CUIABÁ
Search
Close this search box.

ECONOMIA

Brasil enfrenta aumento de custos e esgotamento de reservas na mineração

Publicado em

No Brasil, os três maiores riscos para o setor da mineração são o aumento de custos e produtividade, o esgotamento de recursos e reservas, e a geopolítica. Outros fatores importantes incluem questões ambientais, mudanças climáticas e a força de trabalho. É o que aponta resultado de uma pesquisa feita por uma consultoria com empresários da área.

O que aconteceu

Aumento dos custos de operação é um dos principais desafios do setor. A inflação e a alta do dólar têm pressionado o mercado, de acordo com o levantamento realizado pela EY, auditoria e consultoria. A extração de minério está ficando cada vez mais cara, pois as minas mais profundas exigem mais processamento e maior uso de recursos. Além disso, os teores de minério nas minas estão em queda, o que também eleva os custos de produção.

Em relação à produtividade, a busca por soluções que otimizem o processo de extração é uma realidade. Para lidar com esses desafios, as empresas estão buscando alternativas como parcerias, aquisições e joint ventures. Essas estratégias ajudam a reduzir os custos sem comprometer a qualidade e a produtividade.

Esgotamento de recursos e reservas, que antes não figurava entre os mais destacados, agora surge como uma oportunidade. O Brasil pode se beneficiar de novos projetos de mapeamento geológico, que visam identificar novas reservas e explorar melhor os recursos existentes.

Leia Também:  PF diz que vai investigar quem financia garimpo ilegal na Terra Yanomami

Muitos temas que formam o top 10 do Brasil aparecem no ranking global, o que mostra um alinhamento com as outras grandes nações relevantes para a mineração. Já em comparação ao estudo do ano passado, a grande novidade foi o aparecimento do esgotamento de recursos entre os principais temas, o que pode ser uma oportunidade principalmente para alavancar projetos de mapeamento geológico no Brasil, por exemplo. Afonso Sartorio, líder de Energia e Recursos Naturais da EY.

Os desafios

Questões geopolíticas tem gerado incertezas no setor. O Brasil é um importante produtor de commodities como ferro, cobre, níquel e ouro, o que coloca o país em uma posição estratégica no cenário global. A crescente demanda por diversificação de fornecedores, especialmente de minerais críticos para a nova economia, torna o mercado ainda mais competitivo.

Mineração sustentável também tem ganhado espaço, já que o setor está sendo pressionado por uma agenda ESG (ambiental, social e de governança). Isso inclui a busca por minerais de transição energética, essenciais para a descarbonização e a criação de tecnologias mais limpas.

Leia Também:  Mato Grosso tem 4 regiões com alto potencial de diamante

Impacto das mudanças climáticas e adoção de práticas sustentáveis. Empresas de mineração tem sido pressionadas a ter práticas mais sustentáveis, como o uso reduzido de água, adoção de combustíveis mais limpos e a recuperação de resíduos e rejeitos. Essas iniciativas geram um ciclo de inovação constante, que também leva ao aumento dos custos operacionais.

O futuro

A pesquisa destaca que o Brasil está bem posicionado para enfrentar esses desafios, devido ao grande potencial mineral. Porém, é essencial que o país aproveite as oportunidades geradas pela transição energética e pela inovação tecnológica.

Empresas do setor precisam se adaptar às novas exigências de sustentabilidade, aumentar a transparência e investir em novas tecnologias para garantir a competitividade no mercado global. A pesquisa “Top 10 business risks and opportunities for mining and metals” foi realizada pela EY, auditoria e consultoria, entre junho e julho de 2024. Ao todo foram 353 respostas.

 

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

Notícias

Como a China dominou minerais críticos da transição

Published

on

Tecnologias modernas têm como peças-chave 17 elementos da tabela periódica: as terras raras, essenciais para inteligência artificial, chips, bombas e produção de energia limpa. A China domina a produção, define preços e transforma esses metais em moeda geopolítica.

A mineração é apenas o primeiro passo. O maior desafio está no processamento, separação e refino dos elementos, que são caros e complexos.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que a China seja responsável por cerca de 61% da produção de terras raras e 92% do seu processamento. É justamente isso que confere ao país uma posição de força no tabuleiro da geopolítica.

As terras raras também são importantes para sistemas de defesa avançados, como fabricação de jatos militares, mísseis e sistemas de radar.

Isso garante à China um poder de barganha. Em resposta às tarifas impostas por Donald Trump, por exemplo, a China restringiu exportações de certos elementos, o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos o que coloca as indústrias americanas de ponta em risco, como a de veículos elétricos e a de defesa.

Não foi a primeira vez que terras raras entraram no centro de disputa dos EUA. Em 2022, Trump chegou a negociar com a Ucrânia a extração desses minerais em meio às conversas sobre um possível acordo de paz com a Rússia, ainda nos primeiros meses da guerra.

Hoje, países correm para diversificar suas fontes de suprimento e fortalecer suas próprias produções. “Mesmo antes do governo Trump, a Europa já havia acendido o alerta para os riscos da dependência externa de minerais estratégicos”, diz Júlio Nery, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Leia Também:  Mineração cresceu 6% no primeiro semestre do ano

A ascensão chinesa

A China reconheceu o valor estratégico das terras raras nos anos 1960, quando os Estados Unidos ainda dominavam o mercado. Desde então, começou a copiar o modelo americano e comprou empresas estrangeiras – inclusive a maior empresa americana de ímãs de terras raras, a Magnequench.

Isso permitiu que a China tivesse em mãos as patentes, equipamentos e expertise técnica.  Nos anos 1990, o então líder chinês Deng Xiaoping (1904-1997), fez uma declaração que ficou famosa: “O Oriente Médio tem petróleo, a China tem terras raras.”

O investimento nesses minerais tornou-se uma estratégia de Estado. O país buscou consolidar a indústria, reduzindo-a para seis grandes empresas, em uma campanha chamada de “guerra secreta” contra a produção ilegal.

Também foram feitos investimentos em mapeamento geológico, a primeira etapa para o desenvolvimento da mineração, diz Guilherme Sonntag Hoerlle, geólogo e professor da Universidade Federal do Paraná.

“Há mais de 25 anos, a China investiu pesado em pesquisas nesses depósitos. Não porque tivesse reservas muito maiores, mas porque o governo chinês enxergou o potencial de longo prazo e manteve consistência”, diz.

Hoje, a China também tem consolidadas indústrias de carros elétricos, turbinas eólicas e robótica, que criam demanda interna significativa para terras raras e contribuem para gerar mais valor na cadeira.

Descaso ambiental

Esses avanços foram possíveis, em grande parte, porque a China operou sob quase nenhuma regra ambiental.

O processo de lixiviação (método químico usado para separar minerais), por exemplo, é feito em pilhas – o minério é empilhado e a solução química escoa dissolvendo os elementos; ou in situ, quando a reação é injetada diretamente no corpo mineral no próprio local.

Leia Também:  Combate a extração ilegal é "um problema de Estado", dizem especialistas

As soluções usam ácidos fortes, como sulfúrico, nítrico ou clorídrico, que podem se infiltrar no solo e contaminar água e ar. O processo também exige grandes volumes de água e gera resíduos sólidos que, se não forem tratados, se acumulam como passivo ambiental. Um dos casos mais emblemáticos é o lago de rejeitos tóxicos em Baotou, na Mongólia Interior.

A separação e o refino de terras raras usam mais energia que a mineração inicial. A estimativa é entre 9 e 13 vezes a mais para cada tonelada processada.

Agora, países como Japão, Austrália, Canadá e Arábia Saudita vêm estabelecendo limites em suas políticas de minerais críticos, para não depender só da China, segundo Nery, do Ibram. Nesse cenário, o Brasil teria uma “janela de oportunidade” comercial.

“Se criar as condições necessárias, [o Brasil] pode avançar na cadeia de valor e estimular a industrialização local”, diz.

O domínio chinês gera incertezas para investimentos em novas minas e refinarias em outros países. A imprevisibilidade do mercado e a manipulação de preços tornam esses projetos arriscados e afastam capital de companhias no ocidente.

As descobertas de minerais e os processos de extração são de alto risco e investimento. No caso do Brasil, apenas uma mina extrai e exporta – para a China – um produto mais “puro” de terras raras, sem a separação de cada elemento.

COMENTE ABAIXO:
Continue Reading

MAIS LIDAS DA SEMANA