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MINERAÇÃO

Mineração espacial aparece como alternativa futura, mas processo é caro e complexo

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Em um mundo marcado pela escassez e por conflitos geopolíticos por recursos naturais e minerais, a busca por novas técnicas e possibilidades para o enriquecimento humano torna-se frenética e, dentre as alternativas, a mineração espacial é uma das opções que vêm ocupando um grande interesse coletivo.

Em 27 de fevereiro de 2025, a AstroForge, empresa aeroespacial sediada na Califórnia, lançou a espaçonave Odin, avaliada em US$ 6,5 milhões. A missão contou com o foguete Falcon 9 e despertou grande atenção do público. A aeronave carrega um desafiador objetivo: sobrevoar o asteroide 2022 OB5, a cerca de 8 milhões de quilômetros da Terra, para avaliar sua composição e, assim, estudar a possibilidade de uma futura exploração de minérios preciosos, especialmente platina, em asteroides. A Odin foi construída em menos de dez meses e o investimento geral realizado pela AstroForge foi de mais de US$ 55 milhões (cerca de R$ 337 milhões).

A mineração espacial se caracteriza pela retirada de recursos específicos, principalmente minerais, de corpos celestes, como asteroides, Lua ou Marte, visando à coleta de minérios, produção de combustível e outros. A opção é vista como uma promissora alternativa à exploração terrestre, que se prova destrutiva e lentamente insuficiente para a continuidade do consumo humano. Segundo Douglas Galante, professor de Geobiologia do Instituto de Geociências da USP, a técnica tem um futuro promissor: “Ela [mineração espacial] tem um potencial econômico gigantesco, porque existem vários minérios de interesse econômico abundantes no espaço”.

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Pesquisa e desenvolvimento

De acordo com o professor, a técnica ainda passa por longos processos de pesquisa e desenvolvimento. Além de cara, é também bastante complexa, devido à alta tecnologia envolvida desde o lançamento da espaçonave até a extração dos minérios. Até hoje, nenhuma exploração espacial passou da Lua, tornando a AstroForge pioneira no campo. “A mineração no espaço é cara porque é feita no espaço, a ideia é que você tem que montar uma pequena indústria mineradora na Lua ou em Marte, até mesmo coletar asteroides inteiros e processar eles lá, porque não se pode trazer um asteroide para a Terra, mas processar o máximo no espaço e trazer para Terra apenas os insumos”, detalha Galante.

Apesar de complexa, se futuramente viável, a mineração espacial pode oferecer grandes ganhos aos seus exploradores. Estatísticas indicam que apenas um asteroide seria capaz de suprir a demanda da indústria tecnológica por anos, oferecendo a possibilidade de desaceleração da exploração terrestre. Entretanto, a possibilidade não exclui a massiva utilização de combustíveis fósseis nos lançamentos de foguetes ou a possível contaminação de corpos celestes, que seriam alterados durante o processo de mineração, o que pode gerar uma grande quantidade de lixo espacial.

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Outros entraves se relacionam com a geopolítica do ambiente espacial. Nos Estados Unidos, há a U.S. Commercial Space Launch Competitiveness Act, também conhecida como Space Act of 2015, lei que permite que empresas privadas explorem e tenham a posse de recursos extraídos de asteroides e outros corpos celestes. Entretanto, a lei não garante soberania nacional sobre os recursos, levando a crer que outros países também poderiam realizar a exploração. O cenário é favorável a uma possível disputa comercial, principalmente ao considerar-se os recentes entraves econômicos do governo Trump.

Apesar disso, Galante ressalta que, se bem planejada e discutida, a mineração espacial pode vir a favorecer a população global. “Se no horizonte, como civilização, almejamos ir além da Terra, acho que é essencial que a gente aprenda a fazer mineração espacial, da melhor forma possível, da maneira menos custosa e mais eficiente (…) Não precisamos pensar simplesmente no enriquecimento de poucos. A mineração espacial pode vir para o bem de muitos. Ela só tem que ser feita com cuidado e de forma transparente, para todos saberem o que está acontecendo.”

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Mineração se movimenta na COP e quer protagonismo na transição energética

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O setor mineral, de olho nas oportunidades que surgem na era da transição energética, enviou um time de peso para a COP30. O objetivo é reforçar a articulação com o governo, com representantes do setor ambiental e marcar território como protagonista na economia verde.

O diagnóstico é direto: não existe transição energética sem mineração.

Minerais, dos mais tradicionais — como ferro e ouro —, aos mais modernos, a exemplo de lítio, nióbio e terras raras, são insumos essenciais para a produção de tecnologias limpas, como baterias, turbinas eólicas e painéis solares.

Dados da IEA (Agência Internacional de Energia) apontam que a demanda por cobalto e elementos de terras raras deve crescer entre 50% e 60% até 2040, impulsionada pela transição energética.

Outro foco das empresas, que recentemente têm feito gestos de aproximação aos ambientalistas, é mostrar “a nova cara” da mineração, historicamente lembrada por seus impactos ambientais e por tragédias recentes.

Executivos afirmam que os avanços tecnológicos, a legislação mais rigorosa e os compromissos internacionais têm alinhado o setor às pautas sustentáveis.

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Apesar de ainda ser uma atividade poluente, argumentam que é insubstituível, assim como o petróleo.

Durante as duas semanas de evento, a estratégia é apresentar exemplos práticos de inovação, como o reaproveitamento de água em processos produtivos, e se aproximar de organizações ambientais, tradicionalmente críticas à atividade mineral.

Representantes de peso do setor, como o presidente da Vale, estarão no evento. A agenda comercial também é prioritária: estão previstos encontros de mineradoras com bancos tradicionais e de desenvolvimento, que têm lançado cada vez mais linhas de crédito voltadas ao setor.

Além disso, representantes do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) devem se reunir com autoridades dos governos do Canadá e da Austrália, países que vêm intensificando investimentos no setor mineral brasileiro.

Autoridades e executivos enxergam a COP como uma oportunidade de posicionar o Brasil como ambiente favorável a novos investimentos, especialmente de potências europeias e norte-americanas, em um momento em que o mundo busca garantir acesso seguro a minerais críticos.

Um dos argumentos que será levado à mesa pelas autoridades brasileiras, especialmente em conversas com países ocidentais, é a dominância da China nesse setor.

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Reduzir o protagonismo de Pequim tem sido uma das prioridades da nova gestão de Donald Trump.

No final de outubro, o encarregado de Negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu com representantes da australiana St George Mining, gigante do setor de mineração, dona do Projeto Araxá, em Minas Gerais, que concentra uma das maiores reservas de terras raras da América do Sul.

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