CUIABÁ
Search
Close this search box.

ARTIGO

Cooperativismo Mineral em Mato Grosso: Impulsionando a Economia e Transformando Desafios em Oportunidades

Publicado em

Gilson Camboim*

 

O cooperativismo mineral em Mato Grosso tem se destacado na economia do estado, com seus 7.450 cooperado, onde segundo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), que para cada posto de trabalho na mineração, são criados 13 outros empregos ao longo da cadeia produtiva, contribuindo assim, com 70 mil postos de trabalho, distribuídos em 21 municípios trazendo mais desenvolvimento local e distribuição de renda justa.

Hoje são 12 cooperativas do setor mineral registradas no Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso (Sistema OCB/MT), sendo 7 cooperativas de mineração de ouro, que não apenas impulsionam a economia local e das regiões onde atuam, mas também que contribuem significativamente para a economia do estado.

Segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), só em 2022, essas Cooperativas geraram em arrecadação cerca de R$ 16,42 milhões por meio da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e cerca de R$ 10,9 milhões através do Imposto sobre Operações Financeiras de Ouro (IOF-Ouro), isso resultou em uma movimentação de mais de R$ 1 bilhão na economia do estado.

Além da contribuição significativa para a economia, o cooperativismo mineral tem sido um pilar de sustentação para muitas cidades e comunidades em Mato Grosso, fomentando emprego em outros setores como vendas de máquinas e equipamentos, combustíveis e áreas profissionais como na contratação de geólogos, engenheiro de minas, engenheiro ambiental entre outros. O modelo cooperativo, com seu foco na equidade, democracia e participação local, é um motor de desenvolvimento regional, construindo economias resilientes e sustentáveis.

Leia Também:  Falta de profissionais na ANM afeta futuro da emissão de títulos minerários

O Cooperativismo mineral tem construído pontes entre atividade da Mineração Industrial com a Mineração de pequeno porte, e realizando parcerias com a comunidade acadêmica em trabalhos de TCC, pós-graduação, mestrado e doutorado, fortalecendo a aplicação práticas das teorias desenvolvidas, promovendo assim, maior envolvimento com as comunidades locais, haja visto que os associados das cooperativas são formados pela população local, favorecendo ainda mais a Licença Social para o setor mineral.

No entanto, apesar desses avanços notáveis, o setor enfrenta seus próprios desafios. Entre eles estão a necessidade de se investir em rastreabilidade, ter linhas de crédito especificas para atividade mineral, aprimorar as tecnologias de exploração e garantir um melhor aproveitamento do processo de mineração. Buscamos ainda sensibilizar a classe política para aprimorar a legislação brasileira para os avanços do setor, além de enfrentar o sucateamento da ANM, que necessita urgentemente de recursos financeiros, equiparação salarial, adequação do quadro em número de servidores, estrutura de tecnologia, equipamentos e veículos, pois é ANM – Agência Nacional de Mineração que é responsável pela gestão da atividade de mineração no país.

Leia Também:  Distribuição da CFEM a municípios impactados pela mineração depende de regulamentação

Para superar esses obstáculos, é crucial que as cooperativas de mineração em Mato Grosso, bem como o governo e as organizações parceiras, continuem a inovar e a adaptar-se. Juntos, podemos garantir que o cooperativismo mineral continue a ser uma fonte valiosa de emprego e renda, ao mesmo tempo em que protege e valoriza o rico patrimônio natural e cultural do estado, afinal Mato Grosso assim como o Brasil tem origem na mineração.

Em resumo, o cooperativismo mineral em Mato Grosso é uma história de sucesso, exemplo para outros estados, o que demonstra como a exploração mineral responsável e cooperativa pode promover o desenvolvimento econômico, ambiental e social. No entanto, é uma história que ainda está sendo escrita, com novos desafios a enfrentar e novas oportunidades a explorar.

 

*Gilson Camboim é representante das Cooperativas do setor Mineral do sistema OCB/MT e Coordenador Nacional do Cooperativismo Mineral na OCB

 

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

Artigos

O Brasil precisa assumir seu papel na corrida dos minerais críticos

Published

on

O Brasil está diante de uma oportunidade histórica. Com vastas reservas de lítio, nióbio, grafita, terras raras e outros minerais estratégicos, o país tem condições de se tornar protagonista da transição global para a energia limpa e a economia digital. Mas, para isso, é preciso abandonar improvisos e avançar em direção a uma política pública sólida e confiável.

O recente leilão da Agência Nacional de Mineração (ANM), no qual uma empresa recém-criada em Minas Gerais arrematou áreas de exploração maiores que o Distrito Federal, expôs de forma contundente a fragilidade do atual modelo. Ao permitir que agentes sem histórico ou capacidade financeira assumam concessões dessa magnitude, o Estado transmite o pior sinal possível: afasta investidores sérios e transforma recursos estratégicos em ativos especulativos.

Minerais críticos não são commodities comuns. Eles são a espinha dorsal da economia verde e digital, presentes em baterias, semicondutores, turbinas eólicas, telecomunicações e aplicações de defesa. Quem dominar sua produção, processamento e integração industrial terá papel decisivo na geopolítica do século XXI. Por isso, não se trata apenas de explorar reservas, mas de integrá-las a uma política industrial e tecnológica nacional.

Outros países compreenderam isso e já se moveram. A Turquia transformou suas reservas de boro em instrumento de influência industrial e diplomática, equilibrando cooperação entre Ocidente e China. A Índia lançou em 2025 a sua “National Critical Minerals Mission”, centralizando estratégia, conferindo ao governo federal autoridade exclusiva sobre os leilões e prevendo mais de mil projetos de exploração até 2031. O Canadá, por sua vez, vinculou sua política de minerais críticos diretamente à agenda climática e industrial, incentivando o refino doméstico e a agregação de valor local.

Leia Também:  Instituições autorizadas a operar com ouro devem utilizar a NF-e Ouro Ativo Financeiro

O Brasil não parte do zero. Em 2024, o IBRAM lançou o “Green Paper”: Fundamentos e Diretrizes para a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos (PNMCE), propondo eixos estruturantes como definição clara da lista de minerais prioritários, integração com a transição energética, governança democrática, agregação de valor local, circularidade e inovação. Esse documento já oferece um caminho consistente para estruturar uma política de Estado.

Mais recentemente, o próprio governo federal reconheceu a urgência do tema. O Ministério de Minas e Energia anunciou que a Política Nacional de Minerais Críticos será lançada ainda em 2025. Na Câmara dos Deputados, tramita o PL 2780/2024, que institui a PNMCE e cuja aprovação é esperada antes da COP30, em novembro. A ANM também criou um departamento dedicado exclusivamente a minerais críticos e estratégicos, fortalecendo a institucionalidade do tema.

Além disso, foi lançado, em conjunto com o setor privado, um novo Green Paper sobre minerais críticos e a COP30, reforçando o papel do Brasil na diplomacia global desses recursos. Estas iniciativas apontam para um alinhamento promissor entre Executivo, Legislativo e setor privado. Mas para que se traduzam em confiança e atração de investimentos, é indispensável que o país estabeleça regras claras de pré-qualificação, exigindo capacidade técnica e financeira robusta de qualquer empresa interessada em concessões. Não podemos permitir que aventureiros se apossem de ativos vitais à transição energética e à reindustrialização.

Leia Também:  ANM esclarece novas regras para repasses do dinheiro da CFEM na próxima sexta (20)

Se quisermos protagonismo, concessões devem ser condicionadas a compromissos de investimento real, processamento local e integração às cadeias produtivas nacionais. Mais que extrair, é preciso refinar, industrializar e inovar no Brasil.

A corrida global pelos minerais críticos não é apenas sobre geologia – é sobre visão, credibilidade e soberania. O Brasil tem os recursos, as propostas e as instituições necessárias para se tornar referência mundial. Agora falta transformar boas intenções em política pública efetiva e duradoura. A hora de agir é agora.

JEAN PAUL PRATES

*Mestre em Política Energética e Gestão Ambiental pela Universidade da Pensilvânia e Mestre em Economia da Energia pelo IFP School (Paris). Foi presidente da Petrobras (2023–2024) e senador da República (2019–2023)

COMENTE ABAIXO:
Continue Reading

MAIS LIDAS DA SEMANA