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Comprar barras de ouro no supermercado virou algo normal nos EUA – e em ascensão

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Ao lado do combo de cachorro-quente e refrigerante por US$ 1,50, potes de maionese e pacotes de meias, a Costco, espécie de “atacarejo” americano, passou a vender também barras de ouro. O produto inusitado começou a ser comercializado em outubro e, agora, a Costco já vende até US$ 200 milhões em ouro e prata por mês, de acordo com uma análise do Wells Fargo.

Clientes começaram a trocar dicas em fóruns online sobre como comprar ouro na Costco antes que as barras esgotem. “Recebi algumas ligações com pessoas dizendo que viram na internet que estávamos vendendo barras de ouro de 30 gramas. Quando colocamos para vender no site, elas normalmente desaparecem em algumas horas”, disse Richard Galanti, vice-presidente executivo e diretor financeiro da Costco, em uma teleconferência de resultados em setembro.

A Costco vende barras de ouro de 24 quilates de 30 gramas, de acordo com sua loja online. Elas podem ser adquiridas apenas para assinantes e o preço varia de acordo com as taxas de mercado. Na última quinta-feira (11), as barras estavam esgotadas para na loja online, mas o The Wall Street Journal informou que os compradores as adquiriram por cerca de US$ 2.000 em dezembro.

A Costco também comercializa moedas de prata, anunciadas como 99,9% de prata pura, desde janeiro, de acordo com o Wells Fargo.

Corrida pelo ouro

O metal precioso estabeleceu uma série de recordes ao subir para US$ 2.350 por onça, um aumento de cerca de US$ 300 desde o início de março.

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A compra de ouro costuma ser mais comum em tempos de turbulência econômica. Embora as perspectivas econômicas dos EUA tenham melhorado e a inflação tenha arrefecido, ainda supera as metas do banco central americano, disse Sadiq S. Adatia, diretor de investimentos da BMO Global Asset Management. E, na quarta-feira (10), um indicador de inflação considerado chave revelou-se mais forte do que o esperado.

Investidores disseram ter ficado intrigados com a disparada do ouro, em interesse que pode ter sido catalisado também por preocupações geopolíticas, disse Adatia. A procura pelo metal é maior desde que a moeda da Ucrânia entrou em colapso após a invasão da Rússia, disse ele.

Para quem quer comprar ouro pela primeira vez, a Costco oferece familiaridade e facilidade, disse Adatia. “Eles tornam tudo conveniente”, disse ele. “As pessoas podem entrar fisicamente, retirar a barra e pronto, em vez de abrir uma conta e comprar ETFs de ouro.”

Quanto a Costco está lucrando?

Provavelmente não muito. Dados seus preços e custos de envio, a venda de ouro é provavelmente um “negócio que lucra muito pouco, na melhor das hipóteses”, escreveram analistas do Wells Fargo em nota aos clientes na última semana.

A Costco vendeu mais de US$ 100 milhões em ouro no primeiro trimestre de operação, até 30 de setembro do ano passado, disse Galanti em teleconferência de resultados em dezembro. No entanto, essas vendas provavelmente cresceram desde então e, agora, podem estar girando entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões por mês – o que aumentaria os números de vendas em 1%.

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“Começamos a olhar para isso porque está contribuindo mais para as vendas da companhia”, disse Edward Kelly, diretor de análise de ações do Wells Fargo. “Não é que US$ 100 ou US$ 200 milhões por mês sejam muito para a Costco, mas é um novo negócio que não existia ano passado.”

No período de três meses encerrado em 31 de dezembro, as vendas via comércio eletrônico da Costco cresceram 18% em comparação com o mesmo período do ano anterior, impulsionadas em parte pela demanda por metais preciosos, disse Galanti aos investidores em uma teleconferência de resultados em março.

Investir em ouro pode ser volátil

Commodity Futures Trading Commission (CFTC), reguladora do mercado de commodities e derivativos dos EUA, pediu cautela ao comprar ouro porque – ao contrário do que se pode pensar – os metais preciosos podem ser altamente voláteis.

“Tal como outras commodities, os preços dos metais preciosos sobem à medida que a procura aumenta, por isso, quando a ansiedade ou a instabilidade econômica são elevadas, as pessoas que normalmente lucram com os metais preciosos são os vendedores”, afirmou a agência em comunicado.

O órgão fez o alerta em provável sinalização que a compra de ouro não se trata de um investimento garantido, disse Larry Tentarelli, estrategista-chefe técnico do Blue Chip Daily Trend Report. Ele recomenda que o investidor médio aplique de 3% a 5% de seus ativos em ouro.

©.2024 The New York Times Company

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Como a China dominou minerais críticos da transição

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Tecnologias modernas têm como peças-chave 17 elementos da tabela periódica: as terras raras, essenciais para inteligência artificial, chips, bombas e produção de energia limpa. A China domina a produção, define preços e transforma esses metais em moeda geopolítica.

A mineração é apenas o primeiro passo. O maior desafio está no processamento, separação e refino dos elementos, que são caros e complexos.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que a China seja responsável por cerca de 61% da produção de terras raras e 92% do seu processamento. É justamente isso que confere ao país uma posição de força no tabuleiro da geopolítica.

As terras raras também são importantes para sistemas de defesa avançados, como fabricação de jatos militares, mísseis e sistemas de radar.

Isso garante à China um poder de barganha. Em resposta às tarifas impostas por Donald Trump, por exemplo, a China restringiu exportações de certos elementos, o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos e a de defesa.

Não foi a primeira vez que terras raras entraram no centro de disputa dos EUA. Em 2022, Trump chegou a negociar com a Ucrânia a extração desses minerais em meio às conversas sobre um possível acordo de paz com a Rússia, ainda nos primeiros meses da guerra.

Hoje, países correm para diversificar suas fontes de suprimento e fortalecer suas próprias produções. “Mesmo antes do governo Trump, a Europa já havia acendido o alerta para os riscos da dependência externa de minerais estratégicos”, diz Júlio Nery, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

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A ascensão chinesa

A China reconheceu o valor estratégico das terras raras nos anos 1960, quando os Estados Unidos ainda dominavam o mercado. Desde então, começou a copiar o modelo americano e comprou empresas estrangeiras – inclusive a maior empresa americana de ímãs de terras raras, a Magnequench.

Isso permitiu que a China tivesse em mãos as patentes, equipamentos e expertise técnica.  Nos anos 1990, o então líder chinês Deng Xiaoping (1904-1997), fez uma declaração que ficou famosa: “O Oriente Médio tem petróleo, a China tem terras raras.”

O investimento nesses minerais tornou-se uma estratégia de Estado. O país buscou consolidar a indústria, reduzindo-a para seis grandes empresas, em uma campanha chamada de “guerra secreta” contra a produção ilegal.

Também foram feitos investimentos em mapeamento geológico, a primeira etapa para o desenvolvimento da mineração, diz Guilherme Sonntag Hoerlle, geólogo e professor da Universidade Federal do Paraná.

“Há mais de 25 anos, a China investiu pesado em pesquisas nesses depósitos. Não porque tivesse reservas muito maiores, mas porque o governo chinês enxergou o potencial de longo prazo e manteve consistência”, diz.

Hoje, a China também tem consolidadas indústrias de carros elétricos, turbinas eólicas e robótica, que criam demanda interna significativa para terras raras e contribuem para gerar mais valor na cadeira.

Descaso ambiental

Esses avanços foram possíveis, em grande parte, porque a China operou sob quase nenhuma regra ambiental.

O processo de lixiviação (método químico usado para separar minerais), por exemplo, é feito em pilhas – o minério é empilhado e a solução química escoa dissolvendo os elementos; ou in situ, quando a reação é injetada diretamente no corpo mineral no próprio local.

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As soluções usam ácidos fortes, como sulfúrico, nítrico ou clorídrico, que podem se infiltrar no solo e contaminar água e ar. O processo também exige grandes volumes de água e gera resíduos sólidos que, se não forem tratados, se acumulam como passivo ambiental. Um dos casos mais emblemáticos é o lago de rejeitos tóxicos em Baotou, na Mongólia Interior.

A separação e o refino de terras raras usam mais energia que a mineração inicial. A estimativa é entre 9 e 13 vezes a mais para cada tonelada processada.

Agora, países como Japão, Austrália, Canadá e Arábia Saudita vêm estabelecendo limites em suas políticas de minerais críticos, para não depender só da China, segundo Nery, do Ibram. Nesse cenário, o Brasil teria uma “janela de oportunidade” comercial.

“Se criar as condições necessárias, [o Brasil] pode avançar na cadeia de valor e estimular a industrialização local”, diz.

O domínio chinês gera incertezas para investimentos em novas minas e refinarias em outros países. A imprevisibilidade do mercado e a manipulação de preços tornam esses projetos arriscados e afastam capital de companhias no ocidente.

As descobertas de minerais e os processos de extração são de alto risco e investimento. No caso do Brasil, apenas uma mina extrai e exporta – para a China – um produto mais “puro” de terras raras, sem a separação de cada elemento.

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