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CALCÁRIO DE FORA

Projeto para taxar mineração prevê cobrança de R$ 7,06 por quilate de diamante e R$ 7,73 sobre grama de ouro; veja alíquotas

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O Projeto de Lei (Mensagem nº 179/2022) para taxar a mineração foi entregue pelo Governo do Estado à Assembleia Legislativa de Mato Grosso nesta segunda-feira (12). Ele ainda não foi colocado em votação, mas segundo as manifestações recentes dos parlamentares, deve obter apoio de quase todos os deputados. O valor da taxa – caso o projeto seja aprovado – será cobrado de acordo com a Unidade Padrão Fiscal do estado de Mato Grosso (UPF/MT), que é atualizada a cada mês.

Em dezembro de 2022, por exemplo, ela vale R$ 220,89. Caso a taxação já acontecesse neste mês, cada quilograma de diamante seria taxado em R$ 7,06 (0,032 de uma UPF/MT); e cada quilograma de ouro, R$ 7,73 (0,035 de uma UPF/MT). Como já era esperado, o calcário – minério muito usado na agricultura – ficou de fora da taxação.

A informação sobre uma lei para taxar a mineração já é comentada nos bastidores há algumas semanas. No último dia 1 de dezembro, o governador Mauro Mendes (UNIÃO) disse que ainda não conhecia com profundidade o projeto que vinha sendo elaborado, mas que achava também “razoável” a proposta da Associação Mato-grossense de Municípios para que uma parte do recurso arrecadado fique nos municípios onde a extração acontece.

“Todos precisam contribuir, assim como a soja contribui, o milho, a carne, vocês… Então, este setor também precisa contribuir com o Estado”, disse Mauro na ocasião.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, Cesar Miranda, a criação da taxa precisou ser costurada após uma auditoria sobre as receitas estaduais, realizada pelo Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT). Em abril, o TCE-MT apontou fragilidades na administração fazendária, renúncias de receita, exportação e gestão de dívidas no Estado. À frente do trabalho, o conselheiro-relator Antônio Joaquim emitiu 44 recomendações, todas acolhidas por unanimidade pelo Pleno da Corte de Contas.

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Ao longo de um ano, uma comissão formada por auditores públicos externos atuou junto à Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), à Procuradoria Geral do Estado (PGE) e à Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat).

Com relação ao controle e fiscalização das atividades de mineração, chamou a atenção do Tribunal a ausência de regulamentação estadual e as deficiências no controle e fiscalização. Em outros termos, segundo os dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), apenas 10 permissionários pessoas físicas monopolizam 40% das 847 PLGs outorgadas no estado de Mato Grosso relacionadas ao ouro, por exemplo.

O projeto

O PL, oficialmente, institui a “taxa de controle, acompanhamento e fiscalização das atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários (TRFM) e o Cadastro Estadual de Controle e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários, e dá outras providências”. Ele explica, ainda, que os Estados e municípios têm competência para registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direito de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.

Além da cobrança, o projeto prevê a criação de um cadastro de pessoas físicas e jurídicas autorizadas a realiza pesquisa, lavra, exploração ou aproveitamento de recursos minerais no Estado. A previsão, ainda segundo o PL, é de que a medida ocasione impacto positivo em R$ 158.878.090,28 na arrecadação do Estado, que deve ser também utilizado na fiscalização do cumprimento da lei.

Entram na cobrança tanto a lavra a céu aberto quanto a subterrânea e a garimpeira. Ficarão responsáveis pela fiscalização para o cumprimento da lei a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), com apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz).

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Os valores a serem cobrados variam de acordo com a UPF/MT vigente no dia da extração do minério, independente de sua destinação, com base em:

– 0,003 da UPF/MT por tonelada de arenito, basalto, filito, gabro, granito, quartzito

– 0,005 (cinco milésimos de inteiro) da UPFMT por tonelada de laterita;

– 0.005 (cinco milésimos de inteiro) da UPFMT por quilograma de cassiterita;

– 0,005 (cinco milésimos de inteiro) da UPFMT por quilate de diamante industrial:

– 0.02 (dois centésimos de inteiro) da UPFMT por tonelada de manganês;

– 0.032 (trinta e dois milésimos de inteiro) da UPFMT por quilate de diamante:

– 0,035 (trinta e cinco milésimos de inteiro) da UPFMT por grama de minério de ouro e/ou de ouro;

– 0. 079 (setenta e nove milésimos de inteiro) da UPFMT por tonelada de minério de ferro;

– 0.08 (oito centésimos de inteiro) da UPFMT por tonelada de minério de manganês:

– 0.43 (quarenta e três centésimos de inteiro) da UPFMT por quilograma de prata:

– 1.23 (um inteiro e vinte e três centésimos) da UPFMT por tonelada de minério de chumbo:

– 1.8 (um inteiro e oito décimos) da UPFMT por tonelada de minério de zinco:

– 4.9 (quatro inteiros e nove décimos) da UPFMT por tonelada de minério de cobre:

– 5.45 (cinco inteiros e quarenta e cinco centésimos) da UPFMT por tonelada de minério de titânio:

– 14.7 (quatorze inteiros e sete décimos) da UPFMT por tonelada de minério de níquel.

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Como a China dominou minerais críticos da transição

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Tecnologias modernas têm como peças-chave 17 elementos da tabela periódica: as terras raras, essenciais para inteligência artificial, chips, bombas e produção de energia limpa. A China domina a produção, define preços e transforma esses metais em moeda geopolítica.

A mineração é apenas o primeiro passo. O maior desafio está no processamento, separação e refino dos elementos, que são caros e complexos.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que a China seja responsável por cerca de 61% da produção de terras raras e 92% do seu processamento. É justamente isso que confere ao país uma posição de força no tabuleiro da geopolítica.

As terras raras também são importantes para sistemas de defesa avançados, como fabricação de jatos militares, mísseis e sistemas de radar.

Isso garante à China um poder de barganha. Em resposta às tarifas impostas por Donald Trump, por exemplo, a China restringiu exportações de certos elementos, o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos e a de defesa.

Não foi a primeira vez que terras raras entraram no centro de disputa dos EUA. Em 2022, Trump chegou a negociar com a Ucrânia a extração desses minerais em meio às conversas sobre um possível acordo de paz com a Rússia, ainda nos primeiros meses da guerra.

Hoje, países correm para diversificar suas fontes de suprimento e fortalecer suas próprias produções. “Mesmo antes do governo Trump, a Europa já havia acendido o alerta para os riscos da dependência externa de minerais estratégicos”, diz Júlio Nery, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

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A ascensão chinesa

A China reconheceu o valor estratégico das terras raras nos anos 1960, quando os Estados Unidos ainda dominavam o mercado. Desde então, começou a copiar o modelo americano e comprou empresas estrangeiras – inclusive a maior empresa americana de ímãs de terras raras, a Magnequench.

Isso permitiu que a China tivesse em mãos as patentes, equipamentos e expertise técnica.  Nos anos 1990, o então líder chinês Deng Xiaoping (1904-1997), fez uma declaração que ficou famosa: “O Oriente Médio tem petróleo, a China tem terras raras.”

O investimento nesses minerais tornou-se uma estratégia de Estado. O país buscou consolidar a indústria, reduzindo-a para seis grandes empresas, em uma campanha chamada de “guerra secreta” contra a produção ilegal.

Também foram feitos investimentos em mapeamento geológico, a primeira etapa para o desenvolvimento da mineração, diz Guilherme Sonntag Hoerlle, geólogo e professor da Universidade Federal do Paraná.

“Há mais de 25 anos, a China investiu pesado em pesquisas nesses depósitos. Não porque tivesse reservas muito maiores, mas porque o governo chinês enxergou o potencial de longo prazo e manteve consistência”, diz.

Hoje, a China também tem consolidadas indústrias de carros elétricos, turbinas eólicas e robótica, que criam demanda interna significativa para terras raras e contribuem para gerar mais valor na cadeira.

Descaso ambiental

Esses avanços foram possíveis, em grande parte, porque a China operou sob quase nenhuma regra ambiental.

O processo de lixiviação (método químico usado para separar minerais), por exemplo, é feito em pilhas – o minério é empilhado e a solução química escoa dissolvendo os elementos; ou in situ, quando a reação é injetada diretamente no corpo mineral no próprio local.

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As soluções usam ácidos fortes, como sulfúrico, nítrico ou clorídrico, que podem se infiltrar no solo e contaminar água e ar. O processo também exige grandes volumes de água e gera resíduos sólidos que, se não forem tratados, se acumulam como passivo ambiental. Um dos casos mais emblemáticos é o lago de rejeitos tóxicos em Baotou, na Mongólia Interior.

A separação e o refino de terras raras usam mais energia que a mineração inicial. A estimativa é entre 9 e 13 vezes a mais para cada tonelada processada.

Agora, países como Japão, Austrália, Canadá e Arábia Saudita vêm estabelecendo limites em suas políticas de minerais críticos, para não depender só da China, segundo Nery, do Ibram. Nesse cenário, o Brasil teria uma “janela de oportunidade” comercial.

“Se criar as condições necessárias, [o Brasil] pode avançar na cadeia de valor e estimular a industrialização local”, diz.

O domínio chinês gera incertezas para investimentos em novas minas e refinarias em outros países. A imprevisibilidade do mercado e a manipulação de preços tornam esses projetos arriscados e afastam capital de companhias no ocidente.

As descobertas de minerais e os processos de extração são de alto risco e investimento. No caso do Brasil, apenas uma mina extrai e exporta – para a China – um produto mais “puro” de terras raras, sem a separação de cada elemento.

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