CUIABÁ
Search
Close this search box.

7º MINERAÇAO &/X COMUNIDADES

Como a sociedade pode se organizar para a mineração artesanal legal e correta?

Participaram da mesa-redonda Gilson Camboim, Pedro Eugênio, Caio Mario Trivellato Seabra Jr, Antônio João Paes de Barros, e como moderador Fernando Gabriel Araújo

Publicado em

O segundo dia do 7º Mineração &X Comunidades, realizado no dia 9 de novembro, começou com o Painel “Como a sociedade pode se organizar para a mineração artesanal legal e correta?”. Participaram da mesa-redonda Gilson Camboim, presidente da FECOMIN/MT, Pedro Eugênio, diretor de Operações da Fênix Participações, Caio Mario Trivellato Seabra Jr, Superintendente de Ordenamento Territorial e Disponibilidade de Áreas da Agência Nacional de Mineração (ANM), Antônio João Paes de Barros, geólogo da METAMAT, tendo como moderador Fernando Gabriel Araújo, diretor do Departamento de Pesquisa em Engenharia e Educação Continuada (DEPEC/Gorceix).

O primeiro participante, Gilson Camboim, começou o debate falando sobre a extração legal da mineração industrial, atividades garimpeiras e a mineração de pequeno porte. Citou como exemplo o trabalho que desenvolve junto às cooperativas de garimpeiros. “Esses membros da cooperativa são, em geral, a população local da região e eles traze soluções, orientações técnicas para fortalecer a atividade. Nesse sentido, as responsabilidades ambientais e demais compromissos são assumidos junto às prefeituras. As comunidades com esse público inserido entendem a importância do setor mineral e a consciência financeira para o público que atua no segmento, mas não possui um grau de instrução para boa gestão dos recursos”.

Para Camboim, este trabalho tem sido ampliado por meio do cooperativismo de crédito, para inserir a população local. “O cooperativismo ajuda a inserir e envolver a população local e a atividade está ligada ao meio ambiente, seja atuando independentemente ou em parceria com o poder público por meio da distribuição de mudas junto à comunidade local para desenvolver a responsabilidade ambiental”. Ele afirmou que o cooperativismo pratica o ESG e o ODS há tempos junto às comunidades, acrescentando que, no passado, algumas empresas minerais tinham receio da pequena mineração, por causa da questão do garimpo. Mas, com o passar do tempo, houve mudança de percepção e descobriu-se que uma mineração completa a outra. “A mineração artesanal e a de pequena escala envolvem a sociedade que aos poucos começa a se relacionar com o projeto”.

Na sequência, Antônio João, da METAMAT, disse que a empresa se baseia no trabalho de geologia para resolver problemas de conflitos entre garimpeiros e mineradoras, que envolvem ações do Ministério Público pelo domínio do subsolo. “O Mato Grosso tem as províncias auríferas de Alta Floresta, Guaporé e da Baixada Cuiabana. Essas províncias são compostas por migrantes da Bahia e Minas Gerais”.

Sobre o arcabouço legal do regime de Permissão de Lavra Garimpeira (PLG), Antônio João disse que antes da Constituição de 1988 havia o regime de matrícula, uma carteira de porte individual emitida por um sindicato de garimpeiros. Mas o artigo 21 da Constituição mudou este cenário e a União passou a estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpo, de forma associativa. E o artigo 174 estabelece que as cooperativas criadas terão prioridades de autorização nas áreas de pesquisa e lavra onde estão atuando, como nas reservas garimpeiras, o que favorece a atividade. “O regime de PLG abrange atividades garimpeiras cuja práxis exploratória é fincada em três pilares: 1) aproveitamento imediato do jazimento, independente de pesquisa prévia; 2) Aproveitamento das substâncias minerais no interior das áreas estabelecidas para tal finalidade e 3) estabelece os bens minerais e deixa outras formas ao enquadramento da ANM”. Mas na realidade, a maior parte dos garimpos de ouro e cassiterita na Amazônia são ilegais ou encontram-se fora das áreas estabelecidas. “Fica difícil seguir uma lei, onde o minerador fica como um ”clandestino”.

Leia Também:  Sensor de papelão e ouro poderá monitorar a qualidade da água por R$ 0,50

Antonio João cita como casos de sucesso de ordenamento e regularização no Mato Grosso a reserva garimpeira de Peixoto Azevedo, onde houve enfrentamentos e riscos ao ambiente de produção e negócios, mas a METAMAT, em parceria da ANM, assinou um Termo de Conciliação que permite aos garimpeiros organizar as cooperativas para obter o subsolo. Outra iniciativa é a 6ª rodada do edital para regime de PLG para a reserva garimpeira do Cabeça. “As cooperativas de garimpeiros são geridas por aqueles que têm maior conhecimento empresarial, e a regularização dessas áreas requer um nível de capitalização e investimento para obter a concessão do subsolo, centralizada na ANM e licenciamento ambiental, processo oneroso e lento. Outro problema é a falta de políticas públicas para comunidades garimpeiras tradicionais, de forma similar ao que ocorre com as comunidades extrativistas, quilombolas etc com respeito a espaços geográficos, direitos, cultura, valores e identidade.

Caio Seabra, da ANM, disse que o ordenamento do território é o principal desafio para União, estados e municípios, porque é algo que provoca a fonte do problema. “Uma política pública malfeita pode prejudicar todo o futuro de um trabalho. Existe exploração garimpeira ilegal e a ANM busca regularizar a situação de todos, mas não podemos outorgar títulos para qualquer um”.

Além desse caos de ordenamento territorial, é preciso tornar a mineração ilegal correta, segundo ele, para que a haja possibilidade de explorar uma área dentro da lei. As cooperativas são de grande importância para legitimação e para que se alcance uma solução. É uma possibilidade para evoluir no relacionamento entre comunidade, empresa e cooperativas rumo ao mesmo objetivo. “Muitas das cooperativas não têm assistência técnica devida e é feito um trabalho para que elas evoluam”.

Pedro Eugênio, da Fênix, comentou sobre a importância da responsabilidade da iniciativa privada para a mineração artesanal. “Nós atuamos na cadeia produtiva da pequena e média mineração do minério de ouro e praticamos o mercado de comercialização do metal no Brasil. Com uma experiência no exterior, nós vimos que teríamos que aplicar práticas internacionais que seguem regras rígidas e sérias, alinhadas com o meio ambiente e exploração mineral, para poder acessar o mercado do País”.

Leia Também:  ANM libera repasse de Cfem atrasado a Municípios produtores

O objetivo do debate é uma mineração artesanal e combate à mineração ilegal e uma autorregulação da cadeia produtiva é importante, pois a atual é fraca, arcaica e o mercado não se apoia mais nisso. “Nas políticas internas da Fênix, vamos além do que a lei impõe, com a atuação em frentes de desenvolvimento dessas diretrizes para uma mineração sustentável. Nos inspiramos também no mercado de câmbio, que tem várias diretrizes positivas que em termos de regulação é excepcional. As discussões envolvem tecnologias, novas possibilidades de mercado e qual é o motivo para não trazer isso para o ouro?”.

Manual de Relacionamento com Comunidades 

Na sequência houve a apresentação do “Manual de Relacionamento com Comunidades em projetos de mineração”, com Keyty Silva, cientista socioambiental e coordenadora de Projetos da Integratio e Paulo Misk, presidente do Sindimiba – Mineração na Bahia, conselheiro da CNI/Comin, ABPM e IBRAM.

Paulo Misk comentou, em mensagem de vídeo, que o Manual foi elaborado pela Integratio e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para ser um guia prático para orientar pequenas, médias e grandes empresas para melhorar o relacionamento com as comunidades. “O objetivo é que todos possam participar e evoluir em todas as comunidades inseridas. As minerações têm responsabilidade social muito forte”. Keyty Silva complementou a apresentação dizendo que o manual teve um processo participativo com as empresas com diversas reuniões para levantamento das expectativas e ações já realizadas. “É um documento orientador e complementador para que as empresas não fiquem fora do contexto do território, mas que integre, sendo um agente interno”.

Manual de Relacionamento com Comunidades 

Na sequência houve a apresentação do “Manual de Relacionamento com Comunidades em projetos de mineração”, com Keyty Silva, cientista socioambiental e coordenadora de Projetos da Integratio e Paulo Misk, presidente do Sindimiba – Mineração na Bahia, conselheiro da CNI/Comin, ABPM e IBRAM.

Paulo Misk comentou, em mensagem de vídeo, que o Manual foi elaborado pela Integratio e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para ser um guia prático para orientar pequenas, médias e grandes empresas para melhorar o relacionamento com as comunidades. “O objetivo é que todos possam participar e evoluir em todas as comunidades inseridas. As minerações têm responsabilidade social muito forte”. Keyty Silva complementou a apresentação dizendo que o manual teve um processo participativo com as empresas com diversas reuniões para levantamento das expectativas e ações já realizadas. “É um documento orientador e complementador para que as empresas não fiquem fora do contexto do território, mas que integre, sendo um agente interno”.

 

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

Notícias

Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram

Published

on

RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.

A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.

Leia Também:  Tributação na mineração, CFEM, taxa de fiscalização estadual e a diferenciação da carga tributária do ativo financeiro e do minério mercadoria

“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.

A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.

“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.

Leia Também:  Prefeitos destacam importância dos royalties para municípios mineradores

O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.

Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.

Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.

Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.

“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”

COMENTE ABAIXO:
Continue Reading

MAIS LIDAS DA SEMANA