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MINERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Minas da baixada cuiabana recebem certificação de ouro responsável

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Mineradores da baixada cuiabana vem colhendo os frutos da extração responsável do ouro, com respeito ao meio ambiente, aos direitos humanos, bem-estar dos trabalhadores e população das comunidades ligadas à atividade.

Nesta semana, mais duas minas localizadas no município de Nossa Senhora do Livramento (cerca de 45 km de Cuiabá) receberam o certificado de produção de ouro responsável do programa do governo da Confederação Suíça e da Associação Suíça Ouro Responsável (Swiss Better Gold Association), após cumprirem com a segunda fase do projeto.

A partir de agora, as mineradoras Cangas e Chimbuva (operada pelo Grupo Fomentas Mining Company) passam a exportar para o mercado suíço o ouro responsável e recebem a bonificação para cada grama de ouro comercializado. A mineração Santa Clara, também do Grupo Fomentas foi a primeira a receber a certificação.

As certificações foram entregues durante visita técnica de membros da Swiss Better Gold (SBG) às minas, entre os dias 15 e 18 de agosto. Mineradoras que se encontram na primeira fase do projeto e eventuais novos parceiros também receberam a visita.

Durante o período, a equipe composta por representantes de refinarias, investidores, compradores e membros do programa suíço que incentiva a produção responsável de ouro também assinaram acordo com os mineradores certificados, para eliminação gradual de mercúrio no processo de amalgamação.

De acordo com Érika Cavalheiro, consultora do SBGA, após a certificação, o programa suíço continua com o acompanhamento das atividades nas minas para garantir o cumprimento dos critérios impostos em todos os momentos.

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“Em caso de retrocesso, a certificação não terá mais validade para exportação do ouro responsável. Isso estimula com que as mineradoras se mantenham dentro dos critérios. Além disso, as minas certificadas também assinaram acordo para eliminação do mercúrio, que acontecerá de forma viável e conforme a realidade de cada uma delas”, explicou.

Ainda segundo a consultora, as visitas dos membros do programa às minas da baixada cuiabana demonstram interesse em conhecer as operações e a complexidade de cada etapa do processo de extração mineral do ouro.

“Eles conseguem ver a transparência com que as minas trabalham e como os critérios do programa são implementados, oferecendo ao cliente final, principalmente as grandes marcas, um ouro proveniente de uma mineração limpa e responsável”, frisou.

Para Pedro Eugênio Gomes Procópio da Silva, diretor da Fênix DTVM, empresa regulamentada pelo Banco Central para compra e venda de ouro e principal intermediador do programa de ouro responsável no país, a iniciativa comprava o comprometimento da cadeia produtiva da pequena e média mineração do ouro, com as boas práticas atuais.

“A Fênix fica muito feliz em fazer parte desse projeto internacional que reconhece a boa mineração de ouro mato-grossense. E não só isso, o setor privado vem buscando alternativas que possam atender as exigências do mercado atual, colaborando com a implantação de certificações nacionais, investindo em projetos de rastreabilidade e novas tecnologias que possam mudar a concepção da pequena e média mineração de ouro no Brasil”, declarou.

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Diretor da Chimbuva Mineração, Ronny Morais Costa, agradeceu o incentivo da Fênix DTVM no apoio às melhorias apresentadas ao setor da pequena e média mineração do Estado, diferenciando do trabalho de quem exerce a atividade ilegalmente.

“Para nós é uma grande satisfação receber essa certificação internacional, que comprova que a cada dia estamos aprimorando e trabalhando da forma correta, demonstrando que não são todos os mineradores que são maus vistos pela sociedade, ao contrário, contribuímos com muitas ações sociais na nossa comunidade. Também agradecemos a parceria com a Fênix DTVM, um catalisador dessa conquista”, comemorou.

Na primeira fase do programa, as minerações SB e 4M, no município de Poconé (104 km de Cuiabá), estão empenhadas em atingirem a certificação. “Nosso objetivo em fazer parte desse processo é gerar sustentabilidade ambiental e promover o ouro do bem na nossa região vai trazer mais qualificação das minas, das operações e das pessoas que trabalham nesse meio”, sustentou Márcio Bozetti, responsável pelas minas SB e 4M.

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Como a China dominou minerais críticos da transição

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Tecnologias modernas têm como peças-chave 17 elementos da tabela periódica: as terras raras, essenciais para inteligência artificial, chips, bombas e produção de energia limpa. A China domina a produção, define preços e transforma esses metais em moeda geopolítica.

A mineração é apenas o primeiro passo. O maior desafio está no processamento, separação e refino dos elementos, que são caros e complexos.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que a China seja responsável por cerca de 61% da produção de terras raras e 92% do seu processamento. É justamente isso que confere ao país uma posição de força no tabuleiro da geopolítica.

As terras raras também são importantes para sistemas de defesa avançados, como fabricação de jatos militares, mísseis e sistemas de radar.

Isso garante à China um poder de barganha. Em resposta às tarifas impostas por Donald Trump, por exemplo, a China restringiu exportações de certos elementos, o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos e a de defesa.

Não foi a primeira vez que terras raras entraram no centro de disputa dos EUA. Em 2022, Trump chegou a negociar com a Ucrânia a extração desses minerais em meio às conversas sobre um possível acordo de paz com a Rússia, ainda nos primeiros meses da guerra.

Hoje, países correm para diversificar suas fontes de suprimento e fortalecer suas próprias produções. “Mesmo antes do governo Trump, a Europa já havia acendido o alerta para os riscos da dependência externa de minerais estratégicos”, diz Júlio Nery, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

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A ascensão chinesa

A China reconheceu o valor estratégico das terras raras nos anos 1960, quando os Estados Unidos ainda dominavam o mercado. Desde então, começou a copiar o modelo americano e comprou empresas estrangeiras – inclusive a maior empresa americana de ímãs de terras raras, a Magnequench.

Isso permitiu que a China tivesse em mãos as patentes, equipamentos e expertise técnica.  Nos anos 1990, o então líder chinês Deng Xiaoping (1904-1997), fez uma declaração que ficou famosa: “O Oriente Médio tem petróleo, a China tem terras raras.”

O investimento nesses minerais tornou-se uma estratégia de Estado. O país buscou consolidar a indústria, reduzindo-a para seis grandes empresas, em uma campanha chamada de “guerra secreta” contra a produção ilegal.

Também foram feitos investimentos em mapeamento geológico, a primeira etapa para o desenvolvimento da mineração, diz Guilherme Sonntag Hoerlle, geólogo e professor da Universidade Federal do Paraná.

“Há mais de 25 anos, a China investiu pesado em pesquisas nesses depósitos. Não porque tivesse reservas muito maiores, mas porque o governo chinês enxergou o potencial de longo prazo e manteve consistência”, diz.

Hoje, a China também tem consolidadas indústrias de carros elétricos, turbinas eólicas e robótica, que criam demanda interna significativa para terras raras e contribuem para gerar mais valor na cadeira.

Descaso ambiental

Esses avanços foram possíveis, em grande parte, porque a China operou sob quase nenhuma regra ambiental.

O processo de lixiviação (método químico usado para separar minerais), por exemplo, é feito em pilhas – o minério é empilhado e a solução química escoa dissolvendo os elementos; ou in situ, quando a reação é injetada diretamente no corpo mineral no próprio local.

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As soluções usam ácidos fortes, como sulfúrico, nítrico ou clorídrico, que podem se infiltrar no solo e contaminar água e ar. O processo também exige grandes volumes de água e gera resíduos sólidos que, se não forem tratados, se acumulam como passivo ambiental. Um dos casos mais emblemáticos é o lago de rejeitos tóxicos em Baotou, na Mongólia Interior.

A separação e o refino de terras raras usam mais energia que a mineração inicial. A estimativa é entre 9 e 13 vezes a mais para cada tonelada processada.

Agora, países como Japão, Austrália, Canadá e Arábia Saudita vêm estabelecendo limites em suas políticas de minerais críticos, para não depender só da China, segundo Nery, do Ibram. Nesse cenário, o Brasil teria uma “janela de oportunidade” comercial.

“Se criar as condições necessárias, [o Brasil] pode avançar na cadeia de valor e estimular a industrialização local”, diz.

O domínio chinês gera incertezas para investimentos em novas minas e refinarias em outros países. A imprevisibilidade do mercado e a manipulação de preços tornam esses projetos arriscados e afastam capital de companhias no ocidente.

As descobertas de minerais e os processos de extração são de alto risco e investimento. No caso do Brasil, apenas uma mina extrai e exporta – para a China – um produto mais “puro” de terras raras, sem a separação de cada elemento.

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