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Mineradoras e proprietários rurais vão precisar guardar documentos para sempre

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Após uma nova decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo federal poderá pedir ressarcimento das empresas que fizerem extração irregular de minérios, independentemente do momento do crime ambiental. Por unanimidade, os ministros do STF consideraram que este tipo de ilícito não está sujeito à prescrição. Até essa análise da corte, os casos de mineração irregular eram considerados prescritos após 5 anos.

s mineradoras agora terão que se precaver ainda mais em relação aos seus documentos, na avaliação do advogado especialista em Direito Ambiental, Luiz Felipe Calábria Lopes, do escritório Lima Netto Carvalho Abreu Mayrink.

“Com o novo entendimento, é preciso guardar os documentos que comprovam a regularidade de suas atividades para sempre. Além disso, as empresas sofrerão com a perda de memórias vivas, quando empregados que presenciaram os fatos se desligam ou morrem”, diz o advogado.

E os donos de propriedades rurais também podem ser afetados pela decisão do STF, na opinião do especialista.

“O entendimento do STF prejudica não apenas mineradoras, mas todos os proprietários de terrenos rurais – muitas vezes invadidos por garimpeiros – que poderão ser questionados a qualquer momento sobre as atividades realizadas em suas propriedades”, afirma Luiz Felipe Calábria Lopes.

Ele aconselha as pessoas e empresas a registrarem as situações (boletins de ocorrência, denúncias e relatórios técnicos) e guardar esses documentos durante toda a vida para não serem pegas de surpresa por uma ação judicial, que agora pode aparecer mais de 100 anos depois dos fatos.

“Se você está vendendo ou comprando um terreno rural, é importante tomar esses cuidados e contratar um engenheiro para fazer um laudo, registrar com fotos. É este documento que vai ajudar a pessoa, se no futuro alguém da União vier falando que foi ela que fez uma extração irregular na propriedade. Com o laudo ela comprova que adquiriu o terreno depois daquela atividade ilegal, por exemplo”, explica.

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Segundo o especialista, esse tipo de situação é mais frequente nas cidades do interior dos Estados e não ocorre apenas com materiais como minério de ferro e ouro.

“Se você tem um terreno rural e garimpeiros irregulares entram lá, pulando a cerca, e começam a retirar ouro, é uma extração irregular e o dono do terreno pode responder judicialmente por isso. E esse vai ser um grande problema também com areia, brita e cascalho, por exemplo, situações em que é comum haver exploração sem um pedido de autorização para a Agência Nacional de Mineração (ANM)”.

Casos como Brumadinho e Mariana não serão afetados

De acordo com o advogado, as grandes mineradoras normalmente têm autorização para explorar as áreas onde atuam e apesar dos crimes ambientais ocorridos no rompimento de barragens nas duas situações, essa não é a situação julgada pelo STF.

“O que o STF julgou foi a retirada de minérios do solo sem a autorização para retirá-los. O minério é propriedade da União, não é do dono do terreno. Então é como se você estivesse roubando algo dela. As grandes mineradoras têm autorização para explorar, elas têm os direitos minerais. O que pode ocorrer é essas empresas causarem algum dano ambiental, como aconteceu em Brumadinho e Mariana. Mas nesses casos, já existe um posicionamento antigo do STF de que isso não prescreve”, afirma Lopes.

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Entenda o caso

No dia 26 de setembro, o Supremo Tribunal Federal acatou um recurso da União, que contestou decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, mantendo uma determinação da Justiça Federal em Santa Catarina de que duas empresas recuperassem áreas degradas em decorrência da lavra ilegal de areia nas margens do rio Itajaí-açu.

No entanto, os pedidos da União de ressarcimento pelo crime ambiental e de indenização por dano moral coletivo foram negados pelo TRF-4, com o entendimento de que os fatos haviam ocorrido há mais de cinco anos, ou seja, o caso já estava prescrito. Por isso, o governo federal recorreu ao Supremo.

O STF concordou com o argumento da Advocacia-Geral da União (AGU), de que a extração mineral clandestina é uma conduta criminosa grave e se trata de “apropriação de patrimônio não renovável e finito”. Portanto, a pretensão de reparação civil por dano ambiental é imprescritível.

O advogado da União, Antonio Marinho, comemorou a decisão do STF. “É um precedente importante porque, além de ser interessante para a coletividade no sentido de conferir melhores condições para o ressarcimento desse dano, também acaba conferindo à coletividade um instrumento poderoso de tutela sob os aspectos civis desse tipo de conduta que é vedado pelo ordenamento jurídico e que, conforme entendeu o STF, consiste em dano ambiental”.

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Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram

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RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.

A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.

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“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.

A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.

“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.

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O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.

Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.

Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.

Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.

“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”

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