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Seminário debate desafios e oportunidades da mineração de gemas

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Um seminário na sede da FIEMG, em Belo Horizonte, debateu  temas importantes a respeito do futuro da mineração das gemas no Brasil a partir de diferentes perspectivas. O evento foi realizado pelo Sindijoias em parceria com Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) e contou com a participação de empresários do interior de Minas Gerais e de outros estados, associados da entidade, especialistas, pesquisadores e representantes do poder público.

As gemas ou pedras preciosas são minerais que, lapidadas, podem ser usadas em joias. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), em 2022, o Brasil produziu cerca de 670 mil toneladas de gemas, totalizando mais de R$36 milhões de reais. Minas Gerais é o estado com maior produção e registrou mais de mil toneladas.

Ao agradecer a presença dos participantes, inclusive os que acompanharam remotamente o seminário, o presidente do Sindijoias, Murilo Graciano, destacou o potencial de crescimento de Minas e do Brasil nesse setor e,segundo ele, o encontro trouxe à tona temas que afetam diariamente a indústria da mineração, como qualificação de mão de obra, regularização, , formação de cooperativas, financiamento a produtores, sustentabilidade e outros.

“Os processos são burocráticos, pouco objetivos e contemplam as exigências que poderiam ser parte de condicionantes e que acabam gerando vários processos para o mesmo empreendimento”, afirmou o dirigente ao se referir à necessidade de revisar os licenciamentos ambientais e adequá-los para atender melhor o setor. O Sindijoias, prosseguiu Graciano, formou um grupo de trabalho para tratar especificamente de mineração de gemas.

Representando a FIEMG no evento, a superintendente de Desenvolvimento da Indústria e de Pessoas da Federação, Erika Morreale, falou sobre alguns serviços e soluções da área de Defesa de Interesses disponíveis gratuitamente para as empresas associadas a sindicatos.

Um retrato do setor

Giorgio de Tomi, professor titular do Núcleo de Pesquisa para a Mineração Responsável da Universidade de São Paulo (NAP.Mineração/USP), apresentou um panorama da mineração de pequena escala no Brasil. Entre outros pontos, o professor falou de um estudo sobre o segmento, elaborado em 2018 pelo NAP em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME) para o Banco Mundial.

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Segundo o levantamento, a distribuição das operações registradas de gemas no Brasil está concentrada, sobretudo, 55% em Minas Gerais, 21% no Rio Grande do Sul e 12% no Mato Grosso. À época, apenas 20% dos empreendimentos tinham licença ambiental e 14% realizavam o aproveitamento dos rejeitos.

Seminário debate desafios e oportunidades da mineração de gemas

Com base nas análises, constatou-se que a extração de gemas no país ocorre quase exclusivamente por garimpo e pequena mineração. “A falta de conhecimento geológico afeta o desempenho do setor, os mineradores se queixam da complexidade e demora nos processos de formalização e aqueles formalizados são impactados pelas operações ilegais”, disse o professor.

Para superar esses e outros desafios, o estudo recomendou incentivar o associativismo e o cooperativismo, ampliar os convênios de cooperação técnica em centros de pesquisa e universidades, estabelecer linhas de crédito e investir em programa de capacitação para mineradoras.

Desafios e oportunidades

A vice-presidente de relações institucionais do IBGM, Carla Pinheiro, conduziu uma palestra com o tema “Cadeia de valor da indústria joalheira e mineração de gemas”. Alguns dados trazidos por Carla Pinheiro indicam que o Brasil é o 10º produtor mundial de ouro, com mais de 100 toneladas ao ano, e concentra o maior parque industrial joalheiro da América Latina, que gera mais de 200 mil empregos diretos. Em 2023, o Brasil exportou US$4 bilhões, sendo US$3,5 bi em ouro, US$200 mi em gemas e US$36 mi em joias. Já a carga tributária média incidente sobre o setor é de 42%, patamar considerado se comparado aos países da Ásia, Europa e Estados Unidos.

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“Por que a indústria brasileira não prospera adequadamente e realiza plenamente seu potencial? O desafio tem múltiplas faces, como complexidade tributária, baixa competitividade da indústria, ambiente de negócios adverso e falta de integração ao longo da cadeia de valor”, observou Carla Pinheiro.

Sobre a mineração de pequena escala, as MPEs, a palestrante apresentou alguns dados segundo os quais o segmento responde por mais de 25% da mão de obra contratada e 86% das minas existentes. De acordo com ela, “a mineração de pequena escala no Brasil vive uma crise aguda, particularmente no segmento de ouro, em decorrência do alto grau de informalidade, dados oficiais desatualizados, falta de integração entre os diferentes órgãos responsáveis pela geologia, mineração e fiscalização”. O fortalecimento da ANM, a reforma e modernização do Código da Mineração, estímulo ao adensamento da cadeia de valor e fortalecimento do extensionismo mineral estão entre as propostas sugeridas pelo IBGM para o desenvolvimento sustentável das MPEs.

Ações do poder público

O deputado federal por Minas e presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, Zé Silva, o superintendente de Política Minerária, Energética e Logística da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede/MG), Pedro Oliveira Batista, e coordenadora-geral de mineração sustentável e diretora substituta do Departamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração do Ministério de Minas e Energia (MME), Julevânia Olégario, participaram do seminário.

Em suma, eles destacaram algumas iniciativas do poder público para o desenvolvimento do setor e falaram sobre a importância da parceria com a indústria mineral para alcançá-lo. Fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais (APLs), adoção de mecanismos para tornar a mineração cada vez mais sustentável e aumento de linhas de crédito foram assuntos tratados.

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Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram

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RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.

A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.

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“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.

A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.

“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.

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O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.

Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.

Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.

Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.

“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”

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