior”, afirmou. “Quando a gente fala de lavagem de ouro, essas instituições sempre foram um ponto de lavanderia.”

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A diretora do Escolhas defendeu a abertura de mercado, no qual uma indústria possa comprar diretamente de quem produz o ouro de forma responsável. “A gente não vai conseguir incentivar [as boas práticas] se a gente não tirar do meio do caminho as forças que até hoje só incentivaram o mercado ilegal.”

Larissa destacou ainda o fato de existirem hoje alternativas rentáveis ao mercúrio. “Muitas pessoas me perguntam: qual a alternativa ao mercúrio? Às vezes, a resposta não é tão complicada assim. Há algumas questões de tecnologia que às vezes são mais difíceis. Mas existem garimpos produzindo ouro sem mercúrio. Utiliza o quê no lugar? Nada. Utiliza água. A força mecânica da gravidade.”

Gilson Camboim, presidente na Federação das Cooperativas de Mineração do Estado de Mato Grosso, listou uma série de avanços tecnológicos que estão sendo desenvolvidos em centros de pesquisa e podem substituir o mercúrio – como o uso de nanopartículas de magnetita e o extrato das folhas do pau-de-balsa – e alguns que já estão sendo usados pelos garimpeiros – como o processo que une bombeamento de água e filtragem por meio de calhas.

Camboim destacou o papel do cooperativismo na busca de soluções que substituam o mercúrio. “O cooperativismo foi reconhecido pela ONU neste ano de 2025 como um mecanismo para o aprimoramento das atividades econômicas. Vamos lutar para conseguir chegar a este ponto, de eliminar o uso do mercúrio.”

Para Eduardo Gama, diretor de operação da startup Certimine, há muitos desafios para a substituição do mercúrio, um deles o fato de ser eficiente. “O mercúrio é muito tolerante e muito democrático. Aceita folha, areia. O que você alimentar, ele vai tirar ouro. O mesmo não pode ser dito sobre os outros métodos. Eu gosto de falar que o mercúrio é a força bruta, enquanto o resto é ajuste fino”.

Gama destacou a dificuldade de os pequenos mineradores irem para métodos mais sofisticados, pois não conseguem financiamento. “Eles ficam presos numa ratoeira, pois não conseguem migrar para outro regime. E precisam daquela atividade para sobreviver.”

Elena Crespo, professora titular da Universidade Federal do Pará e coordenadora do Instituto Amazônico do Mercúrio, lembrou que a Amazônia é responsável por 80% das emissões de mercúrio na América do Sul e a segunda região do mundo que mais emite a substância.  E destacou que o ouro não fica na Amazônia. “Mas somos os primeiros a receber todas as consequências, as mais graves.” Entre elas, danos ao desenvolvimento das crianças, que passam a ter problemas de aprendizagem. “Falamos aqui de comprometimento das gerações futuras.”

Crespo disse acreditar que os garimpeiros da Amazônia querem mudar esse panorama. “Ninguém quer se expor ou expor sua família simplesmente por ganância”, afirmou a pesquisadora. “Dando oportunidade para eles, vão tornar esse quadro muito mais sustentável.”

Assista à integra do debate no canal do Correio Braziliense no YouTube.

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