CUIABÁ
Search
Close this search box.

2ª BRASMIN

Evento aponta caminhos para a atividade mineral no país

Publicado em

Entre os dias 27 e 29 de junho, no Centro de Convenções da PUC II, em Goiânia, Goiás, um dos setores mais relevantes da economia brasileira exibiu uma radiografia do estágio em que se encontra e projetou perspectivas otimistas, fundamentadas no desenvolvimento sustentável. A 2ª BRASMIN foi uma realização da ABPM, em parceria com o SIEEG-DF, FIEG e Brasil Mineral, organizada pela Proma Feiras. Contou com apoio da Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (ADIMB), entre muitas outras entidades do setor e foi palco para a o Primeiro Encontro das Políticas Estaduais de Mineração, com a participação de secretários e representante de onze estados da federação.

Mais que uma feira, a 2ª BRASMIN cumpriu o papel de fórum sobre temas e discussões fundamentais, além de contribuir com o ajuste da imagem da atividade no país. Propiciou o encontro de mentes brilhantes e, também, foi uma oportunidade única para líderes, gestores e sociedade debaterem seus objetivos e necessidades.

Com acesso gratuito, o evento superou todas as expectativas, ao receber mais de 4.800 visitantes profissionais advindos de todo o país e de vários países da América Latina. Cerca de 130 empresas, posicionadas na vanguarda da cadeia produtiva do setor, apresentaram o que há de mais contemporâneo em matéria de tendências, equipamentos, tecnologias, serviços, consultorias, mentorias e métodos produtivos. Criou volume de negócios próximo dos R$ 150 milhões durante os três dias de exposição, que devem se concretizar em até seis meses.

Leia Também:  Minas de ouro em Peixoto de Azevedo serão certificadas

Simultaneamente à 2ª BRASMIN, realizou-se o 8º Encontro Nacional da Média e Pequena Mineração, organizado pela Brasil Mineral. Empresários, investidores, fornecedores e acadêmicos estiveram reunidos para discutir as particularidades e ratificar a necessidade das empresas de mineração de menor porte. Em 2021, a mineração arrecadou mais de R$ 10 bilhões em CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral) e R$ 106 bilhões em impostos.

O encontro resultou na apresentação de nove painéis temáticos focados em diferentes aspectos da atividade mineradora. Em pauta, o novo cenário regulatório da mineração, o mercado consumidor de minerais industriais e programas dedicados ao crédito de carbono. Abordou a importância estratégica de minerais considerados críticos e transição energética; novos mecanismos de financiamento e atração de investimentos. Trouxe à discussão o ESG e a transição energética na formação de profissionais de mineração. E, também, a transformação da agricultura pelos remineralizadores, evolução do garimpo para empresa de mineração e planos estaduais de mineração.

Nesse contexto, cabe mencionar o diretor-executivo na Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro, Roberto Perez Xavier. No artigo ‘O futuro do clima nas mãos da mineração’, ele sustenta que “o desenvolvimento de tecnologias para a geração de energia de baixo carbono, como baterias de carros elétricos, células fotovoltaicas e turbinas eólicas requer quantidades significativas de minerais e metais extraídos da crosta terrestre”.

Mineração em Goiás

Em Goiás, o estado anfitrião da 2ª BRASMIN, é aquele onde a mineração apresenta o maior crescimento no país. Nos últimos anos, tornou-se um importante polo de desenvolvimento da mineração. Ocupa o 1º lugar na produção de níquel (45%), vermiculita (82%) e segundo em fosfato (37%), cobre (21%) e nióbio (14%). Hoje, é o quarto maior produtor nacional.

Leia Também:  ANM inicia fase de requerimentos da 8ª Rodada de Disponibilidade de Áreas

Um dos destaques do evento foi a realização da 5ª rodada de discussão do Plano Estadual de Recursos Minerais (PERM), promovida pelo governo de Goiás.  Entre os presentes, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás, Sandro Mabel; e o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração, Luís Maurício Azevedo.

Também participaram Francisco Alves, diretor da Brasil Mineral; o presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, Deputado Zé Silva; a coordenadora de Pesquisa Mineral da Frente Parlamentar da Mineração, Deputada Laura Carneiro; o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do MME, Vítor Saback; o diretor da Agência Nacional de Mineração, Tasso Mendonça; e a secretária de Estado de Meio Ambiente de Goiás, Andrea Vulcanis.

Hoje, Goiás apresenta mais de 600 frentes de extração e faturamento superior a R$ 9 bilhões por parte das mineradoras. A mineração corresponde a cerca de 30% de todo o PIB estadual e a cerca de 20% do total das exportações goianas.

A próxima edição já tem data marcada. Será de 24 a 26 de junho de 2025, no mesmo local e as inscrições tanto para reservas de estandes e credenciamento para visitação já estão abertas em www.brasmin.com.br .

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

Notícias

Especialistas debatem proibição do mercúrio na extração de ouro

Published

on

Foto: Ton Molina

Vários setores econômicos já abandonaram o uso do mercúrio devido a seu impacto na saúde das pessoas e no meio ambiente. Mas o metal continua a ser largamente utilizado na extração de ouro, especialmente na Amazônia. Apenas entre 2018 e 2022, 185 toneladas de mercúrio de origem desconhecida podem ter sido utilizadas nos garimpos do país.

Em debate realizado nesta terça-feira (7) pelo jornal Correio Braziliense em parceria com o Instituto Escolhas, representantes do poder público, empresários e pesquisadores concordaram sobre a necessidade de pôr fim ao uso de mercúrio nos garimpos, mas divergiram sobre o que precisa ser feito até sua erradicação e sobre a conveniência de uma proibição imediata.

Ao abrir o evento, Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, destacou a importância de a discussão da erradicação do mercúrio e de alternativas viáveis economicamente a esse insumo da mineração acontecer às vésperas da COP30, que será realizada em novembro na cidade  de Belém (PA).

Primeiro convidado a falar, Eloy Terena, secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), afirmou que o garimpo ilegal está presente em 26 Terras Indígenas, de forma mais intensa e preocupante em quatro delas: Kayapó, Munduruku, Yanomami e Sararé. “O garimpo é vetor de violência, desmatamento, contaminação das águas e desestruturação social.”

Jair Schmitt, diretor de Proteção Ambiental do Ibama, responsável pelas ações de fiscalização do órgão, listou as iniciativas tomadas pelo instituto no atual governo e usou uma imagem forte para falar da “explosão do garimpo ilegal na Amazônia” de 2017 a 2023. “Quando a gente olha as imagens dos satélites, o que a gente está vendo ali é a proliferação de um grande câncer”, afirmou.

 

Controles sobre o uso do mercúrio

Depois das falas inaugurais de Terena e Schmitt, teve início a primeira mesa do debate, que discutiu “Controles sobre o uso do mercúrio: desafios e perspectivas”. Renato Madsen Arruda, diretor substituto da Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, afirmou que a PF tem como objetivo principal, ao lado de outros órgãos da administração pública, atacar o crime organizado que cerca a atividade da mineração ilegal.

“Não é aquele garimpeiro, aquele trabalhador braçal que está ali nos rincões da Amazônia que está acumulando essa riqueza. Há outros atores que estão acumulando essa riqueza e financiando a atividade. A estratégia da Polícia Federal tem sido principalmente descapitalizar esses atores que circundam a atividade da mineração ilegal e que enriquecem em prejuízo do meio ambiente e das comunidades que vivem na região amazônica”, disse Arruda.

O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), autor de um projeto de lei que proíbe o uso do mercúrio em atividades de mineração, lembrou que durante os governos Michel Temer (2016 a 2018) e Jair Bolsonaro (2019 a 2022) a “atividade minerária ilegal explodiu de forma extraordinária”. E lamentou a força política de parlamentares que buscam flexibilizar a legislação do setor. “Há um lobby muito forte da mineração dentro do Congresso que, por vezes, trabalha de forma conjunta com o lobby da mineração ilegal”, disse.

Diretora de Pesquisa do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues destacou que o uso do mercúrio na mineração já é altamente regulado, citando a necessidade de licenciamento ambiental e de autorização, pelo Ibama, de sua importação – o Brasil não produz mercúrio. “O que a gente podia fazer em termos de regulação para tentar diminuir a periculosidade do uso dessa substância já foi feito.”

Leia Também:  Ouro ultrapassa 2.000 dólares e aproxima-se de máximo histórico

Apesar disso, os resultados positivos não apareceram e é hora de “mudar a chave”. “Esse esforço que a gente precisa fazer para usar o mercúrio numa condição um pouco mais segura é tão grande que eu acho que a gente poderia pegar esse mesmo esforço e colocar nas alternativas”, disse. E a melhor alternativa é a “erradicação”, declarou.

“Acho que, de fato, a gente precisa caminhar em direção à proibição total do mercúrio na extração de ouro, como a gente fez em outros segmentos.” A pesquisadora parabenizou Nilto Tatto, a seu lado na mesa, por apresentar o projeto que proíbe o uso do mercúrio.

O último a falar na primeira mesa, Giorgio de Tomi, professor titular da Escola Politécnica da USP e Coordenador Técnico do Projeto Ouro Sem Mercúrio, defendeu a importância do Estado na mudança da realidade do garimpeiro que atua de forma ilegal. “Existe a vontade dos garimpeiros de mudar e evoluir”, afirmou. “Mas eles precisam de ajuda.”

“Hoje eles trabalham em regiões remotas, sem apoio nenhum. A única presença do Estado, quando tem, é na hora de reprimir, fiscalizar”. Para De Tomi, os que usam mercúrio no garimpo ilegal “precisam de apoio técnico, econômico e de Estado para facilitar essa transição”.

Três convidados falaram entre as duas mesas do debate. Julevânia Olegário, diretora do Departamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração (DDSM) do Ministério de Minas e Energia (MME), defendeu a eliminação do mercúrio nos garimpos, mas disse ser importante que o Estado brasileiro ajude a capacitar as pessoas envolvidas na extração de ouro, já que a “atividade é feita, na maioria das vezes, por comunidades tradicionais e vulneráveis”. Afirmou que é preciso fomentar alternativas ao mercúrio que sejam “economicamente viáveis”.

Diretora do Departamento de Qualidade Ambiental do Ministério de Meio Ambiente, Thaianne Resende alertou para o impacto do mercúrio na saúde e no meio ambiente. “O mercúrio é silencioso, invisível, mas deixa marcas profundas na saúde, na água e na floresta”, afirmou.

Miguel Castro, ponto focal regional para Latam e Caribe do Centro CER da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), destacou a preocupação da organização em estabelecer padrões elevados de políticas públicas entre os 38 países-membros e países parceiros, como o Brasil.

Para a OCDE, a estabilidade das cadeias de fornecimento deve caminhar junto com a sustentabilidade. “Essa visão reforça a necessidade de uma mineração responsável, não apenas como uma exigência, mas também como uma oportunidade de desenvolvimento inclusivo e a longo prazo.”

 

Alternativas ao uso do mercúrio

Abrindo a segunda mesa, que debateu “Alternativas ao uso do mercúrio: para onde vamos?”, Larissa Rodrigues, do Instituto Escolhas, criticou a obrigação legal de que todo o ouro que sai dos garimpos precisa ser vendido para Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, as DTVMs. Cinco delas dominam hoje o mercado brasileiro de ouro.

“Nos últimos anos essas instituições financeiras que tinham ou que tem autorização do Banco Central comercializaram e financiaram o ouro ilegal que circulou pelo Brasil e ganhou o exterior”, afirmou. “Quando a gente fala de lavagem de ouro, essas instituições sempre foram um ponto de lavanderia.”

Leia Também:  Mineradora investe R$ 1 bilhão e vai extrair 80 mil onças de ouro em Goiás

A diretora do Escolhas defendeu a abertura de mercado, no qual uma indústria possa comprar diretamente de quem produz o ouro de forma responsável. “A gente não vai conseguir incentivar [as boas práticas] se a gente não tirar do meio do caminho as forças que até hoje só incentivaram o mercado ilegal.”

Larissa destacou ainda o fato de existirem hoje alternativas rentáveis ao mercúrio. “Muitas pessoas me perguntam: qual a alternativa ao mercúrio? Às vezes, a resposta não é tão complicada assim. Há algumas questões de tecnologia que às vezes são mais difíceis. Mas existem garimpos produzindo ouro sem mercúrio. Utiliza o quê no lugar? Nada. Utiliza água. A força mecânica da gravidade.”

Gilson Camboim, presidente na Federação das Cooperativas de Mineração do Estado de Mato Grosso, listou uma série de avanços tecnológicos que estão sendo desenvolvidos em centros de pesquisa e podem substituir o mercúrio – como o uso de nanopartículas de magnetita e o extrato das folhas do pau-de-balsa – e alguns que já estão sendo usados pelos garimpeiros – como o processo que une bombeamento de água e filtragem por meio de calhas.

Camboim destacou o papel do cooperativismo na busca de soluções que substituam o mercúrio. “O cooperativismo foi reconhecido pela ONU neste ano de 2025 como um mecanismo para o aprimoramento das atividades econômicas. Vamos lutar para conseguir chegar a este ponto, de eliminar o uso do mercúrio.”

Para Eduardo Gama, diretor de operação da startup Certimine, há muitos desafios para a substituição do mercúrio, um deles o fato de ser eficiente. “O mercúrio é muito tolerante e muito democrático. Aceita folha, areia. O que você alimentar, ele vai tirar ouro. O mesmo não pode ser dito sobre os outros métodos. Eu gosto de falar que o mercúrio é a força bruta, enquanto o resto é ajuste fino”.

Gama destacou a dificuldade de os pequenos mineradores irem para métodos mais sofisticados, pois não conseguem financiamento. “Eles ficam presos numa ratoeira, pois não conseguem migrar para outro regime. E precisam daquela atividade para sobreviver.”

Elena Crespo, professora titular da Universidade Federal do Pará e coordenadora do Instituto Amazônico do Mercúrio, lembrou que a Amazônia é responsável por 80% das emissões de mercúrio na América do Sul e a segunda região do mundo que mais emite a substância.  E destacou que o ouro não fica na Amazônia. “Mas somos os primeiros a receber todas as consequências, as mais graves.” Entre elas, danos ao desenvolvimento das crianças, que passam a ter problemas de aprendizagem. “Falamos aqui de comprometimento das gerações futuras.”

Crespo disse acreditar que os garimpeiros da Amazônia querem mudar esse panorama. “Ninguém quer se expor ou expor sua família simplesmente por ganância”, afirmou a pesquisadora. “Dando oportunidade para eles, vão tornar esse quadro muito mais sustentável.”

Assista à integra do debate no canal do Correio Braziliense no YouTube.

COMENTE ABAIXO:
Continue Reading

MAIS LIDAS DA SEMANA