Ouro dispara com volatilidade financeira; ainda vale ter em carteira em 2025?
Publicado em
6 de janeiro de 2025
por
InfoMoney
Os solavancos da economia mundial no último ano levaram o investidor a buscar mais segurança. Não é à toa que o ouro chegou a ter uma valorização de quase 50% só nos últimos 12 meses, batendo recorde de US$ 2.690 a onça-troy, medida que corresponde a 31,1 gramas do metal. Segundo especialistas ouvidos pelo InfoMoney, como um ativo de reserva de valor desde os tempos antigos, o ouro é a materialização da estabilidade num mercado onde a instabilidade reina.
Por trás de tanta oscilação estão as tensões geopolíticas, com guerras na Europa e no Oriente Médio. A eleição de Donald Trump também deixa em suspenso a situação da economia mundial para 2025, bem como o acirramento das disputas entre Estados Unidos e China. O mercado especula sobre como os EUA irão agir em relação a todos esses conflitos e, principalmente, sobre como Trump irá conduzir a maior economia do mundo.
Junte nesse caldeirão, ainda, os movimentos dos juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, e teremos o caldo perfeito para sustentar o cenário de instabilidade que deve manter o metal em evidência. O que pode elevar o preço do ouro até US$ 3 mil a onça em 2025, de acordo com estimativas da Goldman Sachs.
Segundo o economista e professor de finanças do Ibmec Gilberto Braga, embora seja um ativo classificado como renda variável, o ouro é mais utilizado para momentos de volatilidade. “Não é uma aposta propriamente dita, e, assim como ativos imobiliários, o ouro é muito buscado como reserva de valor e uma forma de diversificação de investimentos em momentos de grande instabilidade econômica e política”, explicou.
Caso a guerra entre Ucrânia e a Rússia continue e as tensões no Oriente Médio sigam escalando, a aversão a risco pode levar mais investidores a buscar essa segurança. “Quem apostou no ouro ganhou mais do que nos outros ativos. Ele valorizou mais que o dólar, e tudo indica que o cenário permanece o mesmo para 2025”, acrescentou.
Segundo o especialista, o investimento em ouro pode ser feito de várias maneiras, indo desde a compra física do metal – seja em barras, moedas ou joias – como também através de títulos atrelados a este ativo.
Além disso, o preço é negociado em dólar, e, com a disparada da moeda em relação ao real, essa posição se torna ainda mais interessante, conforme pontua Henrique Castiglione, representante da assessoria de investimentos EWZ Capital. “A alta performance do ouro tem a ver com toda a instabilidade, porque ouro é o grande porto seguro há muitos séculos”, afirmou.
Veja quais as formas de investir em ouro:
– Compra de ouro físico: É possível comprar ouro em barras, lingotes, moedas ou outros formatos, mas é importante comprar apenas em casas especializadas autorizadas pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O custo de armazenamento e transporte, porém, pode ser caro e arriscado;
– Bolsa de Valores: É possível investir em ouro na Bolsa de Valores por meio de: ETF de ouro, como o GOLD11, BDR de ETF de ouro, como o BIAU39. Além disso, existem ainda contratos futuros de ouro, fundos de investimentos em ouro, ações de mineradoras de ouro;
– COE: É possível aplicar em Certificado de Operações Estruturadas (COE), instrumento financeiro que combina elementos de renda fixa e renda variável. É uma opção estratégica para quem quer investir, aumentando rentabilidade, mas com menos riscos.
Tributação sobre investimentos em ouro
A incidência de imposto de renda sobre o investimento em ouro tem o mesmo tratamento que outros investimentos em renda variável, indo do mínimo de 15% até 22,5%, dependendo da modalidade, segundo os analistas.
Perspectiva para 2025
A tendência para 2025, dizem os especialistas, é de que o ouro continue em alta, podendo atingir a marca de US$ 3 mil a onça, porque a insegurança global se mantém. Novos produtos, especialmente nos mercados futuros podem ajudar ainda mais no desempenho do metal.
Tributação sobre investimentos em ouro
A incidência de imposto de renda sobre o investimento em ouro tem o mesmo tratamento que outros investimentos em renda variável, indo do mínimo de 15% até 22,5%, dependendo da modalidade, segundo os analistas.
Perspectiva para 2025
A tendência para 2025, dizem os especialistas, é de que o ouro continue em alta, podendo atingir a marca de US$ 3 mil a onça, porque a insegurança global se mantém. Novos produtos, especialmente nos mercados futuros podem ajudar ainda mais no desempenho do metal.
“A valorização em 2024 foi estupenda, batendo recordes e tudo indica que esse movimento deve continuar, com cortes de juros, que levam os investidores a buscar o ativo de confiança”, disse Couto.
Evolução histórica
Desde os tempos antigos, o ouro tem sido valorizado por sua beleza e raridade. Durante o século XIX, muitos países adotaram o padrão-ouro em relações comerciais, vinculando diretamente suas moedas a uma quantidade específica de ouro. Esse período foi caracterizado por preços de ouro relativamente estáveis e taxas de câmbio fixas entre as moedas. O período entre 1880 e 1914 é conhecido como o padrão-ouro clássico, quando os Estados Unidos experimentaram um período de crescimento econômico sem precedentes, com comércio relativamente livre de bens, trabalho e capital.
Em 1944, o estabelecimento do Acordo de Bretton Woods impactou o preço do ouro. Sob esse novo sistema, os países participantes concordaram em vincular suas moedas ao dólar americano, que, por sua vez, tinha lastro em ouro a uma taxa fixa de US$ 35 por onça. Assim, o dólar americano tornou-se a principal moeda de reserva mundial, e outras moedas foram atreladas a ele com taxas de câmbio fixas.
Em 1971, o presidente Richard Nixon decidiu acabar com o sistema de Bretton Woods, causando um impacto profundo no preço do ouro e no sistema monetário global. Essa decisão significava que governos estrangeiros e bancos centrais não podiam mais trocar seus dólares americanos por ouro a uma taxa fixa, levando a flutuações significativas nas taxas de câmbio. Naquela época, o preço do ouro era US$ 43,15.
Em janeiro de 1980, o preço do ouro atingiu um recorde de US$ 850 por onça, reagindo não apenas à alta inflação, mas também às tensões geopolíticas com a revolução iraniana e a invasão soviética ao Afeganistão.
O preço do ouro atingiu um novo patamar histórico na crise financeira de 2008, conhecida como Crise do Subprime, chegando a US$ 1.011 por onça − um aumento de mais de 50% em apenas nove meses. Isso marcou um ponto de virada para os preços.
Em agosto de 2020, os preços do ouro bateram um novo recorde, ultrapassando US$ 2.000 por onça, impulsionados por preocupações com o impacto econômico da pandemia de Covid-19, quando foram tomadas medidas de estímulo fiscal e baixas taxas de juros mundo afora.
Em dezembro de 2023, o ouro atingiu um novo resultado histórico, subindo para além dos US$ 2 mil, em meio a novos rumos da política monetária dos bancos centrais, que iniciaram um ciclo de cortes nas taxas de juros em outubro. Neste período o preço do metal chegou a atingir a marca dos US$ 2.690 a onça − o que correspondeu a um aumento de 45% em um ano.
Previsões de longo prazo
Conforme relatório da corretora Axi, muitos bancos, incluindo Goldman Sachs, Citi, ANZ e Commerzbank aumentaram suas previsões iniciais para o ouro, devido à possibilidade de uma crise bancária.
Os analistas do Goldman Sachs inicialmente esperavam que o preço do metal permanecesse estável no período entre 2023 e 2026, em torno de US$ 1.970 por onça. Mas tudo mudou e eles elevaram as projeções para US$ 3 mil por onça.
A previsão do preço do ouro para 2025 no Bloomberg Terminal está entre US$ 1,709.47 e US$ 2,727.94, como mostra o mesmo levantamento da Axi.
Estrategista da Bloomberg Intelligence, Mike McGlone prevê que tanto o ouro quanto sua “versão digital”, o bitcoin, terão apreciação em 2025. O preço do ouro mostrou força divergente, subindo 84% desde 2015, quando o Fed começou seu aperto monetário e pode estar caminhando para alta.
Mesmo acreditando na alta, os analistas têm dificuldades para precisar quanto o ouro ou de qualquer commodity pode custar nas próximas duas décadas. Entre os principais elementos que afetam os preços estão a taxa de inflação, a força do dólar americano, as taxas de juros dos bancos centrais e o aumento da oferta monetária.
Mesmo diante dessa complexidade, alguns se arriscam a traçar cenários de preços a longo prazo para o ouro de 2030 a 2050, variando US$ 7.000 até US$ 10.000 por onça, diante da expectativa por crescente demanda.
A crescente digitalização da indústria da mineração tem proporcionado avanços significativos em eficiência, sustentabilidade e segurança operacional. Contudo, essa transformação também tem exposto o setor a novas ameaças, em especial aos ataques cibernéticos. A plataforma de detecção de ameaças Claroty revelou, no início deste ano, os resultados do estudo “The Global State of CPS Security 2024: Business Impact of Disruptions”, que analisou o impacto financeiro e operacional dos ataques cibernéticos em infraestruturas críticas ao redor do mundo. A pesquisa, realizada com 1.100 profissionais de segurança cibernética em 40 países, mostrou que 32% das empresas do setor de mineração relataram perdas iguais ou superiores a US$ 1 milhão em decorrência dessas chamadas “perturbações cibernéticas”. Trata-se do segundo setor mais afetado, atrás apenas do setor de energia (38%).
Segundo Marcelo Branquinho, CEO da TI Safe, empresa responsável pela segurança cibernética de sistemas críticos de diversos setores da economia, historicamente, os sistemas de infraestrutura crítica, como os utilizados em siderúrgicas e empresas de mineração, foram projetados com foco exclusivo em sua funcionalidade específica, muitas vezes negligenciando a segurança cibernética, mas que a realidade hoje é diferente. “No passado, o risco de ataque era limitado a indivíduos com acesso físico às plantas, permitindo danos físicos, operação maliciosa ou a introdução de malware por mídias removíveis, entre outros vetores de ataque. Hoje, o setor de mineração está passando por uma transformação com a ‘mineração inteligente’, um conceito que engloba a integração de robótica, automação e Internet das Coisas (IoT) no ambiente operacional. Esse avanço, também presente nas empresas siderúrgicas, traz inúmeros benefícios, mas também aumenta a exposição a ameaças cibernéticas“, detalha.
As consequências de um ataque hacker a uma empresa de mineração podem ser devastadoras. Além das perdas financeiras diretas, que já superam US$ 1 milhão em muitos casos, a paralisação de operações críticas pode comprometer cadeias de suprimentos inteiras, impactar a segurança de trabalhadores, causar danos ambientais e afetar a reputação da empresa no mercado. Sistemas comprometidos podem levar à interrupção no fornecimento de energia, falhas em equipamentos pesados, vazamentos de informações estratégicas e até ao controle indevido de dispositivos operacionais.
CASO NOTÁVEL: Em 2019, um ataque hacker à norueguesa Norsk Hydro, uma das maiores empresas de alumínio do mundo, paralisou globalmente os sistemas de TI da companhia, forçando operações manuais em várias plantas. Estima-se que o prejuízo tenha ultrapassado US$ 70 milhões. Em 2021, um ataque à norte-americana Colonial Pipeline paralisou um dos maiores oleodutos dos EUA, afetando logística e preços. Apesar de ser uma empresa de energia, o caso impactou também cadeias de suprimento da mineração, especialmente na distribuição de combustíveis usados em maquinário pesado. Estes são apenas alguns exemplos de ocorrências notáveis envolvendo segurança cibernética. Diariamente, milhares de organizações ao redor do globo têm seus sistemas físicos e virtuais ameaçados por criminosos cujas estratégias estão cada vez mais complexas e sofisticadas.
“Diante desse cenário, é fundamental que o setor de mineração adote uma abordagem proativa em relação à cibersegurança. A proteção dos ativos digitais passou a ser tão importante quanto a segurança física das minas. Em um ambiente cada vez mais conectado e automatizado, garantir a integridade dos sistemas é assegurar a continuidade, a segurança e a competitividade da própria operação“, alerta Branquinho.
Três desafios a serem superados
O CEO da TI Safe aponta três desafios para vencer a guerra contra os “inimigos cibernéticos”. O primeiro é que a cibersegurança precisa se reinventar a todo momento para superar ataques cada vez mais complexos e sofisticados. “A criatividade dos hackers não tem limites, vemos diferentes tipos de ocorrências todos os dias“. O segundo diz respeito à necessidade de se criar uma cultura de proteção dentro das organizações que, em sua maioria, carecem de uma infraestrutura adequada para receber os chamados Sistemas Ciberfísicos. “Um dos pilares da TI Safe é a conscientização corporativa, ou seja, buscamos educar as empresas sobre a urgência do tema e quais caminhos seguir para mitigar danos“, explica Branquinho. O terceiro desafio está ligado à falta de profissionais. “Contamos com o heroísmo de alguns poucos, pois é uma área que ainda carece de pessoas. Criamos a Academia TI Safe que já formou milhares de especialistas para reduzir esse déficit, mas é difícil acompanhar o alto volume de demanda“, afirma.
Sobre a TI Safe: referência nacional em segurança cibernética para infraestruturas críticas, com foco em Sistemas Ciberfísicos (CPS). Desde 2007, protege os setores de energia, saneamento, mineração, óleo e gás, entre outros, com metodologia própria, equipe certificada e atuação comprovada.
Com sede no Rio de Janeiro e escritórios em São Paulo, Salvador e Curitiba, atende a mais de 150 grupos econômicos, incluindo grandes nomes como Energisa, Neoenergia, Petrobras, Itaipu, Gerdau e Klabin. Sua abordagem é baseada em CPS, Security Framework e é certificada na IEC 62443-2-4. Entrega soluções completas alinhadas ao NIST SP 800-82, à RO-CB.BR.01 (ONS) e à Diretiva 964 da ANEEL, combinando planejamento, tecnologia e operações 24×7 por SOCs especializados.
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