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MAIS DE 100 MINAS

Mato Grosso tem 4 regiões com alto potencial de diamante

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Mato Grosso tem quatro regiões potenciais para a produção e exportação de diamantes: os distritos diamantíferos de Juína, Alto Paraguai, Paranatinga e do Rift do Rio das Mortes. Esse último contempla toda a região de Guiratinga, Poxoréu, Torixoréu, Tesouro, Diamantino e Barra do Garças.

Os dados são da Companhia Matogrossense de Mineração (Metamat), que mapeia os minérios no estado e aponta que a mineração de diamantes ainda é pouco explorada se comparada ao enorme potencial. Para técnicos do órgão, Mato Grosso tem a capacidade de voltar a ocupar o primeiro lugar no ranking nacional de produtores da pedra preciosa, com mais de 100 minas subterrâneas de diamantes mapeadas, os chamados kimberlitos.

“A exploração diamante em Mato Grosso é histórica, começou em 1908. O primeiro ciclo foi na época dos Bandeirantes, com a descoberta da região de Diamantino, inclusive sendo este o motivo pelo nome da cidade, que teve diamantes encontrados antes mesmo do estado de Minas Gerais. Depois houve um segundo ciclo no início do século XX, quando a população baiana migrou para cá e fundou o primeiro povoamento onde hoje são os municípios de Guiratinga, Poxoréu e Tesouro. Muitas pequenas vilas foram geradas nessa época em Diamantino, Nortelândia, Arenápolis e região”, conta o geólogo da Metamat, Antônio João Paes de Barros.

Por mais de 10 anos, Mato Grosso ficou no posto de maior produtor e exportador da pedra preciosa tão cobiçada. Em 2006, 173 mil quilates de diamantes foram produzidos, movimentando U$ 3,4 bilhões na exportação do minério. Em 2008, o estado chegou a exportar U$ 9,7 bilhões, como mostra a tabela a seguir. O diamante gemológico, que é aquele de qualidade para ser lapidado, custa hoje em média de R$ 1,7 mil o quilate, por isso a produção gera lucros tão expressivos.

Conforme explica Antônio João, Mato Grosso ocupou a primeira posição por mais de uma década, sendo responsável pela maior parte de toda a produção nacional nesse período. Nos anos de 2006, 2011 e 2015, por exemplo, o Estado respondia por mais de 90% de toda a produção da pedra preciosa no Brasil. No entanto, em 2016 perdeu o posto para a Bahia, após o estado nordestino encontrar um único Kimberlito, uma mina subterrânea.

No ano em que começou a ser explorada na Bahia, essa única mina alcançou uma produção de 190 mil quilates de diamante, passando de 200 mil quilates um ano depois. Por isso, com apenas um kimberlito, Bahia ultrapassou Mato Grosso em uma produção estratosférica. No entanto, o geólogo afirma que Mato Grosso tem o potencial de recuperar esse espaço, já que mapeamentos da área apontam mais de 100 kimberlitos a serem explorados no subsolo matro-grossense.

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“O kimberlito é uma fonte primária de diamante, é uma rocha fonte, que vem de pelo menos 80 km de profundidade, na base da crosta, e ascende até a superfície. É um corpo vulcânico que leva essa pedra até o solo.

Atualmente, Mato Grosso só faz exploração secundária, que são dos sedimentos rasos, mas Mato Grosso tem mais de 100 corpos de kimberlitos mapeados, alguns mineralizados com diamante, que podem ser explorados. Então imagina, se a Bahia com apenas um kimberlito conseguiu ultrapassar Mato Grosso na produção, o que não podemos fazer com tanto potencial, com centenas desses corpos subterrâneos no nosso estado?”, questiona o pesquisador.

Os kimberlitos mapeados estão principalmente em uma faixa chamada AZ 125°, indicada no mapa acima pelos dois traços pontilhados em vermelho. Segundo Antonio João, o estado é um dos que tem maior número de kimberlitos mapeados no Brasil.

“Essa faixa é uma antiga pluma do manto que migrou e abriu a crosta, gerando os kimberlitos ao longo dessa zona. Um exemplo é que todo o fosfato do Brasil está nessa faixa, no estado de Goiás e Minas Gerais. Em Mato Grosso, o estudo não apontou fosfato, mas apontou diamante”, esclarece Antônio João.

Potencial desperdiçado

Apesar desse potencial mineral, Mato Grosso não conseguiu alçar o desenvolvimento no setor ao nível dos patamares de estados como Minas Gerais, Pará e Bahia. Em 2022, Mato Grosso produziu 19,5 mil quilates de diamante, movimentando R$ 3,9 milhões, em uma indústria que já foi bilionária. A produção é bem aquém dos anos anteriores. Esse número é oriundo da exploração em duas regiões: Juína e Poxoréu.

“As outras áreas potenciais não têm mineração legal. Por exemplo, Alto Paraguai, Paranatinga, e Diamantino não tem nenhuma área legal produzindo diamante. Nova Mutum tem uma pequena área na região do Jatobá e Poxoréu tem uma outra pequena área. Ao todo, hoje Mato Grosso não tem nem dez áreas legais produzindo diamantes, apesar do potencial ser infinitamente maior. Na década de 80 teve muita perseguição, que acabou criminalizando a atividade ”, pontua Antônio João.

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Para ele, esse potencial está sendo desperdiçado devido a dois fatores principais: falta de conhecimento geológico e informações para se atrair investidores, e a burocracia estatal.

“Faltam pesquisas, mapeamentos geológicos em escala adequada e uma malha de sondagens, compatível com a necessária para a definição de reservas. Esses municípios têm potencial muito grande, mas que não é explorado por desconhecimento de realidade. Hoje é possível fazer um garimpo sem degradar o que você degradou no passado, por exemplo. Mas o Estado continua esbarrando em questões burocráticas e restrição ambientais, quando a mineração poderia contribuir muito com o desenvolvimento de Mato Grosso, principalmente nessas quatro regiões com distritos diamantíferos”, afirma.

Minas em pequenas áreas

De acordo com o geólogo, o potencial mineral no estado também é positivo pois, diferente do agronegócio, que precisa utilizar milhares de hectares para a produção, as minas de diamantes são pequenas áreas.

“Um kimberlito de menos de 2 hectares produziu mais de 100 mil quilates de diamantes. Para ter uma noção, a mesma coisa que Mato Grosso exporta em soja e milho, o Pará exporta em minérios, só que em uma área de apenas 11 mil hectares”, exemplifica.

Por causa disso, o geólogo reforça a necessidade do fomento. “Hoje, se dessas centenas tivesse pelo menos um kimberlito produzindo, o cenário já mudaria. Então tem que ter estudo, tem que ter política mineradora, como na Bahia. Mato Grosso deveria ser minerador, mas acaba sendo apenas garimpeiro”, critica.

O secretário de Adjunto de Indústria, Comércio e Empreendedorismo do Estado, Paulo Leite, afirma que essas políticas já estão sendo pensadas e que o setor minerador tem se tornado uma das prioridades da Sedec.

“O diamante é forte desde a época que os bandeirantes chegaram aqui, e temos o conhecimento da produção em Juína e Poxoréu, mas vamos começar um cadastramento para conhecer o tamanho dessa atividade econômica em todo o estado. Nós queremos, com esse cadastro, buscar quem explora, quanto explora, onde, para executar políticas que fomentem a atividade na região”, afirma

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GT da Mineração debate potencial mineral e sustentabilidade em MT

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A Assembleia Legislativa de Mato Grosso sediou, nesta segunda-feira (8), reunião do Grupo de Trabalho (GT) responsável por discutir políticas públicas para o setor mineral. O encontro reuniu pesquisadores, representantes do setor produtivo e autoridades para debater a exploração de minerais críticos e estratégicos, entre eles as chamadas “terras raras”, recursos naturais escassos, de alto valor tecnológico e estratégico.

O professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Francisco Pinho destacou que o estado reúne condições geológicas favoráveis para a presença desses minerais, associados a rochas alcalinas conhecidas desde os estudos do Projeto RadamBrasil, na década de 1970. Afirmou ainda que as terras raras são fundamentais para a transição energética, usadas em motores elétricos de alta performance e ímãs super-resistentes, hoje dominados pela indústria chinesa.

“Mato Grosso é um terreno promissor. Cada nova descoberta de rochas alcalinas, como as que temos em Planalto da Serra, amplia a perspectiva de que o estado se torne referência na produção de terras raras”, disse.

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O debate também trouxe exemplos práticos de inovação. Na baixada cuiabana, um pequeno minerador está investindo em tecnologia limpa: frota elétrica de caminhões de 95 toneladas, painéis solares e eletropostos, medidas que reduzem a emissão de dióxido de carbono e tornam a mineração mais responsável.

A deputada Sheila Klener (PSDB) ressaltou, porém, que avanços tecnológicos não podem andar dissociados da responsabilidade social. “Não é aceitável que municípios que mais arrecadam com a Contribuição Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) convivam com a fome, a falta de saneamento e a má gestão de resíduos. É dever do governo e dos órgãos de controle fiscalizar a aplicação desses recursos”, disse, citando cidades como Nobres, Poconé e Aripuanã.

á a vice-presidente do GT, Tais Costa, informou que uma minuta de políticas públicas para o setor será apresentada em setembro. O documento, elaborado em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), prevê a realização de audiências públicas e consultas à sociedade em diferentes regiões do estado. “Nosso objetivo é construir uma política estadual consistente, capaz de alinhar desenvolvimento econômico, inovação e sustentabilidade”, explicou.

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O idealizador do GT, deputado Max Russi (PSB), defendeu que o debate também alcance fóruns internacionais, como os da Organização das Nações Unidas (ONU), inserindo Mato Grosso na agenda global de energia limpa e mineração responsável.

O encontro destacou que o futuro econômico de Mato Grosso envolve não apenas a exploração do ouro, mas também de outros minerais considerados estratégicos para as transformações tecnológicas e energéticas do século XXI.

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