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Brasil exportou mais de R$ 200 bilhões em minérios em 2023

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Em 2023, o setor mineral brasileiro registrou um incremento nas exportações, alcançando US$ 42,98 bilhões (R$ 214,9 bilhões), um crescimento de 3,1% em relação ao ano anterior, conforme apontado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Paralelamente, as importações minerais apresentaram uma queda expressiva de 34,2%, totalizando US$ 11,02 bilhões, afetadas principalmente pela diminuição nos preços das commodities, apesar de um aumento de 4,7% no volume importado, que atingiu 41,9 milhões de toneladas.

No detalhamento das exportações, o minério de ferro dominou o setor, representando 71% do total das exportações minerais. Houve um embarque de 378,5 milhões de toneladas, marcando um aumento de 10% em relação a 2022, e um crescimento de 5,7% em valor, alcançando US$ 28,9 bilhões. Contrastando com este desempenho, as exportações de ouro declinaram tanto em volume quanto em valor, registrando uma queda de 19,3% em volume, para 77,7 toneladas, e de 28,9% em valor, para US$ 3,5 bilhões.

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Além disso, os embarques de cobre apresentaram um aumento significativo de 29,1% em volume, totalizando 1,35 milhão de toneladas, e de 26,3% em valor, somando US$ 3,46 bilhões. As exportações de nióbio também cresceram, com um aumento de 4,7% em volume, chegando a 86,3 mil toneladas, e um incremento de 9,4% em valor, atingindo US$ 2,25 bilhões.

Em relação às importações, o potássio registrou a maior queda em valor, com um decréscimo de 42,8%, fechando em US$ 5,1 bilhões, enquanto seu volume cresceu 12,9%, para 13,75 milhões de toneladas. As importações de carvão e enxofre também diminuíram, com reduções de 27,2% e 46,2% em valor, respectivamente.

Esse cenário resultou em um saldo comercial positivo de US$ 31,95 bilhões para o setor, um aumento de 28,3% em comparação a 2022. Contudo, o faturamento total do setor viu uma ligeira queda de 0,7%, somando R$ 248,2 bilhões, com variações específicas em diferentes minerais como minério de ferro, ouro e cobre.

A arrecadação de impostos e tributos pelo setor mineral também apresentou uma leve redução de 0,71%, totalizando R$ 85,6 bilhões, com a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) atingindo R$ 6,86 bilhões, 2,3% a menos que no ano precedente.

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Diante desses números, o presidente do Ibram levantou críticas ao aumento da carga tributária sobre o setor, manifestando preocupação com o impacto da reforma tributária, que incluiu um imposto seletivo. Uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi solicitada para discutir o desenvolvimento de políticas públicas que incentivem a produção de aço no Brasil, visando assegurar a competitividade do setor no cenário global.

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Como a China dominou minerais críticos da transição

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Tecnologias modernas têm como peças-chave 17 elementos da tabela periódica: as terras raras, essenciais para inteligência artificial, chips, bombas e produção de energia limpa. A China domina a produção, define preços e transforma esses metais em moeda geopolítica.

A mineração é apenas o primeiro passo. O maior desafio está no processamento, separação e refino dos elementos, que são caros e complexos.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que a China seja responsável por cerca de 61% da produção de terras raras e 92% do seu processamento. É justamente isso que confere ao país uma posição de força no tabuleiro da geopolítica.

As terras raras também são importantes para sistemas de defesa avançados, como fabricação de jatos militares, mísseis e sistemas de radar.

Isso garante à China um poder de barganha. Em resposta às tarifas impostas por Donald Trump, por exemplo, a China restringiu exportações de certos elementos, o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos e a de defesa.

Não foi a primeira vez que terras raras entraram no centro de disputa dos EUA. Em 2022, Trump chegou a negociar com a Ucrânia a extração desses minerais em meio às conversas sobre um possível acordo de paz com a Rússia, ainda nos primeiros meses da guerra.

Hoje, países correm para diversificar suas fontes de suprimento e fortalecer suas próprias produções. “Mesmo antes do governo Trump, a Europa já havia acendido o alerta para os riscos da dependência externa de minerais estratégicos”, diz Júlio Nery, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

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A ascensão chinesa

A China reconheceu o valor estratégico das terras raras nos anos 1960, quando os Estados Unidos ainda dominavam o mercado. Desde então, começou a copiar o modelo americano e comprou empresas estrangeiras – inclusive a maior empresa americana de ímãs de terras raras, a Magnequench.

Isso permitiu que a China tivesse em mãos as patentes, equipamentos e expertise técnica.  Nos anos 1990, o então líder chinês Deng Xiaoping (1904-1997), fez uma declaração que ficou famosa: “O Oriente Médio tem petróleo, a China tem terras raras.”

O investimento nesses minerais tornou-se uma estratégia de Estado. O país buscou consolidar a indústria, reduzindo-a para seis grandes empresas, em uma campanha chamada de “guerra secreta” contra a produção ilegal.

Também foram feitos investimentos em mapeamento geológico, a primeira etapa para o desenvolvimento da mineração, diz Guilherme Sonntag Hoerlle, geólogo e professor da Universidade Federal do Paraná.

“Há mais de 25 anos, a China investiu pesado em pesquisas nesses depósitos. Não porque tivesse reservas muito maiores, mas porque o governo chinês enxergou o potencial de longo prazo e manteve consistência”, diz.

Hoje, a China também tem consolidadas indústrias de carros elétricos, turbinas eólicas e robótica, que criam demanda interna significativa para terras raras e contribuem para gerar mais valor na cadeira.

Descaso ambiental

Esses avanços foram possíveis, em grande parte, porque a China operou sob quase nenhuma regra ambiental.

O processo de lixiviação (método químico usado para separar minerais), por exemplo, é feito em pilhas – o minério é empilhado e a solução química escoa dissolvendo os elementos; ou in situ, quando a reação é injetada diretamente no corpo mineral no próprio local.

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As soluções usam ácidos fortes, como sulfúrico, nítrico ou clorídrico, que podem se infiltrar no solo e contaminar água e ar. O processo também exige grandes volumes de água e gera resíduos sólidos que, se não forem tratados, se acumulam como passivo ambiental. Um dos casos mais emblemáticos é o lago de rejeitos tóxicos em Baotou, na Mongólia Interior.

A separação e o refino de terras raras usam mais energia que a mineração inicial. A estimativa é entre 9 e 13 vezes a mais para cada tonelada processada.

Agora, países como Japão, Austrália, Canadá e Arábia Saudita vêm estabelecendo limites em suas políticas de minerais críticos, para não depender só da China, segundo Nery, do Ibram. Nesse cenário, o Brasil teria uma “janela de oportunidade” comercial.

“Se criar as condições necessárias, [o Brasil] pode avançar na cadeia de valor e estimular a industrialização local”, diz.

O domínio chinês gera incertezas para investimentos em novas minas e refinarias em outros países. A imprevisibilidade do mercado e a manipulação de preços tornam esses projetos arriscados e afastam capital de companhias no ocidente.

As descobertas de minerais e os processos de extração são de alto risco e investimento. No caso do Brasil, apenas uma mina extrai e exporta – para a China – um produto mais “puro” de terras raras, sem a separação de cada elemento.

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