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POLÍTICA

Imposto Seletivo na mineração atrapalha transição energética, afirma deputado Zé Silva

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O presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin), o deputado federal Zé Silva (Solidariedade-MG), pede atenção aos conceitos para a incidência do Imposto Seletivo (IS). Em entrevista à Arko Advice, o deputado afirma que a generalização do tributo impacta a capacidade de produção de fertilizantes e o ritmo da transição da matriz energética brasileira para fontes renováveis, já que dependem da extração de minérios.

De acordo com o congressista, o setor de energia solar utiliza 11 elementos químicos com origem na mineração, por exemplo. Outro exemplo é a incidência do IS sobre o ferro, que causaria aumento no custo para a indústria de siderurgia, com forte impacto na construção civil, a indústria automobilística e a de eletrodomésticos.

Com isso, o deputado defende que o projeto de lei complementar defina claramente os critérios sobre nocividade e essencialidade para a incidência do tributo. Caso não ocorra, o parlamentar alerta para a elaboração de medidas infralegais que tornarão o sistema tributário mais complexo, que é o oposto do que se propõe na Reforma Tributária.

Imposto Seletivo

Além do IVA Dual, a Reforma Tributária criou o tributo federal Imposto Seletivo (IS). O objetivo da tributação é desestimular o consumo de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros e bebidas alcoólicas.

Em março e abril deste ano, os setores produtivos debateram propostas de leis complementares à Reforma Tributária em Grupos de Trabalho (GTs) reunidos na Câmara dos Deputados. Uma das propostas feita pela coalização de Frentes Parlamentares, com base nas discussões dos GTs, estabelece normas, conceitos e procedimentos gerais referentes ao IS (PLP 29/24). Outra proposta, sobre a cesta básica, reforça a não incidência do IS sobre os itens da lista.

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O Congresso ainda aguarda o envio da regulamentação da Reforma Tributária por parte da equipe econômica do Governo Federal, que estava previsto para esta segunda-feira (15). No entanto, devido à viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para o encontro do G20, em Washington (EUA), as propostas devem chegar ao Congresso apenas na próxima segunda-feira (22).

Confira abaixo a entrevista do deputado federal Zé Silva (Solidariedade-MG):

Arko: O governo deve enviar ao Congresso Nacional a regulamentação da Reforma Tributária na próxima semana. O Imposto Seletivo preocupa? 

— Idealmente, esse imposto não tem caráter arrecadatório. Visa desincentivar práticas como cigarro, bebida, armamento… Então, vejo muita contradição na cobrança “na extração”. A maior luta do país no agro é a forte dependência da importação de fertilizantes. O Imposto Seletivo na mineração dificulta o Brasil a reduzir a dependência. Além disso, o Brasil cada vez mais se qualifica para ser um grande protagonista na transição energética. Mas, para fazer a transição energética, precisa da mineração. São necessários 11 elementos químicos da mineração para a energia solar. E, ao onerar a mineração, vai onerar o cidadão. Cerca de 90% do ferro produzido no Brasil vai para a siderurgia e, segundo o Instituto Aço Brasil, 51% do aço produzido aqui vai para a construção civil, a indústria automobilística e a de eletrodomésticos.

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Arko: O que pode ser proposto para evitar distorções? É possível evitar a incidência?

— O momento de evitar já foi. Agora é regulamentar. É preciso definir os critérios com clareza. A expectativa é que o Congresso seja consultado sobre cada um dos produtos para não ter uma regulamentação tão genérica e tão global. É importante que não tenha uma bitributação. E é preciso deixar muito claro em quais políticas públicas os governos vão aplicar esse imposto para mitigar os impactos, já que sabemos que a mineração e toda a atividade econômica vai provocar impacto ambiental. Isso para evitar que a gente vá criando tributos de país de primeiro mundo e serviços que não atendem à necessidade da população.

Arko: Se cada produto vai ter uma alíquota, como isso será definido?

— Queremos evitar a subjetividade, para não ficarmos só na decisão discricionária. Então, na lei, quando se abordar a essencialidade e o nível de nocividade para a incidência do Imposto Seletivo, é preciso definir muito bem esses conceitos. Do contrário, correremos o risco de criar colcha de retalhos de portarias e resoluções.

Confira aqui o texto do projeto de lei complementar das frentes parlamentares para o Imposto Seletivo.

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Grupo de trabalho sobre mineração em terras indígenas é instalado

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O Grupo de Trabalho sobre Regulamentação da Mineração em Terras Indígenas (GTMTI) realizou nesta terça-feira (21) sua primeira reunião, marcando a instalação oficial dos trabalhos do colegiado. A senadora Tereza Cristina (PP–MS) preside o grupo, criado por meio do Ato do Presidente do Senado (ATS 1/2025), assinado pelo senador Davi Alcolumbre.

O GT foi instituído com a finalidade de elaborar, no prazo de 180 dias, um projeto de lei que regulamente a atividade de mineração em terras indígenas. Durante a reunião, os membros aprovaram o regulamento interno do colegiado e definiram a estrutura de funcionamento.

A senadora Tereza Cristina anunciou o senador Rogério Carvalho (PT–SE) como relator do grupo e o senador Marcos Rogério (PL–RO) para a vice-presidência. O regulamento interno, apresentado pela Presidência e aprovado por unanimidade, estabelece as diretrizes de funcionamento e complementa as regras do Regimento Interno do Senado.

De acordo com Tereza Cristina, o grupo pretende realizar um trabalho técnico e abrangente, ouvindo autoridades, especialistas, representantes do setor mineral e lideranças indígenas, com o objetivo de construir uma proposta equilibrada e sustentável.

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— O nosso compromisso é desenvolver um trabalho que contemple os variados aspectos de um tema altamente sensível. Pretendemos ouvir todos os atores pertinentes à matéria e reunir um farto material técnico e científico, à luz das experiências brasileira e estrangeiras — afirmou a senadora.

A parlamentar destacou que a falta de regulamentação tem trazido prejuízos tanto às comunidades indígenas, que deixam de usufruir de forma legal dos recursos minerais de suas terras, quanto ao país, que vê o avanço da mineração ilegal e predatória.

— Por falta de regulamentação, muitos povos originários são hoje impedidos de beneficiar-se de uma riqueza presente no subsolo de suas terras dentro de um marco legal comprometido com seus direitos e com a proteção ambiental. Sem a proteção legal, tem se multiplicado a invasão dessas terras minerárias pela atividade ilegal e altamente predatória —  alertou Tereza Cristina.

A presidente do GTMTI ressaltou que a regulamentação da mineração em terras indígenas é uma responsabilidade que o Congresso “não pode mais abrir mão”, destacando que o tema é “demasiadamente procrastinado”.

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O senador Marcos Rogério (PL–RO) defendeu a importância do debate e da participação efetiva das comunidades indígenas na construção da proposta.

—Hoje nós temos um ambiente que, sem o marco regulatório adequado, é um território sem lei, mas mesmo sendo um território sem lei, não deixa de ser explorado. Agora, é uma exploração onde quem ganha são aqueles que estão à margem da lei. Perde a sociedade, perde a população indígena que acaba sendo explorada com tudo isso — afirmou.

A próxima reunião do grupo de trabalho está prevista para ocorrer daqui a 15 dias, quando deverá ser apresentado o plano de trabalho. A partir de então, os encontros devem acontecer todas as terças-feiras, às 14h30, para a realização de audiências públicas e deliberações sobre o texto do relatório final.

 

Fonte: Agência Senado

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