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Mineração do mar profundo é “ilusão sem futuro”
Publicado em
1 de agosto de 2023
As negociações no seio da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, sigla em inglês) para regular a mineração em mar profundo chegaram ao fim sem haver luz verde para dar início à atividade. Uma vitória para os ambientalistas e defensores de uma moratória até se perceber que impacto real tal atividade poderá ter nos oceanos
“Os investidores olham para o que aconteceu na semana passada e veem apenas uma indústria desesperada a tentar manter a ilusão de que tem futuro”, comenta Louisa Casson, ativista da Greenpeace.
A reunião dos 168 membros da assembleia, que decorreu durante três semanas e terminou no passado dia 28 de julho, teve forte contestação de duas dezenas de países, incluindo Portugal, que votou contra a mineração em mar profundo, exigindo a clarificação do quadro regulamentar e mais investigação científica.
As negociações no seio da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, sigla em inglês) para regular a mineração em mar profundo chegaram ao fim sem haver luz verde para dar início à atividade. Uma vitória para os ambientalistas e defensores de uma moratória até se perceber que impacto real tal atividade poderá ter nos oceanos
“Os investidores olham para o que aconteceu na semana passada e veem apenas uma indústria desesperada a tentar manter a ilusão de que tem futuro”, comenta Louisa Casson, ativista da Greenpeace.
A reunião dos 168 membros da assembleia, que decorreu durante três semanas e terminou no passado dia 28 de julho, teve forte contestação de duas dezenas de países, incluindo Portugal, que votou contra a mineração em mar profundo, exigindo a clarificação do quadro regulamentar e mais investigação científica.
“Ficou claro durante estas semanas que avançar irresponsavelmente para explorar o mar profundo no meio de uma crise climática não é apenas imprudente, mas politicamente tóxico. O mundo está a lutar contra a mineração em alto mar – há uma grande luta pela frente, mas a luta continua”, acrescentou a ativista.
Para além de países e ambientalistas contra a mineração, também 37 instituições financeiras, mais de 750 cientistas e a indústria pesqueira pediram uma moratória para deixar a ciência trabalhar e estudar os impactos da eventual atividade.
Tanto a Greenpeace como a WWF consideram que uma moratória que se concentre no imperativo da ciência e proteção dos oceanos é a única forma de proteger o planeta desta atividade.
“Vimos um intenso debate na ISA entre aqueles que desejam progredir na mineração do fundo do mar e aqueles que estão a escolher sabiamente uma gestão mais cautelosa para preservar o bem comum da humanidade”, sublinha Jessica Battle, líder da Iniciativa Nenhuma Mineração no Mar Profundo da WWF. “A decisão de compromisso alcançada abre a porta para uma discussão adequada envolvendo todos os Estados membros da ISA sobre a proteção do ambiente marinho e se a mineração do fundo do mar pode prosseguir”.
Até ao momento, 21 países aderiram ao pedido de proibição, pausa preventiva ou moratória da mineração no mar profundo, com o Canadá, Brasil, Finlândia e Portugal a fazerem esse anúncio durante as reuniões da ISA. Recorde-se que António Costa e Silva, ministro da Economia e do Mar, avançou nessa altura que “a delegação que representa Portugal exprimiu a posição que não podem existir quaisquer atividades de mineração no mar profundo”.
“Temos que fazer uma pausa precaucionária e penso que somos acompanhados por múltiplos países no mundo e, portanto, o que exigimos é a clarificação do quadro regulamentar e sobretudo o desenvolvimento de maiores atividades na área da investigação científica, do conhecimento científico, prevendo todas as lacunas, preenchendo todas as lacunas que existem”, referiu o ministro.
Empresas que representam 32% da indústria global de atum anunciaram também as suas preocupações, 37 instituições financeiras que administram mais 3,3 biliões de euros em ativos disseram que os riscos potenciais precisam de ser compreendidos e o comissário de direitos humanos da ONU aconselhou os governos a manifestarem-se contra a mineração em alto mar.
Recorde-se que o estudo publicado pela revista Nature Sustainability veio dizer também que a potencial mineração em águas profundas no Pacífico pode prejudicar a pescaria do atum, uma das mais valiosas do mundo, avaliada em 5,5 mil milhões de dólares anuais (cerca de 5 mil milhões de euros).
A nova análise refere que a mineração em águas profundas pode interferir na migração do atum, que está por sua vez a ser impulsionada pelas alterações climáticas para áreas do Oceano Pacífico onde a possibilidade de mineração está a ser estudada. Esta novas dinâmicas de migração aumentam o potencial de conflito entre algumas pescarias e a possível mineração na Zona Clarion-Clipperton, uma zona de fratura geológica localizada a sudeste do Havai.
As negociações no seio da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, sigla em inglês) para regular a mineração em mar profundo chegaram ao fim sem haver luz verde para dar início à atividade. Uma vitória para os ambientalistas e defensores de uma moratória até se perceber que impacto real tal atividade poderá ter nos oceanos
“Os investidores olham para o que aconteceu na semana passada e veem apenas uma indústria desesperada a tentar manter a ilusão de que tem futuro”, comenta Louisa Casson, ativista da Greenpeace.
A reunião dos 168 membros da assembleia, que decorreu durante três semanas e terminou no passado dia 28 de julho, teve forte contestação de duas dezenas de países, incluindo Portugal, que votou contra a mineração em mar profundo, exigindo a clarificação do quadro regulamentar e mais investigação científica.
“Ficou claro durante estas semanas que avançar irresponsavelmente para explorar o mar profundo no meio de uma crise climática não é apenas imprudente, mas politicamente tóxico. O mundo está a lutar contra a mineração em alto mar – há uma grande luta pela frente, mas a luta continua”, acrescentou a ativista.
Para além de países e ambientalistas contra a mineração, também 37 instituições financeiras, mais de 750 cientistas e a indústria pesqueira pediram uma moratória para deixar a ciência trabalhar e estudar os impactos da eventual atividade.
Tanto a Greenpeace como a WWF consideram que uma moratória que se concentre no imperativo da ciência e proteção dos oceanos é a única forma de proteger o planeta desta atividade.
“Vimos um intenso debate na ISA entre aqueles que desejam progredir na mineração do fundo do mar e aqueles que estão a escolher sabiamente uma gestão mais cautelosa para preservar o bem comum da humanidade”, sublinha Jessica Battle, líder da Iniciativa Nenhuma Mineração no Mar Profundo da WWF. “A decisão de compromisso alcançada abre a porta para uma discussão adequada envolvendo todos os Estados membros da ISA sobre a proteção do ambiente marinho e se a mineração do fundo do mar pode prosseguir”.
Até ao momento, 21 países aderiram ao pedido de proibição, pausa preventiva ou moratória da mineração no mar profundo, com o Canadá, Brasil, Finlândia e Portugal a fazerem esse anúncio durante as reuniões da ISA. Recorde-se que António Costa e Silva, ministro da Economia e do Mar, avançou nessa altura que “a delegação que representa Portugal exprimiu a posição que não podem existir quaisquer atividades de mineração no mar profundo”.
“Temos que fazer uma pausa precaucionária e penso que somos acompanhados por múltiplos países no mundo e, portanto, o que exigimos é a clarificação do quadro regulamentar e sobretudo o desenvolvimento de maiores atividades na área da investigação científica, do conhecimento científico, prevendo todas as lacunas, preenchendo todas as lacunas que existem”, referiu o ministro.
Empresas que representam 32% da indústria global de atum anunciaram também as suas preocupações, 37 instituições financeiras que administram mais 3,3 biliões de euros em ativos disseram que os riscos potenciais precisam de ser compreendidos e o comissário de direitos humanos da ONU aconselhou os governos a manifestarem-se contra a mineração em alto mar.
Recorde-se que o estudo publicado pela revista Nature Sustainability veio dizer também que a potencial mineração em águas profundas no Pacífico pode prejudicar a pescaria do atum, uma das mais valiosas do mundo, avaliada em 5,5 mil milhões de dólares anuais (cerca de 5 mil milhões de euros).
A nova análise refere que a mineração em águas profundas pode interferir na migração do atum, que está por sua vez a ser impulsionada pelas alterações climáticas para áreas do Oceano Pacífico onde a possibilidade de mineração está a ser estudada. Esta novas dinâmicas de migração aumentam o potencial de conflito entre algumas pescarias e a possível mineração na Zona Clarion-Clipperton, uma zona de fratura geológica localizada a sudeste do Havai.
“O oceano já está sob stress severo devido a múltiplas pressões, incluindo pesca predatória, poluição e alterações climáticas. A mineração do fundo do mar apenas adicionaria outra pressão num momento em que deveríamos restaurar o oceano, para que ele possa cumprir o seu potencial como nosso principal aliado contra a crise climática”, sublinha Jessica Battle.
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Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram
Published
2 semanas atráson
23 de outubro de 2025
RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.
A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.
Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.
No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.
O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.
“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.
ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.
A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.
“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.
O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.
Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.
Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.
Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.
“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”