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Crescimento sustentável da mineração transforma seu impacto na economia global

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Pela primeira vez desde 2016, o setor de mineração prevê que as receitas da indústria cairão por dois anos consecutivos. O desempenho do setor é fruto de uma combinação de questões cíclicas e estruturais que desafiam as empresas do setor a investir em crescimento e transformação, mesmo com receitas e margens de lucro sob pressão. A conclusão está no relatório 21º Global Mine, da PwC, que avalia as 40 maiores mineradoras do mundo, incluindo o Brasil.

A mineração ocupa um papel importante entre as indústrias globais pela sua participação tanto na construção de um futuro com baixa emissão de carbono, na infraestrutura para o desenvolvimento tecnológico, quanto na geração de alimentos. Em contraponto, em 2023, as receitas do setor caíram mais de 7% apesar do aumento na produção dos seus principais produtos. “A grande razão deste decréscimo está na queda das margens de lucro. E a tendência em 2024 é seguir as mesmas tendências”, avalia Patricia Seoane, sócia da PwC Brasil e líder para a indústria de mineração.

O relatório da PwC indica que em 2023, as 40 maiores mineradoras do mundo tiveram US$ 845 bilhões em receita, 7% a menos que em 2022, US$ 217 bilhões em EBITDA, queda de 26% em relação ao ano anterior, e US$ 90 bilhões de lucro líquido, 44% menor do que o percebido um ano antes. Já em 2024, as estimativas indicam receita de US$ 792 bilhões, 6% inferior à de 2023, EBITDA de US$ 171 bilhões, 21% menor que a do ano passado, e lucro líquido de US$ 55 bilhões, registrando queda de 36% em relação a 2023.

No ranking do Global Mine 2024, as cinco maiores mineradoras são, nesta ordem: BHP Group LTD (Austrália), Rio Tinto Group (Austrália e Reino Unido), China Shenhua Energy Company Limited (China), Glencore plc (Suíça), e Vale S.A. (Brasil). A brasileira CSN Mineração S.A, que entrou no ranking no ano passado, está na 34ª posição. O top 5 deste ano não diverge do registrado em 2023, quando a ordem foi: BHP Group LTD (Austrália), Rio Tinto Group (Austrália e Reino Unido), Glencore plc (Suíça), Vale S.A. (Brasil), e China Shenhua Energy Company Limited (China).

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Reinvenção do modelo de negócios

Os desafios do setor vão além das quedas de receita. Com o aumento das pressões regulatórias, econômicas e sociais, as empresas de mineração estão reinventando seus modelos de negócios para criar valor de novas formas e, ao mesmo tempo, atuar de modo mais eficaz como elementos importantes de ecossistemas emergentes.

O relatório Global Mine, da PwC, traz ainda uma atenção especial sobre como a indústria está se preparando para esta transformação. As empresas estão se reequipando e reinventando para ser uma peça fundamental do crescimento e isso significa pôr em destaque o papel que a mineração desempenha em em outras áreas como por exemplo no potencial e nos desafios da indústria complementar da mineração urbana (ou seja, a reciclagem) e na forma como o mundo se alimenta. Significa, ainda, aproveitar a tecnologia, incluindo o uso da inteligência artificial, para avançar em termos de produtividade, sustentabilidade e segurança de produção.

Em meio ao contexto de mudanças da indústria, as fusões e aquisições (M&As) continuam a ser uma estratégia crucial para mineradoras que desejam criar impacto. Embora o número de transações tenha caído em 2023, seu valor aumentou, assim como o foco em minerais críticos. Mas as transações de hoje — e de amanhã — não se relacionam simplesmente com ganho de escala. Elas estão centradas em como obter capacidades e ativos que permitam às empresas colaborar com parceiros em ecossistemas industriais mais amplos.

IA e mineração

Os sistemas de IA dependem de minerais e metais de diversas maneiras fundamentais. Os chips semicondutores são feitos de silício e contêm metais como cobre, ouro, estanho, níquel, paládio e prata. Os dispositivos de armazenamento dependem de metais como platina, paládio e ouro por suas propriedades magnéticas e condutoras. As instalações de data centers utilizam grandes quantidades de metal em sua construção.

A demanda por IA está contribuindo para aumentar a necessidade desses metais. Ao mesmo tempo, integrar a IA à mineração urbana permitirá que a indústria obtenha maior eficiência, melhores taxas de recuperação de material, custos reduzidos e menor impacto ambiental.

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“No nosso estudo, pudemos identificar que a IA pode ser usada de várias formas pela indústria de mineração, entre elas em tecnologias avançadas de classificação, na otimização da cadeia logística e no controle de qualidade de materiais reciclados”, complementa, Patricia Seoane.

Impacto na segurança alimentar

Por extrair materiais que são base para insumos agrícolas, a mineração tem um papel importante na produção de alimentos. Dados do Fórum Econômico Mundial indicam que para garantir um futuro com uma população bem alimentada no mundo, a produção agrícola necessita de um crescimento de 55% nas próximas duas décadas. Neste contexto, o fornecimento de matérias-primas necessárias para uma ampla gama de insumos e produtos consumíveis exigidos na agricultura, faz da mineração um agente importante neste processo.

Neste contexto, o Relatório Global Mine destaca seis principais contribuições dos minerais e metais para a melhoria da segurança alimentar:

1. Fertilizantes 

O fósforo e o potássio são minerais essenciais para a produção de fertilizantes.

2. Tratamento de água

O gesso e o ácido sulfúrico estão entre os produtos químicos utilizados no manejo da irrigação para evitar que a alcalinidade e a sodicidade da água afetem a saúde do solo.

3. Melhorias no solo

A cal (de carbonato de cálcio) é usada para ajustar os níveis de pH do solo, melhorando a disponibilidade de nutrientes e a estrutura do solo. A cal contém cálcio e frequentemente magnésio, nutrientes essenciais para as plantas.

4. Suplementos de micronutrientes

Zinco, boro, manganês, ferro, cobre e molibdênio, que são essenciais para a saúde das plantas, são frequentemente aplicados em pulverizações foliares ou como corretivos do solo.

5. Pesticidas e herbicidas

Muitos pesticidas e herbicidas contêm minerais como ingredientes ativos ou como transportadores. Fungicidas e herbicidas à base de cobre, por exemplo, têm sais metálicos.

6. Suplementos alimentares para animais

Cálcio, fósforo, magnésio e oligoelementos, vitais para a saúde animal, são adicionados à ração.

 

 

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Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram

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RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.

A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.

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“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.

A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.

“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.

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O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.

Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.

Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.

Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.

“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”

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