CUIABÁ
Search
Close this search box.

Justiça

MPF recomenda que ANM e órgãos ambientais exijam comprovação do método de extração do ouro

Publicado em

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou à Agência Nacional de Mineração (ANM) e aos órgãos estaduais de meio ambiente dos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima que declarem a nulidade de todas as licenças ambientais já concedidas para extração de ouro sem as exigências técnicas e ambientais. O documento também pede que a AMN e os estados não concedam títulos minerários e licenças ambientais para a extração de ouro sem a exigência prévia de especificação da técnica de beneficiamento adotada e a comprovação documental da tecnologia empregada.

O MPF ainda orienta que o uso de mercúrio metálico na atividade de mineração de ouro seja vedado em todo território dos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. A recomendação é resultado de investigação que revelou falhas graves nos procedimentos administrativos atualmente adotados. Tais irregularidades permitiram a continuidade do uso de mercúrio em atividades garimpeiras, apesar da vedação da Instrução Normativa nº 26/2024 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o uso da substância na atividade.A recomendação reforça que o uso de mercúrio constitui, por si só, causa de nulidade do título ou licença, salvo se houver comprovação da origem do produto e autorização expressa do Ibama, o que, segundo os dados apurados, inexiste no país. Além disso, o MPF considera inadmissível que a ANM e os órgãos ambientais estaduais continuem concedendo títulos e licenças sem controle sobre o método de beneficiamento utilizado.

Leia Também:  Ataques cibernéticos colocam empresas de mineração em alerta; danos vão de perdas financeiras à paralisação total de cadeias de suprimentos

O documento foi enviado ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), à Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh), à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam) e ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac). Atuais permissões – Em inquérito civil, foi apurado que a ANM tem concedido permissões de lavra garimpeira, concessões de lavra e autorizações de pesquisa com guia de utilização sem exigir informações sobre a utilização de mercúrio no processo de separação do ouro.

Além disso, a Agência também não pede comprovação da origem lícita da substância. No mesmo sentido, os órgãos ambientais estaduais também têm expedido licenças sem questionar ou fiscalizar a técnica de beneficiamento, inclusive quando há menção expressa ao uso de mercúrio nos pedidos de licenciamento. No caso do estado de Rondônia, a Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam) admitiu ter concedido licenças para atividades no leito do Rio Madeira, mesmo ciente da utilização da substância.Alerta – O MPF destaca que a omissão institucional compromete diretamente a proteção do meio ambiente e da saúde pública e salienta que o uso da substância em atividades de mineração não está autorizado por nenhum órgão competente.

Leia Também:  Brasil enfrenta aumento de custos e esgotamento de reservas na mineração

A aquisição pelos garimpeiros tem ocorrido por meio de canais ilegais, como o contrabando. A ANM e os órgãos estaduais têm 90 dias para adequar seus fluxos administrativos, incorporando a vedação ao uso de mercúrio em seus atos normativos, e 30 dias para revisar os títulos e licenças já expedidos nos quatro estados, exigindo dos titulares a comprovação técnica da técnica utilizada.Em caso de omissão, de justificativas genéricas ou de confirmação do uso de mercúrio, deverá haver a suspensão imediata do título, com possível anulação definitiva.

O MPF requisitou, ainda, que os órgãos apresentem, no prazo de 30 dias, resposta sobre o cumprimento das medidas recomendadas. O descumprimento poderá resultar no ajuizamento de ações civis públicas.A recomendação foi enviada pelo 2º Ofício da Amazônia Ocidental, unidade do MPF especializada no enfrentamento à mineração ilegal nos estados do Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia.Íntegra da recomendação

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

Notícias

Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram

Published

on

RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.

A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.

Leia Também:  Servidores da ANM devem entregar seus cargos na próxima semana

“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.

A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.

“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.

Leia Também:  Expominério 2024 reúne lideranças e empresários em evento que impulsiona a mineração no Centro-Oeste

O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.

Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.

Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.

Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.

“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”

COMENTE ABAIXO:
Continue Reading

MAIS LIDAS DA SEMANA