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EM RORAIMA

Garimpeiros relatam tensão para deixar território yanomami

Diante de operação o Ibama para remover cerca de 20 mil garimpeiros ilegais, invasores tentam deixar a terra indígena. Governo federal estendeu até o dia 6 de maio prazo para saída voluntária

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No interior da Terra Indígena (TI) Yanomami, em Roraima, a dois dias de barco da cidade mais próxima, Juliana* diz estar com medo de seguir viagem. Ela pilota embarcações que transportam comida e pessoas para o garimpo e afirma que muitos querem sair dali.

O motivo é a operação em curso para a retirada de cerca de 20 mil garimpeiros ilegais da TI, realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Força Nacional de Segurança Pública.

Sem prazo para acabar, a operação de combate à extração ilegal de ouro no território – o qual, segundo a Constituição, é de uso exclusivo dos indígenas – tem autorização para apreender e até destruir equipamentos usados na atividade, como máquinas, tratores, barcos e aviões.

“Os agentes do Ibama estão transitando no rio Uraricoera. Estamos com medo”, diz Juliana. Ela afirma que há uma semana está parada no mesmo lugar, com receio.

O governo federal estendeu até o dia 6 de maio o prazo para a saída voluntária dos garimpeiros da TI Yanomami. Está autorizada a circulação de aeronaves e barcos privados para esse fim, que podem transportar apenas as pessoas – e não as cargas.

“A situação aqui não é boa”

“Ainda tem muita gente em todo lugar”, escreve Juliana, adicionando que muitas mulheres fazem parte do grupo. “A situação aqui não é boa. A alimentação está ficando pouca, combustível não há”, afirma.

Do meio da Floresta Amazônica, ela responde às perguntas da DW via um aplicativo de mensagens. Questionada sobre como consegue acesso à internet, ela diz que é via rádio ou satélite.

Não muito longe dali, os yanomami enfrentam uma grave crise humanitária que matou ao menos 570 crianças nos últimos quatro anos. Vítimas de desnutrição e de doenças como malária, os indígenas sofrem o impacto direto do garimpo e da contaminação da água por mercúrio.

“É de conhecimento público que tem muita gente grande envolvida no garimpo, com muito poder financeiro. São empresários, políticos locais, pessoas com influência no estado, empresas sediadas em São Paulo que compram ouro e exportam”, comenta Ivo Macuxi, advogado e membro do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que acaba de completar 50 anos.

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Controle de quem entra e quem sai

Na sede do Ibama em Boa Vista, capital de Roraima, alguns barqueiros buscam informações sobre como entrar na TI para retirar garimpeiros. Segundo uma decisão conjunta das Forças Armadas, Funai, Ibama e Ministério dos Povos Indígenas, barcos podem trafegar no território desde que façam um cadastro prévio.

“Não é autorização, é só um cadastro. É para termos um controle de quem entra. Quem estiver lá dentro e não tiver cadastrado, a gente entende que está na terra indígena dando apoio ao garimpo”, explica à DW Givanildo dos Santos Lima, coordenador das ações de fiscalização do Ibama no local.

Além da identificação, o barqueiro deve fornecer informações básicas, como tipo de barco e motor, percurso a ser feito, quantidade de combustível transportada, número de garimpeiros que pretende retirar.

As embarcações devem ser vistoriadas na entrada e na saída da TI. Qualquer item localizado que não seja de uso pessoal deve ser apreendido, como equipamentos, minério extraído e armas. Os detalhes de como será feito o controle estão em discussão pelas autoridades envolvidas na operação.

Jailson Mesquita, servidor público que diz fazer uma interlocução política em prol dos garimpeiros por meio do movimento “Garimpo é legal”, diz que os barqueiros têm medo de fazer o cadastro e, mais tarde, serem intimados a depor.

“Tem viagem de canoa que demora sete dias para buscar o garimpeiro em área mais remota. Tem que levar alimento e combustível para todo esse período e para muitas pessoas”, argumenta.

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Investimentos em minerais críticos no Brasil estão decolando, diz presidente do Ibram

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RIO DE JANEIRO (Reuters) -Os investimentos em projetos de minerais críticos e estratégicos no Brasil “estão decolando” e devem atingir US$18,45 bilhões até 2029, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, nesta terça-feira.

A projeção representa uma alta de cerca de 3,5% em comparação com o valor previsto para o período de 2024 e 2028, de US$17,85 bilhões, e ainda 27% do total de investimentos em projetos de mineração no Brasil ao longo do período, de aproximadamente US$68,4 bilhões, segundo os dados do Ibram.

Dentre os elementos previstos em minerais críticos, as terras raras ganharam destaque recentemente no noticiário internacional depois que a China, que atualmente domina amplamente a produção desses minerais, restringiu o acesso à sua oferta de produtos de terras raras em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.

No caso de projetos para terras raras no Brasil, o Ibram prevê investimentos de US$2,17 bilhões entre 2025 e 2029, com um aumento de cerca de 49% ante o período de 2024 a 2028.

O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras globais, atrás apenas da China, mas com poucos projetos em desenvolvimento.

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“Com relação à questão dos investimentos em minerais críticos estratégicos, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que isso está decolando e vai decolar muito mais”, disse Jungmann em entrevista coletiva sobre os dados do setor de mineração no terceiro trimestre.

ungmann ressaltou que os minerais críticos incluem diversos fins, como segurança alimentar — quando se fala de potássio, fosfato e nitrogenado — ou para fabricação de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, geradores eólicos e aplicações militares, quando se fala de minerais de terras raras, por exemplo.

A produção de baterias, considerada importante para iniciativas de eletrificação do transporte em meio à transição energética, tem impulsionado também a expectativa de demanda para minerais como lítio, níquel e nióbio, dentre outros.

“Não há possibilidade de que nós, como é o nosso sonho, como é o nosso desejo e, aliás, como é a nossa necessidade, sairmos de uma economia de base fóssil para uma economia renovável sem os minerais críticos e estratégicos”, disse Jungmann.

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O presidente do Ibram mencionou que tem recebido diversas representações do exterior, incluindo países como Austrália, Estados Unidos e China, para falar sobre os minerais estratégicos no país.

Ele também ressaltou que o Brasil está negociando com os Estados Unidos a retirada de taxas impostas aos produtos brasileiros e que, “evidentemente”, a questão dos minerais críticos será um dos eixos das discussões, sem entrar em detalhes sobre o que pode ser proposto.

Nessa linha, Jungmann ressaltou que o governo brasileiro avançou ao criar na semana passada o Conselho Nacional de Política Mineral, que visa analisar e propor políticas públicas para o desenvolvimento da cadeia produtiva de minerais críticos e estratégicos no país.

Dentre as iniciativas, o governo planeja instituir garantias financeiras para o financiamento de projetos minerais e incentivos fiscais para etapas de transformação e industrialização.

“As garantias são fundamentais para poder assegurar empréstimos”, disse Jungmann. “Nós não vamos adiante se não tivermos mecanismos de financiamento e mecanismos sobretudo voltados para garantias. Isso é absolutamente crucial e essencial para ser visto.”

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