CUIABÁ
Search
Close this search box.

Notícias

REUTILIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO DE REJEITOS DE MINERAÇÃO É TEMA DE PESQUISA NA ESALQ

Publicado em

Para ressaltar que o ambiente geoquímico do solo é de extrema importância no destino e comportamento dos contaminantes foi realizado, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), um projeto intitulado “Biogeoquímica de ferro em solos impactados por rejeitos de mineração: da avaliação de risco às estratégias de biorremediação aprimoradas”. A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), retrata que o ferro é o quarto elemento mais abundante da crosta, tornando-se um constituinte frequente de solos, um micronutriente para os organismos e, ainda assim, pode ser um contaminante.

A pesquisa, realizada por Amanda Duim Ferreira, Doutora em Ciências com ênfase em Solos e Nutrição de Plantas, envolveu várias etapas para apontar soluções para a Foz do Rio Doce que, desde 2015, após o rompimento da barragem de Fundão, vem recebendo rejeitos de mineração de ferro que contém outros elementos como manganês, cromo, níquel, chumbo e cobre.

De acordo com a pesquisadora, esses rejeitos são constituídos por óxidos de ferro minerais que, em solos aerados, não apresentam toxidade, pois são estáveis nessas condições. Contudo, em solos alagados, os óxidos de ferro encontram condições favoráveis para se dissolverem e liberarem outros elementos potencialmente tóxicos que podem estar associados a eles.

O projeto contou com três objetivos principais. O primeiro, foi o de entender os fatores envolvidos na dissolução dos óxidos de ferro no estuário do Rio Doce como, por exemplo, influência das estações do ano e de diferentes plantas crescendo sobre o rejeito, tanto plantas nativas, quanto cultivadas. O segundo, foi realizar um levantamento de potenciais riscos à saúde humana pelo consumo de alimentos cultivados em solos impactados pelo rejeito. O terceiro, foi o de desenvolver estratégias de biorremediação, isto é, utilização de plantas e microrganismos para descontaminação dos solos impactados.

Leia Também:  Mais de 99% do ouro da Terra está no núcleo

Para desenvolver todo o projeto, que teve duração de cinco anos, Amanda contou com o apoio do Grupo de Estudos e Pesquisa em Geoquímica do Solo, também coordenado pelo seu orientador Prof. Tiago Osório Ferreira, do Depto. de Ciência do Solo da Esalq. A pesquisadora esclareceu que o grupo realiza monitoramentos no estuário do Rio Doce, desde antes do rompimento da barragem do Fundão.

Nos últimos cinco anos, foram realizadas quatro coletas de campo, três experimentos em laboratório e dois experimentos em campo. “Um dos desdobramentos desse projeto foi o trabalho da pesquisadora Tamires de Souza Patricia Cherubin, que trabalha no levantamento dos impactos do ‘Desastre de Mariana’ na saúde da população afetada, trabalho este também supervisionado pelo Prof. Tiago”, destacou a pesquisadora.

Os resultados do projeto indicam que, por meio das coletas e monitoramento, os fatores climáticos, físico-químicos e geoquímicos controlam a disponibilidade de metais nos solos do estuário. Precipitação pluviométrica, pH e teores de óxido de ferro menos cristalinos afetam a disponibilidade dos metais.

Taboa

A pesquisa mostrou, ainda, que a espécie de planta nativa taboa, Typha domingensis, apresentou potencial para remediação de áreas alagadas contaminadas com ferro, manganês e outros elementos potencialmente tóxicos, como cromo e níquel. Nos experimentos em campo, foram demonstrados que o manejo agronômico da Typha domingensis, especialmente com o uso de fertilizantes e de consórcios microbianos, resultou em maiores extrações de ferro e manganês do rejeito.

Leia Também:  A Necessidade de uma Bolsa de Venture Capital no Brasil

“Atualmente, o projeto de biorremediação foi finalizado, porém, estão em andamento os experimentos para aproveitamento do ferro e outros elementos de interesse econômico acumulados na biomassa da taboa”, esclareceu Amanda.

A pesquisa ressalta que o Brasil é um dos maiores exportadores de minério de ferro do mundo, em um cenário no qual a demanda global por metais tende a aumentar, o que poderá gerar um volume ainda maior de rejeitos de mineração. “A disposição de rejeitos em barragens representa um risco, visto que essas estruturas podem se romper gerando grandes desastres ambientais e humanitários como o Desastre de Mariana e o Desastre de Brumadinho. Determinar os possíveis riscos associados a esses rejeitos, bem como traçar estratégias de remediação e reaproveitamento são fundamentais para reutilização e valorização dos mesmos. A partir da biomassa dessa planta, estamos desenvolvendo um biominério de ferro extraído a partir do vegetal (agromining)”, explicou a pesquisadora.

Em solos alagados, devido a ausência de oxigênio, o ambiente geoquímico torna-se favorável a dissolução dos óxidos de ferro, o que aumenta a disponibilidade desse elemento e o risco de toxidade. “Portanto, a depender do ambiente, mesmo um elemento abundante e nutriente, como o ferro, pode se tornar um risco à saúde do ambiente”, concluiu Amanda.

O estudo faz parte do Projeto Tese Destaque, iniciativa da Divisão de Comunicação com apoio da Comissão de Pós-graduação, ambos da Esalq.

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

Notícias

Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram

Published

on

RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.

A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.

Leia Também:  Minera MT dá início a temporada 2023 do programa fazendo balanço de 2022 e apontando perspectivas para 2023

“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.

A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.

“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.

Leia Também:  ANM repassa R$450,5 mi em royalties da mineração atrasados, diz ministério

O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.

Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.

Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.

Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.

“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”

COMENTE ABAIXO:
Continue Reading

MAIS LIDAS DA SEMANA