CUIABÁ
Search
Close this search box.

Artigos

Artigo: No xadrez da transição energética, seremos dama ou peão?

Publicado em

 

POR  ARNALDO  JARDIM*

No tabuleiro global da transição energética, o Brasil tem as peças certas, mas enfrenta um jogo complexo de desafios e oportunidades. Com um subsolo rico em minerais estratégicos e um vasto potencial de energia renovável, o país tem tudo para ser um líder na mudança para uma matriz energética mais verde. No entanto, obstáculos regulatórios e fiscais ameaçam essa trajetória promissora.

Nas reuniões da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, buscamos soluções para que o Brasil se destaque no cenário da transição energética. Temos um subsolo rico em minerais estratégicos essenciais, como nióbio, lítio, grafite, terras raras, entre outros, fundamentais para a fabricação de baterias, turbinas eólicas e novas tecnologias verdes. Somado a isso, temos um parque hidrelétrico bem estruturado, um imenso potencial de energia solar e eólica, bem como um ambiente geopolítico estável, sem conflitos bélicos ou desastres naturais de grande escala.

A realidade, entretanto, apresenta-se desafiadora. A recente Reforma Tributária introduziu o imposto seletivo sobre a mineração e temos, agora, o risco de aumento da carga tributária do setor. Isso representa uma ameaça direta à competitividade global dos produtos e insumos brasileiros, podendo desencadear a fuga de investimentos, impactar a segurança jurídica dos negócios, aumentar os custos de produção e, consequentemente, elevar os preços para os consumidores. Além disso, a alta carga tributária continua representando uma barreira significativa. São necessários incentivos adequados e legislações mais coerentes, capazes de garantir segurança jurídica para a indústria, de modo que nossos insumos e produtos minerais sejam mais competitivos no mercado internacional.

Leia Também:  O Brasil no mapa do futuro da mineração

Outro desafio é a falta de conhecimento de todo o potencial mineral do país, sendo preciso mais investimentos em mapeamento geológico em todas as escalas. Essa medida é importante não só para as estratégias econômicas, mas para o planejamento urbano, a gestão ambiental e, principalmente, para garantir a segurança e soberania nacional. Medidas de estímulo ao financiamento da pesquisa mineral são fundamentais se almejamos não apenas extrair seus recursos, mas transformá-los em produtos de alto valor agregado.

Nesse sentido, a Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) lançou a campanha #ANMForteJá, pelo fortalecimento e estruturação da Agência Nacional de Mineração (ANM). Com um deficit de mais de 1.400 servidores e um orçamento aquém de suas necessidades, ainda falta muito para termos uma ANM com capacidade de contribuir com a transição energética. Além de destravar o desenvolvimento da mineração, o fortalecimento é vital para a regulação e a fiscalização eficiente do setor.

A mais recente ação da FPMin para alavancar a produção mineral do Brasil será a realização do seminário Minerais Críticos e Estratégicos: Desafios e Fomento à Produção, marcado para hoje,  em parceria com a Comissão Especial da Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verde (Ceenergia), que terá a participação de representantes da academia, do Poder Executivo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do setor produtivo.

Leia Também:  O Brasil precisa de uma nova política para o setor mineral

É preciso agir com assertividade no momento de mudanças climáticas que o mundo atravessa. A mineração sustentável emerge não como uma jogada opcional, mas como um movimento essencial, sem o qual não é possível assumir um papel de protagonismo. Nesse jogo, a vitória será medida pela capacidade de transformar potencial em ação concreta, avançando, passo a passo, em direção a um legado de inovação e sustentabilidade.

 

* Deputado federal (Cidadania-SP), diretor da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) e presidente da Comissão Especial da Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verde (Ceenergia) 

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

Artigos

Nióbio, lítio e cobalto: o plano do governo para mapear as riquezas do Brasil

Published

on

Alexandre Silveira é ministro de Minas e Energia do Brasil

Detentor de extraordinários recursos minerais, o Brasil ainda não conhece com precisão a totalidade de seu potencial para exploração econômica. Com as oportunidades abertas pela transição energética e a demanda por minerais críticos e estratégicos, é urgente intensificar investimentos públicos e privados na identificação desse potencial por meio de tecnologias avançadas aplicadas ao mapeamento geológico.

O Plano Decenal de Mapeamento Geológico Básico (PlanGeo 2025-2034), desenvolvido pelo Ministério de Minas e Energia (MME), surge como resposta a esse desafio. O plano busca direcionar pesquisas para a descoberta de jazidas de minerais essenciais no desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono. Entre os exemplos estão lítio, cobre, grafita, elementos de terras raras, níquel, nióbio, cobalto e alumínio, além de fosfato e potássio, indispensáveis para elaboração de fertilizantes que garantem a segurança alimentar.

A execução do PlanGeo é liderada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), empresa pública vinculada ao MME. Entre as principais ações estão a identificação e a priorização de áreas estratégicas para mapeamento geológico sistemático, considerando um horizonte de 10 anos.

O PlanGeo tem como principais diretrizes: a produção de conhecimento para fomentar o desenvolvimento nacional e a geração de empregos; garantia de participação social na tomada de decisões públicas e transparência nos critérios, ações e resultados.

Leia Também:  Um dia ainda veremos diamantes baratos na vitrine da Tiffany's

Essas iniciativas são essenciais para promover a exploração sustentável dos recursos minerais, com foco nos benefícios sociais, como a geração de emprego e renda.

A construção do PlanGeo incluiu uma inédita consulta pública, acolhendo as demandas de diferentes setores: empresas de pesquisa mineral, universidades e instituições públicas. Como resultado, a versão preliminar definiu 60 blocos prioritários para mapeamento, com destaque para regiões como Pará, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Bahia e Acre.

Entre 1969 e 2023, cerca de 49% do território continental brasileiro foi mapeado na escala 1:250.000, e 27% na escala 1:100.000. Esses números representam o detalhamento das áreas mapeadas, mas evidenciam a necessidade de ampliar ainda mais essa cobertura.

A expansão do mapeamento geológico é fundamental para atrair investimentos nacionais e estrangeiros, reduzindo os riscos para empresas interessadas em pesquisa e exploração. Com maior disponibilidade de informações de qualidade, aumenta-se a confiança e a probabilidade de novos aportes em empreendimentos minerais.

O governo federal trabalha para consolidar o Serviço Geológico do Brasil como referência nacional e principal repositório de dados do setor. Para isso, busca-se a ampliação de instrumentos e ações que intensifiquem o conhecimento do subsolo em profundidade, além de estimular projetos de levantamento geológico desenvolvidos por empresas, universidades e instituições públicas.

Leia Também:  Mineradora canadense comemora recorde na produção de ouro em MT e anuncia projeção de investimentos

Também faz parte dos objetivos garantir o compartilhamento de dados geológicos durante a fase de pesquisa mineral, com a Agência Nacional de Mineração (ANM), bem como a incorporação desses dados a uma base nacional gerenciada pelo SGB.

Além do setor mineral, o mapeamento geológico é relevante para aumentar a disponibilidade de água no semiárido brasileiro e identificar insumos agrícolas que assegurem a qualidade e a competitividade dos alimentos. É fundamental reduzir a dependência internacional de fertilizantes, diminuindo custos agrícolas e beneficiando diretamente a população, especialmente as camadas de baixa renda, com maior segurança alimentar.

O PlanGeo representa um compromisso estratégico para o desenvolvimento sustentável do Brasil, unindo ciência, tecnologia e recursos naturais. Ao ampliar o conhecimento do solo e subsolo, o país se posiciona de maneira competitiva no cenário internacional, promovendo benefícios econômicos e sociais para toda a população.

Alexandre Silveira é ministro de Minas e Energia do Brasil

 

COMENTE ABAIXO:
Continue Reading

MAIS LIDAS DA SEMANA