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SUSTENTABILIDADE

Mineração é setor essencial na transição energética

Publicado em

Brasil Mineral

A transição energética para uma matriz limpa e sustentável passa pela mineração. O consultor Paulo Misk explica que os elementos fornecidos pelo setor são indispensáveis para pensar num mundo mais sustentável. “A mineração é sim parte fundamental para fornecer matérias-primas para as novas tecnologias da transição energética, que vai limpar o planeta e que vai evitar o aquecimento global”, contextualiza.

A declaração aconteceu durante painel do 8° Encontro Nacional da Pequena e Média Mineração, que acontece em Goiânia até quinta-feira (29). Diversos representantes do setor refletiram sobre como a mineração e a transição energética estão relacionadas.

Também presente no painel, o gerente geral de exploração da Anglo American, Rodrigo Martins, explicou o que são esses materiais. “Minerais de transição são aqueles necessários para o avanço de tecnologias que contribuem para uma economia de baixa emissão de carbono. Essa é a realidade. O  contexto é a mudança da matriz energética, de petróleo e carvão, redução da emissão de carbono, países cada vez têm metas mais desafiadoras, de 2030 a 2050. Essas matrizes  energéticas demandarão cada vez mais minerais críticos, como energia solar, energia eólica, veículos elétricos, baterias”, contou.

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Um dos questionamentos levantados na oportunidade é sobre como a indústria do setor pode suprir o mercado com essa necessidade. Neste contexto, foi destacado que para tornar possível e viável a exploração desses minerais é importante uma visão de longo prazo do setor, para evitar riscos desnecessários e dar segurança à área, como explica o conselheiro sênior da Sigma Lithium, Vicente Lobo. “Nós temos que ter uma  política de desenvolvimento mineral estratégico, nós não podemos ficar à mercê”, destaca.

Esta postura é a mesma defendida pelo geólogo e vice-presidente executivo da Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM), Luciano Borges, que também destaca a importância  de fortalecer o mercado interno. “Como a gente mitiga os riscos políticos? Políticas públicas de longo prazo, com foco na redução da dependência externa”, reforçou.

O debate fez parte do 8º Encontro Nacional de Média e Pequena Mineração. Entre terça e quinta-feira, o evento promove uma série de paineis sobre diferentes temas relativos ao setor, em Goiânia.

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Como a China dominou minerais críticos da transição

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Tecnologias modernas têm como peças-chave 17 elementos da tabela periódica: as terras raras, essenciais para inteligência artificial, chips, bombas e produção de energia limpa. A China domina a produção, define preços e transforma esses metais em moeda geopolítica.

A mineração é apenas o primeiro passo. O maior desafio está no processamento, separação e refino dos elementos, que são caros e complexos.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que a China seja responsável por cerca de 61% da produção de terras raras e 92% do seu processamento. É justamente isso que confere ao país uma posição de força no tabuleiro da geopolítica.

As terras raras também são importantes para sistemas de defesa avançados, como fabricação de jatos militares, mísseis e sistemas de radar.

Isso garante à China um poder de barganha. Em resposta às tarifas impostas por Donald Trump, por exemplo, a China restringiu exportações de certos elementos, o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos e a de defesa.

Não foi a primeira vez que terras raras entraram no centro de disputa dos EUA. Em 2022, Trump chegou a negociar com a Ucrânia a extração desses minerais em meio às conversas sobre um possível acordo de paz com a Rússia, ainda nos primeiros meses da guerra.

Hoje, países correm para diversificar suas fontes de suprimento e fortalecer suas próprias produções. “Mesmo antes do governo Trump, a Europa já havia acendido o alerta para os riscos da dependência externa de minerais estratégicos”, diz Júlio Nery, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

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A ascensão chinesa

A China reconheceu o valor estratégico das terras raras nos anos 1960, quando os Estados Unidos ainda dominavam o mercado. Desde então, começou a copiar o modelo americano e comprou empresas estrangeiras – inclusive a maior empresa americana de ímãs de terras raras, a Magnequench.

Isso permitiu que a China tivesse em mãos as patentes, equipamentos e expertise técnica.  Nos anos 1990, o então líder chinês Deng Xiaoping (1904-1997), fez uma declaração que ficou famosa: “O Oriente Médio tem petróleo, a China tem terras raras.”

O investimento nesses minerais tornou-se uma estratégia de Estado. O país buscou consolidar a indústria, reduzindo-a para seis grandes empresas, em uma campanha chamada de “guerra secreta” contra a produção ilegal.

Também foram feitos investimentos em mapeamento geológico, a primeira etapa para o desenvolvimento da mineração, diz Guilherme Sonntag Hoerlle, geólogo e professor da Universidade Federal do Paraná.

“Há mais de 25 anos, a China investiu pesado em pesquisas nesses depósitos. Não porque tivesse reservas muito maiores, mas porque o governo chinês enxergou o potencial de longo prazo e manteve consistência”, diz.

Hoje, a China também tem consolidadas indústrias de carros elétricos, turbinas eólicas e robótica, que criam demanda interna significativa para terras raras e contribuem para gerar mais valor na cadeira.

Descaso ambiental

Esses avanços foram possíveis, em grande parte, porque a China operou sob quase nenhuma regra ambiental.

O processo de lixiviação (método químico usado para separar minerais), por exemplo, é feito em pilhas – o minério é empilhado e a solução química escoa dissolvendo os elementos; ou in situ, quando a reação é injetada diretamente no corpo mineral no próprio local.

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As soluções usam ácidos fortes, como sulfúrico, nítrico ou clorídrico, que podem se infiltrar no solo e contaminar água e ar. O processo também exige grandes volumes de água e gera resíduos sólidos que, se não forem tratados, se acumulam como passivo ambiental. Um dos casos mais emblemáticos é o lago de rejeitos tóxicos em Baotou, na Mongólia Interior.

A separação e o refino de terras raras usam mais energia que a mineração inicial. A estimativa é entre 9 e 13 vezes a mais para cada tonelada processada.

Agora, países como Japão, Austrália, Canadá e Arábia Saudita vêm estabelecendo limites em suas políticas de minerais críticos, para não depender só da China, segundo Nery, do Ibram. Nesse cenário, o Brasil teria uma “janela de oportunidade” comercial.

“Se criar as condições necessárias, [o Brasil] pode avançar na cadeia de valor e estimular a industrialização local”, diz.

O domínio chinês gera incertezas para investimentos em novas minas e refinarias em outros países. A imprevisibilidade do mercado e a manipulação de preços tornam esses projetos arriscados e afastam capital de companhias no ocidente.

As descobertas de minerais e os processos de extração são de alto risco e investimento. No caso do Brasil, apenas uma mina extrai e exporta – para a China – um produto mais “puro” de terras raras, sem a separação de cada elemento.

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