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Brasil tem potencial para ampliar produção de lítio de 2% para 25%

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O Brasil, com a quinta maior reserva mundial de lítio, tem potencial para saltar de 2% para cerca de 25% da produção global do mineral nos próximos anos, de acordo com a consultoria A&M Infra.

O lítio tem ganhado destaque no cenário mundial, impulsionado pela crescente demanda nos setores de transporte e energia limpa. O metal se tornou peça fundamental para a transição energética, estimulando governos, montadoras, concessionárias e empresas de diversos segmentos a aumentarem seus planos de investimento para participar e contribuir com esse ambiente em transformação.

O Ministério de Minas e Energia (MME) estima que os investimentos para a produção do lítio no país vão atingir R$ 15 bilhões até 2030. É a mesma cifra com a qual trabalha o governo de Minas Gerais, apenas para os aportes que serão feitos no estado, que detém a maior reserva do mineral no país, o que significa que os recursos poderão ser maiores do que prevê o MME.

Baseado nesse cenário, na quarta-feira (3), durante abertura do painel “Ações do Serviço Geológico do Brasil no fomento à pesquisa mineral e ao desenvolvimento da cadeia produtiva do lítio”, o assessor da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM) Anderson Dourado, representando o diretor Valdir Silveira, disse que a participação do SGB no setor de lítio é fundamental para o desenvolvimento sustentável das indústrias relacionadas ao setor mineral.

Segundo ele: “Fornecemos mapeamentos detalhados e dados geológicos essenciais, facilitando a identificação e avaliação de depósitos de lítio. Nossas pesquisas contínuas e estudos de impacto ambiental garantem práticas de mineração responsáveis e sustentáveis. Além disso, o suporte técnico do SGB é vital para atrair investimentos e fomentar o desenvolvimento econômico regional e nacional”.

Além disso, os pesquisadores do SGB ministraram palestras, abordando projetos realizados pela instituição, como: Avaliação do Potencial de Lítio no Brasil, Modelagem e Potencial Mineral de Pegmatitos Litiníferos na Província da Borborema, Tecnologias Geofísicas na Prospecção de Pegmatitos, entre outros.

Para a chefe do Departamento de Recursos Minerais, Maisa Abram, a execução do projeto Lítio no Vale do Jequitinhonha e na Província Borborema propiciou, de forma significativa, o aumento nos processos de pesquisa para o lítio daquelas regiões, trazendo investimentos de empresas do setor. “Dessa forma, o SGB cumpre o papel de fomentar investimentos em pesquisa onde seus projetos são executados”, esclareceu.

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Palestras do SGB

Na apresentação sobre o projeto “Avaliação do Potencial do Lítio no Brasil: área do Médio Rio Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais – Resultados no fomento a empreendimentos mineiros”, o geólogo Vinicius Paes falou da importância do SGB em apresentar às comunidades nacional e internacional do setor as suas ações.

Segundo ele: “A avaliação do lítio no país, iniciada em 2012, traz uma significativa melhora do nível de conhecimento das concentrações de lítio proporcionadas pelos estudos do SGB, envolvendo os seus aspectos descritivos e genéticos, seus guias prospectivos e sua potencialidade, e tem como consequência palpável o incremento acentuado da atividade de pesquisa mineral e a descoberta de novas e significativas reservas do metal no país”.

Mônica Perrotta abordou a construção da biblioteca de assinaturas espectrais de minerais de lítio presentes nos depósitos hospedados em pegmatitos. As análises que deram origem à essa biblioteca de mais de 2.000 assinaturas foram realizadas no Laboratório de Sensoriamento Geológico e Espectroscopia Mineral da Divisão de Sensoriamento Remoto e Geofísica (DISEGE), utilizando centenas de amostras coletadas nos  projetos do SGB, de Avaliação do Potencial de Lítio no Brasil, nas regiões do Médio Vale do Jequitinhonha e da Província Borborema.

Perrotta explicou ainda que assinatura espectral é o gráfico da intensidade da energia refletida pelos materiais, em função do comprimento de onda, como resposta da incidência da luz. Diferentes tipos de superfície – como a água, o solo descoberto, a vegetação e os minerais – refletem a radiação com intensidade diferente, conforme os comprimentos de onda do espectro eletromagnético.

Segundo o geólogo Diego Guilherme,  durante sua palestra sobre “Tecnologias Geofísicas na Prospecção de Pegmatitos: uma nova fronteira”, o SGB está utilizando sensores geofísicos para identificar novas ocorrências de pegmatitos, que são fontes de lítio, no Vale do Jequitinhonha. Ele explicou que “a técnica se baseia no contraste de resistividade, que serve como um guia eficaz na pesquisa de novos depósitos”.

Já o geógrafo Rogério Celestino comentou sobre a aplicação da Modelagem de Potencial Mineral na pesquisa de pegmatitos contendo lítio, tomando como exemplo a província Pegmatítica da Borborema, que visa identificar áreas potenciais para a exploração de lítio.

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Em suas palavras: “Nosso enfoque está na integração de diversos tipos de dados geológicos, geofísicos e geoquímicos, permitindo a construção de modelos exploratórios baseados no conceito de Sistemas Minerais, que auxiliam na identificação de alvos promissores para a exploração mineral. Essa abordagem otimiza os recursos e esforços de exploração e também proporciona uma base científica sólida para o desenvolvimento sustentável e estratégico do setor mineral no Brasil”.

O chefe da Divisão de Geologia Econômica (DIGECO), Guilherme Ferreira, representando a chefe da Divisão de Projetos Especiais e Minerais Estratégicos (DIPEME), Ioná de Abreu Cunha, apresentou as ações do Projeto Avaliação do Potencial de Lítio no Brasil, que atualmente está na fase 3, com duas áreas concomitantes. A área do leste de Minas e a área de Solonópole, no Ceará.

Ferreira anunciou algumas ações que serão feitas no futuro, como o início dos levantamentos de dados geoquímicos de alta densidade em toda a Província Pegmatítica

Oriental de Minas. “Estamos iniciando novos levantamentos geoquímicos regionais de solo, sedimento de corrente e concentrado de bateia, que deve cobrir toda a Província Pegmatítica Oriental do Brasil, contemplando o Médio Jequitinhonha e o Leste de Minas Gerais. Essas são áreas com potencial reconhecido para lítio, e esses dados podem fomentar novas descobertas nessas regiões”.

Avaliação do Potencial de Lítio no Brasil

Iniciado em 2012, pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), o “Projeto Avaliação do Potencial do Lítio no Brasil” tem estudado o potencial do lítio em várias regiões. A primeira fase, concluída em 2016, focou no Distrito Pegmatítico de Araçuaí, no Médio Rio Jequitinhonha, em Minas Gerais.

A segunda fase estudou a Província Pegmatítica da Borborema, na Paraíba e Rio Grande do Norte. Em 2022, a terceira fase foi lançada, abrangendo uma extensa área no leste de Minas Gerais, que inclui o Distrito Pegmatítico de São José da Safira e a Subprovíncia Pegmatítica de Solonópole, no Ceará.

Com esse projeto, o SGB tem fomentado, de maneira decisiva, a pesquisa mineral de lítio no país, contribuindo para o desenvolvimento da cadeia produtiva do metal e posicionando o  Brasil como potencial líder no cenário global de produção de lítio.

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Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram

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RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.

A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.

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“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.

A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.

“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.

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O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.

Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.

Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.

Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.

“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”

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