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EM PEIXOTO DE AZEVEDO

Presidente da Fecomin participa da inauguração do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Mineral

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A Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto – Coogavepe, inaugurou, no sábado (4), o primeiro Centro Tecnológico de Desenvolvimento Mineral (CTDM) de Mato Grosso, cuja principal função será a pesquisa e o cultivo de espécies que auxiliem na recuperação de áreas degradadas pela atividade. O valor do investimento, localizado na cidade de Peixoto de Azevedo, e que conta com viveiro de mudas e laboratório auxiliar, foi de aproximadamente R$ 1,5 milhão.

Presente a inauguração, o presidente da Federação das Cooperativas de Mineração do Estado de Mato Grosso (Fecomin), Gilson Camboim, enalteceu as ações da Coogavepe, afirmando que a cooperativa exerce um papel relevante em Mato Grosso ao mostrar pra todos como se desenvolve uma atividade garimpeira de forma legal, priorizando a sustentabilidade no processo de extração mineral.

“A Coogavepe tem sido exemplo a nível Brasil por atender os objetivos do desenvolvimento sustentável, mas sua preocupação não se limita a sustentabilidade, ela investe na qualidade de vida do ser humano que ocupa essa atividade. Essa cooperativa, liderada pela Solange, busca aprimorar cada vez mais suas ações e a inauguração deste Centro de Tecnologia Mineral, é prova do seu emprenho e comprometimento”, avaliou Camboim.

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Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto, que reúne quase 7 mil garimpeiros, é uma das  federadas a Fecomin.

CENTRO TÉCNOLÓGICO

O Centro Tenológico foi construído em uma chácara, cuja área é de 4,6 há, comprada pela atual Gestão (2020-2023).
As obras para implantação do centro tecnológico tiveram início no segundo semestre de 2021, com a construção do viveiro de mudas e, posteriormente, do escritório de apoio ao funcionamento do viveiro e do laboratório de análises químicas de minério de ouro.

No viveiro de mudas são cultivadas espécies utilizadas pelos cooperados na recuperação de áreas lavradas.
Utilizando um processo mais moderno que assegure menor porcentagem de mortalidade das mudas que vão para o campo, a cooperativa mantém um viveiro de rustificação, local onde as mudas passam por um processo de adaptação e fortalecimento ao clima para melhor se adaptarem no local definitivo. Isso reduz significativamente a perca dessas espécies e também o custo para o garimpeiro.

Centro Tecnológico também abrigará um escritório de apoio, onde será realizado o controle da quantidade de mudas a serem germinadas e o gerenciamento de sua saída para as áreas de reflorestamento, onde haverá designação para os cooperados e para quantidade de área plantada.

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Engenheiros florestal e ambiental da cooperativa intensificarão o acompanhamento destes reflorestamentos com orientações que vão deste a espécie correta a ser utilizada no plantio como espaçamento, preparo do solo ou cova, adubação, controle de pragas, ervas daninhas, formiga, cercamento e outras orientações que julgarem necessárias ou que o cooperado necessite para o bom crescimento dessas mudas.

O escritório de apoio oferecerá ainda suporte no controle dos processos de análise de minérios de ouro como protocolo de entrada de material com controle de peso, nome do responsável, emissão de guia de recolhimento de custo, entrega de resultados e outras funções pertinentes.

A estrutura física do laboratório já deu início as suas atividades, porém o departamento técnico ambiental e mineral da cooperativa deverá decidir, ainda esse ano, pela melhor forma de trabalhar com as análises e definir quais os melhores equipamentos que se adaptam a necessidade dos nossos cooperados.

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Notícias

Especialistas debatem proibição do mercúrio na extração de ouro

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Foto: Ton Molina

Vários setores econômicos já abandonaram o uso do mercúrio devido a seu impacto na saúde das pessoas e no meio ambiente. Mas o metal continua a ser largamente utilizado na extração de ouro, especialmente na Amazônia. Apenas entre 2018 e 2022, 185 toneladas de mercúrio de origem desconhecida podem ter sido utilizadas nos garimpos do país.

Em debate realizado nesta terça-feira (7) pelo jornal Correio Braziliense em parceria com o Instituto Escolhas, representantes do poder público, empresários e pesquisadores concordaram sobre a necessidade de pôr fim ao uso de mercúrio nos garimpos, mas divergiram sobre o que precisa ser feito até sua erradicação e sobre a conveniência de uma proibição imediata.

Ao abrir o evento, Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, destacou a importância de a discussão da erradicação do mercúrio e de alternativas viáveis economicamente a esse insumo da mineração acontecer às vésperas da COP30, que será realizada em novembro na cidade  de Belém (PA).

Primeiro convidado a falar, Eloy Terena, secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), afirmou que o garimpo ilegal está presente em 26 Terras Indígenas, de forma mais intensa e preocupante em quatro delas: Kayapó, Munduruku, Yanomami e Sararé. “O garimpo é vetor de violência, desmatamento, contaminação das águas e desestruturação social.”

Jair Schmitt, diretor de Proteção Ambiental do Ibama, responsável pelas ações de fiscalização do órgão, listou as iniciativas tomadas pelo instituto no atual governo e usou uma imagem forte para falar da “explosão do garimpo ilegal na Amazônia” de 2017 a 2023. “Quando a gente olha as imagens dos satélites, o que a gente está vendo ali é a proliferação de um grande câncer”, afirmou.

 

Controles sobre o uso do mercúrio

Depois das falas inaugurais de Terena e Schmitt, teve início a primeira mesa do debate, que discutiu “Controles sobre o uso do mercúrio: desafios e perspectivas”. Renato Madsen Arruda, diretor substituto da Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, afirmou que a PF tem como objetivo principal, ao lado de outros órgãos da administração pública, atacar o crime organizado que cerca a atividade da mineração ilegal.

“Não é aquele garimpeiro, aquele trabalhador braçal que está ali nos rincões da Amazônia que está acumulando essa riqueza. Há outros atores que estão acumulando essa riqueza e financiando a atividade. A estratégia da Polícia Federal tem sido principalmente descapitalizar esses atores que circundam a atividade da mineração ilegal e que enriquecem em prejuízo do meio ambiente e das comunidades que vivem na região amazônica”, disse Arruda.

O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), autor de um projeto de lei que proíbe o uso do mercúrio em atividades de mineração, lembrou que durante os governos Michel Temer (2016 a 2018) e Jair Bolsonaro (2019 a 2022) a “atividade minerária ilegal explodiu de forma extraordinária”. E lamentou a força política de parlamentares que buscam flexibilizar a legislação do setor. “Há um lobby muito forte da mineração dentro do Congresso que, por vezes, trabalha de forma conjunta com o lobby da mineração ilegal”, disse.

Diretora de Pesquisa do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues destacou que o uso do mercúrio na mineração já é altamente regulado, citando a necessidade de licenciamento ambiental e de autorização, pelo Ibama, de sua importação – o Brasil não produz mercúrio. “O que a gente podia fazer em termos de regulação para tentar diminuir a periculosidade do uso dessa substância já foi feito.”

Leia Também:  Bancos centrais enchem (cada vez mais) os cofres com ouro. Euro perde brilhoouro já é o segundo ativo com maior peso nas reservas dos bancos centrais. Num período marcado por crescentes tensões geopolíticas e pela ameaça de novas tarifas, o metal dourado superou o euro nas reservas, impulsionado pelos reforços por parte dos bancos centrais e pela escalada dos preços para sucessivos máximos históricos. “O peso do ouro nas reservas estrangeiras oficiais totais – incluindo divisas e reservas de ouro – aumentou para 20% no final de 2024, ultrapassando a do euro, devido aos preços e compras de ouro historicamente elevados”, adianta o Banco Central Europeu num novo relatório divulgado esta quarta-feira. Os cálculos do BCE dão conta que, no final do ano passado, os bancos centrais aumentaram as suas reservas em ouro para mais de 1.000 toneladas, duplicando o nível registado na década anterior. Isto, num período em que as cotações do metal dourado dispararam cerca de 30%. Ouro é o segundo maior ativo de reserva dos bancos centrais Fonte: BCE Com base nos preços de mercado, o peso do ouro nas reservas, de 20%, superou o do euro, que se manteve nos 16%. Segundo o BCE, os bancos centrais têm hoje quase tanto ouro nos “cofres” como tinham em 1965, na era de Bretton Woods do pós-guerra. Recorde-se que até 1971 as taxas de câmbio globais eram fixadas em relação ao dólar americano, que por sua vez podia ser convertido em ouro a uma taxa de câmbio fixa. As reservas em ouro, que atingiram um máximo nas 38 mil toneladas em meados dos anos 60, subiram para 36 mil toneladas em 2024, diz o BCE. Conflitos e tarifas impulsionam procura… e os preços A compra de ouro pelos bancos centrais disparou nos últimos três anos, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, com estas entidades e os investidores a procurarem refúgio no metal precioso. “A procura por ouro para reservas monetárias aumentou acentuadamente após a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia em 2022 e permaneceu alta. No entanto, as compras de ouro para consumo e investimento em joias continuaram a representar a maior parte da procura global”, escrevem Anja Brüggen, Maurizio Michael Habib, Roger Gomis e Alessandro Vallin, num artigo publicado no relatório do BCE. Os mesmos especialistas explicam que, “em 2024, a queda na procura por consumo de joias, particularmente na China, foi compensada por uma maior procura por investimento. A participação combinada de ambas as categorias permaneceu em 70% da procura global”. O BCE refere ainda que “pesquisas recentes indicam que a imposição de sanções financeiras está associada a aumentos na participação das reservas do banco central em ouro”. “Em cinco dos dez maiores aumentos anuais na participação do ouro nas reservas cambiais desde 1999, os países envolvidos enfrentaram sanções no mesmo ano ou no ano anterior”, justifica. Segundo o mesmo relatório, os países que estão geopoliticamente mais próximos da China e da Rússia registaram os maiores aumentos do peso do ouro nas reservas desde o último trimestre de 2021. A forte procura pelo metal precioso tem puxado os preços para níveis inéditos. Desde o início do ano, o ouro escala 27%, tendo já chegado a superar a fasquia dos 3.500 dólares.

Apesar disso, os resultados positivos não apareceram e é hora de “mudar a chave”. “Esse esforço que a gente precisa fazer para usar o mercúrio numa condição um pouco mais segura é tão grande que eu acho que a gente poderia pegar esse mesmo esforço e colocar nas alternativas”, disse. E a melhor alternativa é a “erradicação”, declarou.

“Acho que, de fato, a gente precisa caminhar em direção à proibição total do mercúrio na extração de ouro, como a gente fez em outros segmentos.” A pesquisadora parabenizou Nilto Tatto, a seu lado na mesa, por apresentar o projeto que proíbe o uso do mercúrio.

O último a falar na primeira mesa, Giorgio de Tomi, professor titular da Escola Politécnica da USP e Coordenador Técnico do Projeto Ouro Sem Mercúrio, defendeu a importância do Estado na mudança da realidade do garimpeiro que atua de forma ilegal. “Existe a vontade dos garimpeiros de mudar e evoluir”, afirmou. “Mas eles precisam de ajuda.”

“Hoje eles trabalham em regiões remotas, sem apoio nenhum. A única presença do Estado, quando tem, é na hora de reprimir, fiscalizar”. Para De Tomi, os que usam mercúrio no garimpo ilegal “precisam de apoio técnico, econômico e de Estado para facilitar essa transição”.

Três convidados falaram entre as duas mesas do debate. Julevânia Olegário, diretora do Departamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração (DDSM) do Ministério de Minas e Energia (MME), defendeu a eliminação do mercúrio nos garimpos, mas disse ser importante que o Estado brasileiro ajude a capacitar as pessoas envolvidas na extração de ouro, já que a “atividade é feita, na maioria das vezes, por comunidades tradicionais e vulneráveis”. Afirmou que é preciso fomentar alternativas ao mercúrio que sejam “economicamente viáveis”.

Diretora do Departamento de Qualidade Ambiental do Ministério de Meio Ambiente, Thaianne Resende alertou para o impacto do mercúrio na saúde e no meio ambiente. “O mercúrio é silencioso, invisível, mas deixa marcas profundas na saúde, na água e na floresta”, afirmou.

Miguel Castro, ponto focal regional para Latam e Caribe do Centro CER da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), destacou a preocupação da organização em estabelecer padrões elevados de políticas públicas entre os 38 países-membros e países parceiros, como o Brasil.

Para a OCDE, a estabilidade das cadeias de fornecimento deve caminhar junto com a sustentabilidade. “Essa visão reforça a necessidade de uma mineração responsável, não apenas como uma exigência, mas também como uma oportunidade de desenvolvimento inclusivo e a longo prazo.”

 

Alternativas ao uso do mercúrio

Abrindo a segunda mesa, que debateu “Alternativas ao uso do mercúrio: para onde vamos?”, Larissa Rodrigues, do Instituto Escolhas, criticou a obrigação legal de que todo o ouro que sai dos garimpos precisa ser vendido para Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, as DTVMs. Cinco delas dominam hoje o mercado brasileiro de ouro.

“Nos últimos anos essas instituições financeiras que tinham ou que tem autorização do Banco Central comercializaram e financiaram o ouro ilegal que circulou pelo Brasil e ganhou o exterior”, afirmou. “Quando a gente fala de lavagem de ouro, essas instituições sempre foram um ponto de lavanderia.”

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A diretora do Escolhas defendeu a abertura de mercado, no qual uma indústria possa comprar diretamente de quem produz o ouro de forma responsável. “A gente não vai conseguir incentivar [as boas práticas] se a gente não tirar do meio do caminho as forças que até hoje só incentivaram o mercado ilegal.”

Larissa destacou ainda o fato de existirem hoje alternativas rentáveis ao mercúrio. “Muitas pessoas me perguntam: qual a alternativa ao mercúrio? Às vezes, a resposta não é tão complicada assim. Há algumas questões de tecnologia que às vezes são mais difíceis. Mas existem garimpos produzindo ouro sem mercúrio. Utiliza o quê no lugar? Nada. Utiliza água. A força mecânica da gravidade.”

Gilson Camboim, presidente na Federação das Cooperativas de Mineração do Estado de Mato Grosso, listou uma série de avanços tecnológicos que estão sendo desenvolvidos em centros de pesquisa e podem substituir o mercúrio – como o uso de nanopartículas de magnetita e o extrato das folhas do pau-de-balsa – e alguns que já estão sendo usados pelos garimpeiros – como o processo que une bombeamento de água e filtragem por meio de calhas.

Camboim destacou o papel do cooperativismo na busca de soluções que substituam o mercúrio. “O cooperativismo foi reconhecido pela ONU neste ano de 2025 como um mecanismo para o aprimoramento das atividades econômicas. Vamos lutar para conseguir chegar a este ponto, de eliminar o uso do mercúrio.”

Para Eduardo Gama, diretor de operação da startup Certimine, há muitos desafios para a substituição do mercúrio, um deles o fato de ser eficiente. “O mercúrio é muito tolerante e muito democrático. Aceita folha, areia. O que você alimentar, ele vai tirar ouro. O mesmo não pode ser dito sobre os outros métodos. Eu gosto de falar que o mercúrio é a força bruta, enquanto o resto é ajuste fino”.

Gama destacou a dificuldade de os pequenos mineradores irem para métodos mais sofisticados, pois não conseguem financiamento. “Eles ficam presos numa ratoeira, pois não conseguem migrar para outro regime. E precisam daquela atividade para sobreviver.”

Elena Crespo, professora titular da Universidade Federal do Pará e coordenadora do Instituto Amazônico do Mercúrio, lembrou que a Amazônia é responsável por 80% das emissões de mercúrio na América do Sul e a segunda região do mundo que mais emite a substância.  E destacou que o ouro não fica na Amazônia. “Mas somos os primeiros a receber todas as consequências, as mais graves.” Entre elas, danos ao desenvolvimento das crianças, que passam a ter problemas de aprendizagem. “Falamos aqui de comprometimento das gerações futuras.”

Crespo disse acreditar que os garimpeiros da Amazônia querem mudar esse panorama. “Ninguém quer se expor ou expor sua família simplesmente por ganância”, afirmou a pesquisadora. “Dando oportunidade para eles, vão tornar esse quadro muito mais sustentável.”

Assista à integra do debate no canal do Correio Braziliense no YouTube.

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