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Lítio: “ouro do futuro”?

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O paulista, José Bonifácio de Andrada e Silva, nascido em Santos em 1763, teve participação decisiva para a articulação que levou à independência do Brasil. Assim, justifica-se o fato de ter sido declarado oficialmente como o “Patrono da Independência do Brasil”.

Filho de família rica, estudou na Universidade de Coimbra e especializou-se em Mineralogia. Dessa forma, seu talento estendeu-se para além da seara política. Destacou-se como no campo da mineralogia e foi reconhecimento internacionalmente pela descoberta de minerais como a “petalita”, que mais tarde viabilizaria a descoberta de um novo elemento, o “lítio”, e a “andradita”, nome dado para laurear seu descobridor.

Contudo, a descoberta da “petalita” só traria maiores novidades a partir de 1817, com os estudos e descobertas de cientistas como Johan August Arfwedson, que ao analisar a “petalita” descobriu um novo elemento, o “lítio”. Posteriormente ele identificou a existência deste elemento químico nos minerais “espodumena” e “lepidolita”.

Porém, foi somente a partir de 1855, com a utilização da eletrólise, passaram a ser produzidas maiores quantidades de lítio. Ao longo das décadas a produção e utilização desse mineral sofreu espantosa evolução.

Foi durante a Segunda Guerra mundial que se iniciou a aplicação desse elemento em larga escala, na produção de graxas de lítio para os motores dos aviões, pois era menos corrosivo se comparado com outros tipos de graxas.

A busca pelo lítio sofreu novo impulso durante o período da chamada Guerra Fria. Seu uso foi aplicado na fabricação de armas nucleares para reduzir a temperatura de fusão. Também passou a ser utilizado na indústria do vidro, cerâmica, polímeros e do alumínio.

Em 1949, as pesquisas do médico psiquiatra australiano, John Cade, levaram à descoberta da aplicação do lítio para o tratamento de pacientes com transtorno bipolar. Seu trabalho é considerado um marco da psicofarmacologia.

Antes dessa descoberta não havia medicamentos eficazes para esse tipo de transtorno, dependendo de seu estado comportamental o paciente era tratado com estimulantes ou sedativos. O lítio apresentou-se como uma possibilidade no tratamento dos sintomas desses transtornos psiquiátricos.

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Porém, apesar de 10 pacientes do Dr. John Cade terem apresentado aspectos positivos em sua saúde mental, alguns deles tiveram problemas de intoxicação. O Dr. Cade acabou concluindo que o uso do lítio era muito arriscado. Entretanto, outro médico australiano, o Dr. Edward Trautner, prosseguiu com as pesquisas e percebeu que seria possível evitar a intoxicação, desde que se verificasse a quantidade de lítio no sangue dos pacientes.

Já no campo econômico, com o fim da Guerra Fria e o arrefecimento da corrida nuclear, o mercado de lítio sofreu queda. Outros métodos de menor custo para a sua extração também foram desenvolvidos, como a extração do lítio das salmouras. Assim, durante algumas décadas, a produção na maior parte das minas subterrâneas passou a não compensar.

Entretanto, o novo século trouxe mudanças tecnológicas e a necessidade do lítio passou a ser vital atualmente, principalmente devido à demanda na produção de baterias iônicas de lítio. Em virtude disso, desde 2007 o mercado de lítio ganhou novo impulso. O lítio tem sido apelidado “ouro do futuro”, pois além da sua importância imprescindível na produção de baterias para vários produtos eletrônicos, há também a questão ambiental e a chamada transição energética e de mobilidade, com a produção de carros elétricos.

Dessa maneira, a demanda pelo lítio voltou a se tornar crescente. Constantemente têm sido anunciados novos projetos de extração desse mineral. A questão envolve aspectos econômicos, sociais, ambientais e geopolíticos. Os governos dos países, que produzem ou apresentam potencial de produção, têm discutido qual seria o melhor caminho: dedicar-se a exportação para países ricos ou investir no desenvolvimento da indústria local.

Segundo as estimativas, a América Latina possui mais da metade do lítio disponível no mundo. Grande parte dessas reservas encontram-se no chamado “triângulo do lítio”, formado por Bolívia, Argentina e Chile.

A verdade é que o lítio está entre os principais tópicos na agenda geopolítica das grandes potências. Por exemplo, em janeiro deste ano o chanceler alemão, Olaf Scholz, visitou o Brasil, Argentina e Chile e destacou que a “América Latina possui um potencial inacreditável”, e que temas como expansão de energias renováveis, ecologia e sustentabilidade são urgentes. Além disso, teve como objetivo negociar suprimentos de lítio para a indústria alemã.

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Apesar do mercado ainda ser dominado pela Austrália, outros países como México, Peru e Brasil também possuem condições de explorar, com eficiência econômica, reservas de lítio. Os principais investidores, nesse cenário, são empresas chinesas, estadunidenses e europeias.

No Brasil, o destaque na exploração do lítio é a região do Vale do rio Jequitinhonha, uma região muito pobre de Minas Gerais, com o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do estado.

Sem dúvida a exploração econômica do lítio pode representar uma condição redentora para a região, com investimentos e a geração de empregos. Contudo, a questão é de como será o manejo dessa exploração. Como se revelarão os impactos ambientais e sociais.

Nas áreas mineiras em que a extração já está em ritmo acelerado, como por exemplo a cidade de Araçuaí, na chapada do lagoão, que deveria ser de preservação ambiental e que tem uma diversidade de espécies vegetais e animais. Além disso, a poeira produzida pela extração do minério, popularmente chamada de “poeira de pedra”, têm provocado problemas respiratórios para a população local. As explosões das minas têm provocado rachaduras nas residências. Outra questão é que, se de um lado, houve geração de empregos, por outro, houve aumento do custo dos alimentos e dos aluguéis, bem como o aumento alarmante da prostituição.

O fato é que a possibilidade de geração de riquezas e desenvolvimento econômico só valerão realmente se forem equilibrados e puderem beneficiar, além dos empreendedores, a maior parte da população.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 09 – Indústria, Inovação e Infraestrutura

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Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram

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RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.

A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.

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“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.

A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.

“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.

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O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.

Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.

Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.

Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.

“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”

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